Maria Meirelles Trindade
Maria Pequena | |
---|---|
Nome completo | Maria Meirelles Trindade |
Ocupação |
|
Maria Meirelles Trindade filha da índia Marcelina Coema, casada, um filho e uma bisneta (conhecidos: a professora Tânia Maria Trindade de Melo), faleceu em 29 de novembro de 1893.
Biografia
A primeira santa popular de Passo Fundo foi a vidente Maria Meireles Trindade, a Maria Pequena, assassinada por maragatos a 28-11-1893. O túmulo de Maria Pequena, chamado de cruzinha, passou a ser venerado pelo povo e reconhecido como uma relíquia da cidade. Com o passar dos anos o túmulo ficou quase no meio da Rua Coronel Chicuta, motivo pelo qual foi demolido a 19-06-55. Na ocasião os ossos foram depositados numa urna de latão – juntamente com os restos mortais de algumas crianças que por ali eram sepultadas, formando um pequeno cemitério – e transladados para a Catedral. Posteriormente ganhariam uma capela, próxima do local primitivo. (Reis, Gomercindo dos, Nuvens e Rosas, Porto Alegre: Oficinas Gráficas da Imprensa Oficial, 1957; e Acontecimentos da Revolução de 1893, in ON nº 8.003, de 1º-06-55.) A capela não foi construída. Maria Pequena estava sepultada sob o antigo altar-mor da Catedral. (Cfe. Dr. Jacó Stein.) (DAMIAN, Heleno e Marco A. (2008). página 98)[1]
O degolamento de Maria Pequena - É mais digno e mais nobre homenagear a memória dos moertos que bajular os vidos - Por motivos políticos, Maria Meireles Trindade, mais conhecida por Maria Pequena, a 28 de novembro de 1893, foi barbaramenrte assassinada, com três punhaladas e uma degola, por um piqueterevolucionário federalista. (REIS, Gomercindo. (1957). p.70-73)[2]
Durante a Primeira Guerra Mundial, que não foi primeira nem mundial, Mata Hari, uma bailarina holandesa, enfeitiçou os homens da época. Dormiu com franceses e alemães e, acusada de passar informações para os dois lados, foi julgada espiã e fuzilada na França, em 15 de outubro de 1917. Bem antes disso, em 28 de novembro de 1893, durante a Revolução Federalista, Maria Meireles Trindade, mais conhecida por Maria Pequena, foi assassinada com três facadas e degolada no bairro onde hoje é a Vila Santa Marta, por um piquete dos maragatos. (Hugo Roberto Kurtz Lisboa, 2007)[3]
A Revolução Federalista foi um dos períodos mais violentos e traumáticos da história do Rio Grande do Sul, de maneira geral, e de Passo Fundo, em particular. Joaquim Thomaz dos Santos e Silva Filho, quando entrou na cidade, ao entardecer de 8 de fevereiro de 1894, após o Combate dos Valinhos, encontrou uma cidade arrasada, com as casas comerciais arrombadas e cadáveres pelas ruas. Segundo o historiador Antonino Xavier e Oliveira, que participou daquela revolução ao lado das forças republicanas, o saldo foi devastador: mais de duas mil vítimas, no município, e a economia aniquilada. (Paulo Domingos da Silva Monteiro, 2010)[4]
Maria Pequena voltou. / Meus Deus, que reboliço! / Pequena, agora como imagem / sua alma ganhou corpo / robusteceu, criou viço. (Miguel Augusto Guggiana, 2012)[5]
Li. Reli. Folheei. Voltei. Voltei a voltar. Não satisfeito entrei em contato com o autor. Instiguei. Inquiri. Com as respostas, li. Reli. Voltei a voltar. Escrevi. Combates da Revolução Federalista em Passo Fundo e O massacre dos porongos & outras histórias gaúchas, de Paulo Monteiro, são livros interessantíssimos, que não se atêm somente ao resgate de fatos da história rio-grandense, que envolveram estudos, pesquisas, mas também, e principalmente, apresenta considerações críticas. (Miguel Augusto Guggiana, 2012)[6]
A rica e complexa história de Passo Fundo não deixa de surpreender, em especial no que concerne às crenças políticas, sociais e religiosas de sua população étnica e culturalmente plural. Após avaliar algumas das manifestações religiosas citadinas – especialmente as Romarias de Nossa Senhora Aparecida e São Miguel, bem como o culto à Maria Elizabeth[7] -, nos deparamos com memórias acerca da dita “primeira santa popular de Passo Fundo”, cognominada Maria Pequena. Os relatos sobre o “martírio” de Maria Meireles Trindade instigam a várias reflexões. Neste artigo, pretendemos tecer algumas deles de modo inicial, pois ainda há muito o que pesquisar e muito o que aprender sobre a “santa popular” que teve sua devoção findada, sua história silenciada por decisões políticas em nada destituídas de sentido(s). (Gizele Zanotto, 2014)[8]
28 de novembro? dias das milagreiras - A história de Passo Fundo é instigante. A pluralidade de temas, eventos, processos e manifestações que constituem a rica história local ainda tem muito a serem aprofundadas mas, a cada nova pesquisa, a cada revisão das pesquisas já feitas, outras leituras possíveis vêm à tona para desestabilizar a perspectiva de uma história única, linear, progressiva vemos em muitas narrativas já publicadas. Felizmente a história – como ciência – nos impele a prosseguir, questionar, revisitar as fontes e trazer novas reflexões. O caso das santinhas de Passo Fundo é um desses temas que não se esgotam. Até agora mapeamos três mulheres que marcam as práticas do crer local: Maria Pequena, Sabina Farias e Maria Elizabeth. Nosso tema neste artigo são as “Marias”, pela coincidência de data de falecimento, e pelas diferenças entre suas histórias e memórias/silenciamentos. (Gizele Zanotto, 2019)[9]
Títulos, prêmios e honrarias
Cemitério da Cruzinha
- 2014 - Uma das formas com que a devoção e crença em Maria Pequena nos mostrou sua efetividade ante os fiéis foi a constituição, ao redor de seu túmulo, de um cemitério de “anjinhos”, crianças falecidas antes dos sete anos que foram enterradas no “espaço sagrado” do cemitério, que ficou conhecido como Cemitério da Cruzinha. Ali se buscava proteção para as almas dos “inocentes” que seriam apoiados pela mãe mártir que defendeu seu próprio filho até a morte. Seu culto perdurou, se consolidou, pois tido como eficaz: “Maria Pequena é estimado por milhares de pessôas, que admiram a sua memória e acreditam nos seus milagres” (REIS, O Nacional, 01 de junho de 1955, p. 02)
- 2014 - É comum ouvirmos a seguinte frase: “Para conhecer uma cidade, basta conhecer seu cemitério”. Se levássemos essa frase ao pé da letra e pedíssemos para que algumas pessoas de outras cidades visitassem o Cemitério da Vila Vera Cruz localizado na cidade de Passo Fundo, qual seria a visão que estes visitantes teriam da cidade? E qual é a visão que os próprios moradores têm do seu maior e mais antigo cemitério ainda existente? (Gabriela de Andrade Porto, 2014)[10]
Conteúdos de seu acervo
Expand |
---|
Conteúdos relacionados
Referências
- ↑ DAMIAN, Heleno e Marco A. (2008). Páginas da Belle Époque Passo-fundense -Passo Fundo: Passografic, 379 páginas Transcrito
- ↑ REIS, Gomercindo. (1957). Nuvens e Rosas. -Pôrto Alegre: Imprensa Oficial. 116 páginas. Digitalizado p.70-73
- ↑ Maria Pequena, a Mata Hari Passo-fundense - Em 30/06/2007, por Hugo Roberto Kurtz Lisboa
- ↑ A Primeira Santa Popular Passo-fundense - Em 15/09/2010, por Paulo Domingos da Silva Monteiro
- ↑ A volta de Maria Pequena - Em 15/08/2012, por Miguel Augusto Guggiana
- ↑ Culto à Maria Pequena - Em 03/05/2012, por Miguel Augusto Guggiana
- ↑ Trabalhos desenvolvidos no Grupo de Pesquisa História das Religiões e Religiosidades: Possibilidades de pesquisa, que reúne graduandos e pós-graduandos da UPF.
- ↑ AS DUAS MORTES DE MARIA PEQUENA - Em 30/08/2014, por Gizele Zanotto
- ↑ 28 de novembro? dias das milagreiras - Em 2019, por Gizele Zanotto
- ↑ Cemitério... Local de memória - Artigo escrito em 15/03/2014, por Gabriela de Andrade Porto
- ↑ DORO, Leandro M (2013). Maria Pequena, HQ Gibi, Passo Fundo: Projeto Passo Fundo. 5 páginas. E-book
- ↑ GUGGIANA, Miguel A. (2014). Dispersos de Maria Pequena, Passo Fundo, Projeto Passo Fundo, 2014. 100p. E-book