O patrono Estanislau de Barros Miranda

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O patrono Estanislau de Barros Miranda

Em 30/11/2012, por Odilon Garcez Ayres


O patrono Estanislau de Barros Miranda[1] [2]

ODILON GARCEZ AYRES[3]


Estanislau de Barros Miranda, o Lalau, era casado com sua prima, Eufrasina Cardoso (Sinhá), irmã do Cel. Amâncio de Oliveira Cardoso, havendo, desse casamento, duas filhas, sendo uma, Heponina Cardoso Miranda, casada com Aristóteles Lima, tendo dedicado sua vida às lides campeiras e ao comércio herdado de seu pai, continuando com a compra e venda de gado, o armazém de campanha, o pouso de tropas e tropeiros, um soque de erva e um engenho de madeiras, situado no atual Desvio Meneghetti.

Na entrevista que realizamos, numa tarde de temporal, dia 27 de março de 1992, a veneranda senhora, Idolina Oliveira Miranda (viúva do falecido Alfredo Ceceli Capuani), nascida em 25 de junho de 1899, e na ocasião com 93 de idade, filha de Estanislau de Barros Miranda e de Eufrasina Oliveira Cardoso, perfeitamente lúcida e prestativa, em fluente conversa, dentre muitas outras coisas, nos contou que o seu avô Francisco mandou o Estanislau (Lalau), estudar em Rio Pardo, num colégio em regime de internato; e que seu pai era um grande carreirista, cantor, dançador, tocador de violão, e que sabia fazer todos os aperos, além de ser um exímio campeiro.

Dona Idolina nos relata que sua avó materna, Balbina de Oliveira Cardoso, casou com doze anos, e que ela só começou a ir à igreja aos treze. E, quando tinha procissão, dona Zica ia ao lado da bandeira, com uma prima e mais a filha do sinhô. Juntos estavam o Lalau Miranda, Maria, Prudência, Isabel, Antônio Lima, Francisco Salinet, João Lima, Sinhô e seus tios avós, acompanhados de mais de oitenta pessoas.

A histórica Igreja de São Sebastião[4], nos disse ela, foi gestada por seu pai, em sua casa, oportunidade em que foi feito um documento, assinado por todos os presentes, solicitando ao Bispo de Santa Maria que designasse um padre, para dirigir os trabalhos da construção de uma igreja, ou autorizasse uma comissão de moradores para tal fim, que havia necessidade premente de ter uma igreja, pois por ali já existia um cemitério, que se originou com o sepultamento de dez mortos no Combate do Guamirim, em 1893. No mesmo local, iniciaram os sepultamentos da vizinhança, o que apressou a ida de um próprio, levando em mãos o documento ao bispado de Santa Maria.

Autorizado, o padroeiro escolhido para a novel igreja, foi São Sebastião, porque a reunião inicial para a construção, fora realizada no dia do Santo, 20 de janeiro. Construída no lado norte do riacho, era muito frequentada pelos devotos. Outrossim, tornaram-se lenda as suas festas e cavalhadas, até que um incêndio a consumiu em 1923, sendo reerguida pelos devotos, no lado sul do dito riacho, que passou a se denominar também de São Sebastião. Até hoje existem o cemitério e a igreja, graças a Estanislau de Barros Miranda.

O patrono do Centro de Tradições Gaúchas Lalau Miranda, de Passo Fundo, que aparece numa foto histórica, trajado a gaúcho, e montado no seu parelheiro, em frente à primitiva Casa Branca, no dia do seu 45° aniversário, nasceu em 24 de novembro de 1853 e faleceu em 9 de janeiro de 1916. Seu mausoléu encontra-se no Cemitério Municipal da Vila Vera Cruz, de Passo Fundo.

Registramos ainda que foi vereador, neste município, na legislatura de 1877 a 1881, e 3° Suplente de Juiz de Paz, no 3º Distrito de Coxilha. No Exército, galgou as divisas de Alferes. Adquiriu terras de Lúcio Martins de Miranda, no Mato Castelhano. Era republicano atuante, e foi proprietário da Invernada da Arvinha, também no 3º Distrito.

Praticante do tradicionalismo, como já disse, envolvido nas coisas do rincão de São Sebastião, deixou, inclusive, registros sobre o folclore, o comportamento e as atitudes do povo gaúcho, motivos pelos quais foi lembrado pela população passo-fundense e regional, para a edificação do Centro de Tradições Gaúchas “Lalau Miranda”, fundado em 24 de março de 1952, verdadeiro templo da prática da cultura gaúcha, entidade pioneira no Planalto, que mantém acesa a chama do nosso tradicionalismo e a memória desse ilustre gaúcho serrano.

Referências

  1. Parte desta pesquisa foi publicada na Revista Somando, da Fundação Planalto, no mês de maio de 2012.
  2. Fontes pesquisadas: Ecker, Adari Francisco – A Trilha dos Pioneiros – Passo Fundo – G. Berthier – 2007. Garcez Ayres, Odilon – Cerrito, do Ouro à Coxilha – Projeto Passo Fundo –2012. Sartori, Luzardo – Coxilha Conta a sua História – Gráfica Passo Fundo –1996.
  3. Escritor e membro da Academia Passo-Fundense de Letras
  4. O terreno onde se encontra hoje a atual Igreja de São Sebastião, em alvenaria, pois a antiga, que era de madeira e com campanário, foi demolida. Igualmente o antigo salão de festas e bailes foi substituído por outro de madeira, e estáo aos cuidados dos filhos e netos da família Albuquerque. O sino deve existir desde a fundação, pois lá está a 75 anos, conforme relato do Odilon e do Dr. Ariovaldo Schleder Kurtz de Albuquerque. Seus pais, Antônio e Noely, nos anos de 1950, ao tempo do Bispo Dom Claúdio Colling, (que exigiu que os lucros das festas fossem recolhidos), resolveram fazer doação do terreno à Mitra Diocesana de Passo Fundo.