O Poncho ensanguentado
O Poncho ensanguentado
Em 26/03/2014, por Hugo Roberto Kurtz Lisboa
O Poncho ensanguentado.
Por que mataram o coronel Chicuta
Hugo R. K. Lisbôa, Médico,
Membro do Instituto Histórico de Passo Fundo
O coronel Francisco Marque Xavier, ou Chicuta, como era conhecido, tinha grande destaque na cidade de Passo Fundo e no País. Ele aprisionou o general Bernardino Caballero, pondo fim à Guerra do Paraguai, por volta de 1870. Foi condecorado muitas vezes por seus atos de bravura naquela guerra.
No final do século XIX havia grande efervescência política por todo País, que recentemente ingressara no período Republicano. Chicuta alinhava-se com os seguidores do presidente marechal Floriano Peixoto e do governador Júlio de Castilhos que, aqui eram conhecidos como “Castilhistas” ou “Pica Paus”.
Em Passo Fundo também vivia seu inimigo político, general Prestes Guimarães, que era partidário dos “Federalistas” ou “Maragatos”. Naquele período havia muita provocação e disputa na região. Mais tarde esses grupos se enfrentaram na trágica Revolução Federalista ou Revolução da Degola, onde gaúchos lutaram contra gaúchos, em sangrenta contenda, de 1893 a 1895.
Em 18 de Junho de 1892, o coronel Chicuta voltava da propriedade do seu irmão, Cesário, trazendo na garupa a filha deste, sua afilhada. Quando passavam por onde hoje é a avenida General Neto, esquina com a rua independência (havia um cemitério no local), recebeu um telegrama do seu amigo Visconde de Pelotas informando que havia mudado o governo e que o Estado estava em poder dos republicanos.
Possivelmente, o agente telegráfico também informou a notícia aos Maragatos, deixando a cidade em clima de revolução.
Seguindo em direção à sua casa, quando estava na esquina da rua 10 de Abril com a avenida Brasil, foi interceptado por 4 maragatos a cavalo e armados, que lhes deram voz de prisão. Chicuta não aceitou a imposição e foi atacado a golpes de espadas e tiros. A afilhada e o irmão conseguiram escapar e ele, defendendo-se com o rebenque, já ferido, deu um galope em direção à sua casa que se situava a duas quadras dali. Porém, havia um quinto homem escondido naquele trajeto, Roberto Carlos Sá de Aguilar, genro de Prestes Guimarães, que lhe acertou um tiro na cabeça provocando-lhe a sua morte.
Soubemos da história através do historiador Alceu Annes, bisneto do coronel Chicuta, que tem em seu poder o poncho que seu parente usava na ocasião; fomos convidados a examinar essa e outras relíquias que ele tem em sua casa-museu.
Agradecemos muito a sua disponibilidade e recomendamos o seu blog com informações detalhadas sobre seu parente, no endereço:
(http://coronelchicuta.blogspot.com.br/p/1892.html)
Junto com Fernando Miranda, presidente do Instituto Histórico de Passo Fundo, examinamos aquela vestimenta que, mesmo lavada, permanece com as manchas de sangue.
O Instituto Histórico de Passo Fundo não se posiciona sobre os eventos políticos, interessando apenas trazer informações sobre a trama de acontecimentos que construíram a cidade que temos hoje e relembrar as muitas histórias que se encontram esquecidas.