Museu das Bonecas de Passo Fundo

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Museu das Bonecas de Passo Fundo

Em 30/11/2004, por Orfelina Vieira Melo


Museu das Bonecas de Passo Fundo

ORFELINA VIEIRA MELO[1]


Museu das Bonecas é um projeto-semente de um mundo feliz que, através das bonecas, pretende resgatar o aspecto lúdico nas crianças. Afinal, quem nunca brincou com uma boneca? Seja ela feita de pano ou de sabugo de milho, como as de antigamente, quando meninas e meninos criavam suas próprias bonecas e bonecos; seja enfeitada e atraente como as de hoje, feitas em série e cada vez mais sofisticadas, ganhando a preferência das crianças por sua originalidade.

No Museu das Bonecas de Passo Fundo, encontramos um conjunto de bonecas, históricas, típicas, excêntricas, singelas, e várias outras que constituem o alegre universo das crianças. Trata-se de uma coleção que se multiplica com a sensibilidade, o interesse e o gosto das pessoas, tanto do público infantil como do adulto. Hoje, por exemplo, há no acervo do museu cerca de 300 bonecas, provenientes de doações e do trabalho feito por voluntárias. Elas representam diferentes países e estados, por isso vestem trajes característicos que distinguem umas das outras.


O que pretende?

O Museu das Bonecas pretende resgatar este tipo prazeroso de brinquedo, que embalou a infância de todos nós, e acalentou sonhos e projeções de meninas e meninos, e até de adultos. E uma forma toda peculiar de guardar para sempre aquelas lembranças da infância. Não é seu objetivo cultivar o saudosismo ou exalar cheiro de passado, e sim preservar, para as gerações presentes e futuras, algo construtivo e agradável. A coleção se propõe a orientar e motivar a recreação de crianças, jovens, mães e avós, levando-os a se deliciarem com as características próprias de cada exemplar, ao demonstrarem os costumes e as tradições de diversos lugares e regiões. A vestimenta da boneca retrata a alma do povo, apresentando as origens, o clima, as atividades ocupacionais, até a forma de diversão, produção, religiosidade ou crenças.

O projeto busca também ser um ponto de encontro de pessoas e gerações, indivíduos e instituições. Ao circular ao redor das bonecas, afloram gratas recordações e comentários das avós para os netos, das mães para os filhos e amigos. Cada boneca oferece um componente social forte e significativo. Atrai um público bem diversificado. E uma opção de lazer peculiar e saudável.

Como os demais, o aspecto educativo é também importante, por desenvolver habilidades, tanto na confecção como na conservação, no enfeite como na exposição. Além disso, através das bonecas, é possível ensinar o respeito, os cuidados e o carinho que essas pequenas criaturas merecem no processo das relações, pois enfeitam este nosso universo tão hostil, até mesmo para com as indefesas crianças. Atualmente, se observa em muitas delas o espírito agressivo, vingativo e anti-social, reflexo da presença dos brinquedos eletrônicos, que reforçam atitudes egocêntricas e induzem os pequenos ao individualismo e à competição desenfreada, tão nociva ao seu bom relacionamento e crescimento harmonioso, na família e na sociedade.


O que já existe?

O acervo inicial oferece aos espectadores dezenas de modelos de bonecas típicas, representantes do Brasil e de países estrangeiros, obtidas com a colaboração do Cioff. Neste conjunto, há também mais de duas centenas que foram confeccionadas por pessoas que compreenderam o valor do empreendimento e promoveram doações. Outrossim, existem no museu bonecas características de alguns estados brasileiros. Mas é evidente que há possibilidade de ampliar ainda mais, tudo dependendo da sensibilidade e generosidade das pessoas que viajam a outros países e estados brasileiros, que fariam um grande bem, ao museu e a seus freqüentadores, se trouxessem de lá colaborações espontâneas.


O que já foi feito?

No ano de 2002, lançamos a idéia na comunidade passo-fundense, por intermédio do Grupo Pró- Memória de Passo Fundo, em conjunto com o Cioff. Para isso, mantivemos contato e tratativas com outros grupos, a imprensa e entidades interessadas. Enviamos correspondência para todas as secretarias de cultura dos estados brasileiros, no entanto, só pouquíssimas responderam. Muitas informaram que não dispunham de exemplares próprios do local. O único estado que enviou bonecas caracterizadas foi o Tocantins, que nos brindou com um casal de bonecos típicos da região.

No mesmo ano, promovemos, em nosso município, um concurso aberto ao público em geral, visando à confecção e arrecadação de bonecas com indumentária gaúcha, incluindo trajes folclóricos das várias épocas. Houve interesse por parte da comunidade e expressiva participação dos artesãos de Passo Fundo.

Com o material recolhido montamos uma exposição no Bella Città, durante o VII Festival Internacional de Folclore, o que foi muito apreciado e valorizado.

Promovemos ainda intercâmbio com os grupos folclóricos presentes ao evento, os quais, na oportunidade, deixaram para o museu mimos característicos de suas regiões, e levaram a boneca Gauchinha como lembrança.

Em 2003, como parte integrante da programação da Semana do Município, foi realizada uma exposição mais ampla e expressiva, com as bonecas já mencionadas, mais a contribuição das vovós do DATI, além de outros exemplares de época (aproximadamente 300 bonecas).

O acervo continua crescendo, ainda que de forma lenta.

A próxima exposição, que deverá acontecer durante o VIII Festival Internacional de Folclore, em agosto de 2004, está sendo preparada.


Quem colabora?

Há uma boa receptividade da parte de muitas pessoas, em diversos setores, quais sejam:

a) na confecção - criando, consertando, vestindo ou aprimorando as bonecas;

b) no intercâmbio - permutando com outras entidades e moradores de Passo Fundo, de outros estados e de outros países;

c) na compra e venda – adquirindo novos exemplares e divulgando a nossa Gauchinha, com seus trajes típicos do folclore do Rio Grande do Sul;

d) na divulgação - promovendo exposições em eventos e oferecendo à comunidade programações específicas.


O que falta fazer?

Falta muito...

O projeto ainda está em fase de implantação, e precisa ser materializado com o apoio de mais entidades e pessoas. Precisa também o respaldo do poder público, destinando-lhe um local adequado e permanente, além de verbas para sua manutenção e ampliação.

Trata-se de uma iniciativa que tem tudo para dar certo, projetando Passo Fundo como opção turística e tornando mais feliz e criativo o mundo das crianças.

Referências

  1. Orfelina Vieira Melo é coordenadora do Grupo Pró-Memória de Passo Fundo, membro da Academia Passo-Fundense de Letras e idealizadora do projeto Museu das Bonecas