Mensagem de posse na Academia Passo-Fundense de Letras

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Mensagem de posse na Academia Passo-Fundense de Letras

Em 30/04/2012, por Osvandré Luiz Canfield Lech


OSVANDRÉ LECH

Prezadíssimo Renê Cecconello e demais autoridades desta mesa. Agradeço pela presença. Conheço suas agendas e sei do esforço pessoal que fizeram. Dignas autoridades, convidados especiais, amigos e amigas de todas as idades, credos, cores e religiões. Minha família querida: Leonardo, Graciela e Marilise. Dirijo-me também aos confrades e confreiras deste sodalício. Inicialmente, aos ausentes e também aos presentes.

Por fim, me dirijo aos membros da Diretoria 2012-2013, a quem solicito que permaneçam em pé até o final. A estes todos, uma salva de palmas! Elisabeth Ferreira: a sua obra é gigante neste sodalício, em contraste com a tua quase frágil figura feminina. Você passa junto com Santina Dal Paz, Nídia Weingartner e Delma Rosendo Gehm, outras presidentes da APL, a integrar um panteão muito especial, por onde transitam Nélida Pinon e Ana Maria Machado, presidentes da ABL, e também Cristina Kirschner, Ângela Merckel e, claro, Dilma Roussef, chefonas mundiais. Esse é um grupo espetacular de pessoas com quem tenho o orgulho de conviver.

Pessoas fazem uma sociedade. Não o contrário! Agradeço à imprensa local pelo carinho em divulgar as nossas ações: a imprensa radiofônica, o jornal O Nacional e o jornal Diário da Manhã. Qual é o papel de uma Academia de Letras, em pleno terceiro milênio? Perguntaria um grupo de desavisados, no bom sentido.

A nossa Academia tem doutores (com PhD e tese defendida em banca), tem poetas consagrados, tem notáveis colunistas que interagem diariamente com o leitor, tem educadores de primeiríssima linhagem, empreendedores e cientistas respeitados mundo afora, tem historiadores notáveis, versáteis homens de comunicação, tem advogados e médicos respeitados aqui e muito além. A nossa Academia também tem pessoas simples, que estão aqui pelo amor à educação, à arte, à erudição. Juntos, formamos um grupo extremamente heterogêneo, mas notável, admirável.

No Brasil, fazer sucesso é perigoso (Tom Jobim). Nos últimos 2 anos, produzimos mais de 30 livros. Não é qualquer cidade que tem um grupo tão afiado de colunistas, como Gilberto, Jabs, Elmar, Meireles, Welci, Damian, e Monteiro, com suas maravilhosas colunas semanais. Editamos com recursos próprios muitas “Água da Fonte”. Educamos milhares de alunos. Estimulamos adolescentes a se interessarem pela leitura e pela escrita. Somos Feira do Livro. Somos Jornada de Literatura. Somos ouvidos, porque temos o que dizer. Somos a própria essência da cultura, na terra de Fagundes dos Reis. Há 74 anos.

“Non omnis moriar”. (Não morreremos inteiramente, pois as obras produzidas pelo homem fazem prolongar sua existência).

Qual é o papel de uma Academia, em pleno terceiro milênio? O grupo de desavisados agora sabe. O que talvez não saiba, é que esta Academia vive quase exclusivamente da mísera contribuição mensal de R$ 13,00, de cada um dos seus membros. Não temos orçamento. E isto é insustentável. Temos hoje em caixa menos de R$ 2.000,00.

Por isso a Academia vive às escuras. Não tem secretária. Não tem telefone. Nem computador. Quase não tem vida! Parece até uma “Rara avis in Terra”. (Ave rara na Terra). Assim mesmo fazemos muito. Discutiremos em breve com o Poder Público estes assuntos. Precisamos existir de fato! Por isso, convoco os presentes a contribuir com a conclusão deste auditório. Doe R$ 181,00 para a compra de uma cadeira, e tenha o seu nome afixado nela. Doe um valor para a compra do ar-condicionado e tenha o seu nome em placa especial. Suporte a sua Academia.

Ela pertence à comunidade ! Bondade em balde é devolvida em barril. (Provérbio chinês) Quais são os planos para o biênio? Firmum in vita nihil. (Nada é firme na vida, tudo é transitório)

1. Melhorar a gestão interna, dinamizando seu funcionamento.

2. Manter expediente externo para possibilitar a visitação, pois se trata de prédio histórico de riquíssimo valor arquitetônico;

3. Estimular o lançamento de livros de autores locais e regionais. A primeira ação será em 16 de março, com o lançamento do livro de Dalva Lângaro, neste local. Venham todos! Coloquem na agenda! Ajudem a APAE, comprando este livro no lançamento.

4. Estruturar as comemorações dos 75 anos da APL, que será em 2013.

5. Produzir livro institucional sobre a Academia atual.

6. Concurso Literário nas escolas, já na quinta edição.

7. Promover sessões de cultura e atualidade, abertas ao público.

8. Contribuir, de várias formas, com os projetos culturais que já consagraram a nossa cidade.

9. Desenvolver ações, para que Passo Fundo conte com uma biblioteca pública, à altura do seu status de capital nacional da literatura, e da fama divulgada na imprensa de que a nossa cidade lê mais do que a França.

A nossa biblioteca é assunto muito complexo. Tão complexo que a recente licitação para a sua modernização não teve empresas interessadas. Isto é uma resposta subliminar.

Há quanto tempo os senhores não entram na nossa biblioteca pública? Vale a pena passar por lá! Precisamos de uma biblioteca real, em local de fácil acesso e estacionamento, dotada de bela coletânea de obras, de jornais diários, de computadores. Um lugar com visibilidade que identifique: leitura, cultura, pesquisa. De minimus non curat lex. (A lei não cuida de coisas pequenas) Sempre existirá espaço para o exercício a vontade política, quando esta se manifestar com vigor adequado. (Celso Furtado)

Inicio esta gestão absolutamente sem pressão. Espero realizar uma gestão participativa, integradora, com todos os demais membros, progressista, inclusiva, e que dignifique o passado honroso, de 74 anos de avanços e progressos, desta Academia.

Espero, mais uma vez, ficar acima do meu próprio nível de incompetência. Conto com o trabalho, de igual para igual, dos meus confrades e confreiras, com o apoio do Poder Municipal; e com a simpatia dos líderes e da comunidade, desta linda cidade onde nasci, e depois decidi realizar a mais fantástica experiência do ser humano – viver e produzir para deixar o espaço que ocupo melhor do que quando cheguei.

“Nada vence o trabalho”. (Euclides de Jesus Zerbini)

“Facta potentiora sunt verbis”. (Os fatos têm mais força do que as palavras) Portanto, prefiro falar menos e trabalhar mais. Muito obrigado pela atenção e pela presença.

(Osvandré Lech é presidente da Academia Passo-Fundense de Letras, gestão 2012-2013.)