Comitê Municipal da Cidadania
Comitê Municipal da Cidadania
Em 07/08/2007, por Heloisa Goelzer de Almeida
Heloisa Goelzer de Almeida[1]
“Só é feliz aquele que faz da sua vida um fim e não um meio de servir, pois aqui viemos para servir e não para ser servidos.” (Allan Kardec)
“Dar de si antes de pensar em si”. (Paul Harris – Rotary)
“Passo Fundo tem muitas coisas bem ensinadas e mal aprendidas.” (Conrado Hesxel).
“Comitê da Cidadania..., O trabalho mais lindo... Uma anarquia organizada... Uma armação ilimitada... Uma caixa de surpresas... Um aprendizado dia a dia... Experiências... De buscas constantes...” (Eloysa de Almeida)
“Comida para quem tem fome. Agasalho para quem tem frio”. Essa foi a idéia de Herbert de Souza – Betinho – quando se reuniu com alguns companheiros de lutas e ideais.
A idéia foi imediatamente aceita por um grande número de líderes, como dom Mauro Morelli e um torneiro mecânico, hoje presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. Era o início de um longo processo de resgate da dignidade humana que teve vários nomes em diferentes partes do Brasil. Hoje em dia é conhecido como “Fome Zero”, que foi o primeiro ato do recém-empossado presidente Lula no primeiro mandato. Em Passo Fundo a idéia foi lançada em 14 de julho de 1993. No entanto, autoridades da época e outros participantes esqueceram do propósito central logo após o lançamento. Três mulheres resolveram prosseguir com a idéia de Betinho: Marga (Recursos humanos), Dorotéia (Ambientalista) e Eloysa (especialista em trabalhar com pobreza e miséria e suas mazelas), ela encontrou a oportunidade de realizar uma idéia de há muito imaginada, ser concretizada:
Sobras de comida serem recolhidas e entregues para quem tem fome ao invés de serem jogadas fora; sucatas recicladas tornando-se úteis e transformando-se em fonte de renda.
A idéia de Betinho estava cristalizada, mas com características próprias. Formava-se, assim, o Comitê da Cidadania com um jeito gaúcho de Passo Fundo!
O Comitê, que sobrevive com o trabalho de voluntários, foi logo abraçado pela comunidade e aprovado por organizações públicas e privadas como Prefeitura Municipal, Universidade de Passo Fundo, Embrapa, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, SESI, ACISA, RGE, CORSAN, SINDUSCON etc.
As doações recebidas das pessoas e instituições são espontâneas e felizmente acontecem com grande freqüência e abundância. “É proibido pedir um quilo de farinha de milho... não pode!”, lembra a mentora do projeto Eloysa.
Existem oitenta grupos de trabalho que se distribuem em diferentes atividades, como, por exemplo a equipe do preparo de 25 “sopões” no “Restorante da D. Luiza” (sopa com inúmeros nutrientes, altamente calórica); equipe do ônibus que faz as coletas e também as entregas; a equipe da camionete que recolhe as doações de sucatas e vários itens que serão reciclados e posteriormente distribuídos gratuitamente; a equipe de ensino de artesanato popular destinado especialmente a migrantes da zona rural que não têm qualquer capacidade ou treinamento para outros tipos de trabalho.
Com isso, estas pessoas que viveriam da mendicância certamente sentem-se mais úteis por estarem fazendo “algo de bom para outras pessoas que precisam”. Todas as equipes de trabalho seguem uma regra simples: “Ajude para ser ajudado.”
O Comitê da Cidadania tornou-se um trabalho sem igual pela diversidade daquilo que é feito em termos de resgate social de seres humanos considerados excluídos sociais ou “abaixo da linha de pobreza”. É importante dizer que as atividades do Comitê foram se expandindo e acontecendo de forma simples, sem planejamento e sem basear-se em ambição ou promoção pessoal.
Organizar a atividade dos papeleiros e catadores agora é meta do Comitê da Cidadania, já que não é admissível que uma cidade culta e que reza, veja cidadãos-irmãos subir e descer as ruas da nossa cidade como se fossem burros de carga em busca do mísero sustento diário, geralmente o ganha-pão de muitos deles.
O Comitê da Cidadania é uma ONG. Torná-lo imexível é vontade comum de autoridades, diretoria atual, voluntários e também dos bem-feitores, através de uma OSIP. Muitas pessoas falam em gozar a vida viajando, indo a festas e tantas outras coisas mais. “Gozar a vida meus irmãos, é fazer bom uso da vida que Deus nos dá!” (Lether Neuhans).
Referências
- ↑ Presidente do Comitê da Cidadania de Combate a Fome a Miséria e pela Vida