Cinema ambulante do SESI do RS

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Cinema ambulante do SESI do RS

Em 31/05/2011, por Santina Rodrigues Dal Paz


Cinema ambulante do SESI do RS[1]

Santina Rodrigues Dal Paz[2]


O serviço do Cinema Ambulante do SESI, no Rio Grande do Sul, (cinema ao ar livre) teve como objetivo projetar filmes comerciais – 16 mm, de cunho recreativo. E também era a sua preocupação atrair pessoas, para divulgar conselhos úteis, com fins educativos.

Foi por intermédio do Sr. Décio Iohann (já aposentado do SESI de Passo Fundo, onde prestou relevantes serviços à nossa comunidade) que recebi informações do Sr. Humberto Didonet (Porto Alegre – 2010 – já com 88 anos), que também foi funcionário do SESI, de 1950 até início de 1981. Do Sr. Décio obtive subsídios informativos do tão esperado “Cinema Ambulante do SESI”. Gesto que muito agradeço.

O Sr. Didonet iniciou como chefe de divulgação cultural, que fazia parte da Divisão de Educação Social, com o Dr. Leopoldo Hoffman. O Cinema Ambulante foi criado em 1951, dirigido pelo Sr. Agostinho Martha. Então esta atividade é original do SESI do Rio Grande do Sul. O Sr. Didonet, liberado de suas funções, foi atender suas atividades profissionais, entre elas o jornalismo.

Os filmes eram projetados ao ar livre, nos bairros, centros operários e industriais do estado, nos seguintes municípios: Porto Alegre (03 equipes), São Leopoldo, Novo Hamburgo, Caxias do Sul, Passo Fundo, Coxilha, Marau, Pelotas, Rio Grande, Carazinho, Santa Cruz, Santa Maria, Uruguaiana e outros.

Em Passo Fundo, a projeção era operacionalizada por uma equipe composta de três pessoas. Transportavam e montavam a aparelhagem. A tela era um pano branco bem grande. E então transmitiam mensagens educativas ao público disciplinado, e a equipe animava a plateia. As sessões eram realizadas de segunda a sexta-feira. Cada posto podia ser visitado duas vezes ao mês. A energia elétrica era fornecida pelo morador mais próximo do local visitado. Estas apresentações eram realizadas em Passo Fundo. E quem não lembra do Sr. Nelson Petry? Ele trabalhava com as projeções e alegrava a plateia, juntamente com sua esposa que o auxiliava. As crianças e adultos apreciavam muito os filmes, uns muito engraçados como “O Gordo e o Magro”, e muitos outros que divertiam por muitas horas. As atenções eram voltadas para as interessantes projeções. Quem não levava cadeira, assistia em pé e no sereno, sem reclamar, pois era grátis.

O Sr. Petry, embora natural de Rio Pardo, era passo-fundense de coração. Trabalhou no SESI uns vinte anos. Pessoa alegre, prestativa, tocava gaita em um programa gauchesco, nas Rádios Passo Fundo e Planalto. Foi um grande entusiasta pelo “Cinema Ambulante do SESI”. Com a saída do Sr. Petry, quem deu continuidade ao trabalho foi o Sr. Agenor Terres, mas por pouco tempo.

O referido cinema cumpriu o seu papel: educou e alegrou o povo que ali comparecia. Ofereceu seus conselhos úteis, distribuindo livretos com sugestões para educar a família. O SESI já oportunizava, na época, a leitura para crianças e adultos (Revista Sesinho). Ultimando seu trabalho, e consciente do dever cumprido, o cinema deu lugar à televisão. Velhos tempos bem aproveitados! Formando alas para a modernidade... Mas que pena que os jovens não viveram essa linda e proveitosa experiência!

Alguns conselhos úteis:

Educação: Todo homem, até o fim da vida, deve preocupar-se com sua educação.

Franqueza: Seja franco, sem grosseria!

Vício do roubo: Quando a criança chega a sua casa, com qualquer objeto que não lhe pertence, dizendo tê-lo ganho ou achado, é dever dos pais esclarecer direito a procedência do objeto. A falta deste cuidado pode dar causa ao vício do roubo.

Bondade: Sê bom, e verás que os outros te cercam.

Sensatez: Pelas faltas dos outros, o homem sensato corrige as suas.

Oração: Nunca o homem é tão grande, como quando está de joelhos diante de Deus.

Os livretos distribuídos eram ricos em sugestões para o bem viver, para a alimentação, boas maneiras, economia, higiene, libertação de vícios, boa conduta em qualquer lugar, solidariedade segurança no trabalho, etc.

A imaginação é fértil dando significado ás coisas que nossa mente registra e, imaginamos com riqueza de detalhes, aqueles espaços que nos cercam. Assim vejo o local onde o Sr. Petry (assim chamávamos) montava os aparelhos para poder passar os filmes programados para aquela noite. O povo da localidade já o esperava. Era uma festa! Dona Maria com ansiedade chamava a criançada e, gritava tragam cadeiras...

Este encontro das pessoas unia as famílias. Os pais com seus filhos. Os vizinhos com vizinhos com harmonia e respeito.

Com este relato destacamos para todos. E quem programou foi o SESI, que fez e continua fazendo a sua parte.

Referências

  1. Publicado na Revista Água da Fonte 31/05/2011
  2. Santina Rodrigues Dal Paz é professora e vice- presidente da Academia Passo-Fundense de Letras