As primaveras de nossa praça Marechal Floriano
As primaveras de nossa praça Marechal Floriano
Em 07/08/2007, por Francisco Mello Garcia
Francisco Mello Garcia (*)
Conheci a cidade de Passo Fundo, com aproximadamente dez anos de idade, e isto foi um verdadeiro sonho para um menino que vivia na roça. Entre tantas coisas que minha mente gravou, está a Praça Marechal Floriano, e de forma muito destacada o lago que ainda hoje ali permanece.
Nele existiam muitos peixes coloridos, de vários tamanhos. Além disso, belos canteiros com flores de muitas cores, entre uma vegetação verde. Ali se podia desfrutar do lazer, recreação e religião.
Tudo ao redor da praça, enfim, cinemas Real, Imperial e Pampa, os restaurantes, cafés e as casas de jogos que ali funcionavam. As missas da Catedral, quem não lembra a das dez horas nas manhãs de domingos, ela tinha um glamour especial, pois após seu término, havia a esperança de encontrar alguma pessoa, também muito especial, o mesmo era feito antes e após as saídas dos cinemas. Tudo isso tem um registro de coisas do passado, mas na essência, não o é pois nossa praça ali está, eu e tantos outros, também é verdade, que muitos já se foram, a exemplo o inesquecível Peri que guarnecia a praça com tanta dedicação e carinho, como se ela fosse sua propriedade particular. Porém, como acho que neste mundo pouca coisa nos pertence, aproveito para documentar através de uma poesia o que significa para mim, a praça principal de Passo Fundo. Considerando que nem da própria vida somos donos, a Praça Marechal Floriano vai continuar participando da vida de muitos como um centro de reflexão, meditação e paixão, para quem de alguma forma, ama esta terra.
Porém, se considerarmos só o presente e o futuro, gostando ou não, um dia tudo o que aconteceu estará no passado, com certeza eu mesmo não estarei mais aqui para contar história ou estórias em forma de poesia, como a que segue...
As primaveras de nossa praça
Meu amor ainda hoje eu me lembro
fim de setembro e o desabrochar das flores,
rosa em botão que mexeu meu coração
encheu meus olhos de beleza e de cores.
Meu amor, ainda hoje às vezes volto
ando na praça da sempre minha cidade,
os passarinhos me parecem ser os mesmos
nos meus amigos eu espelho a minha idade...
A catedral como fiel testemunha
viu em silêncio o nosso amor atrevido,
naquele banco entre arbustos e flores
a gente achava que estava muito escondido...
O tempo foi e nesta praça eu não te encontro
eu volto e conto esta história só pra mim,
mas acredito que ao passares neste ponto
fazes o mesmo lembrando que foi assim...
Mas na verdade esta saudade não passa
nunca desfaça lembranças boas assim,
e se voltares a sentar no mesmo banco
conta pra ele o que falavas pra mim...
Na realidade sou mais um velho na praça
que anda sem graça chegando a lugar nenhum,
hoje é o tempo e tua falta é que me abraça
beijo e amasso se tornou coisa comum...
Outros idosos que freqüentam este ambiente
sinto que todos têm um passado na mente,
quem envelhece pelo que já me parece
só solidão é que vai sobrando pra gente...
Na nossa praça ainda sinto o teu visual
ninguém esquece uma paixão de adolescente,
pra que a velhice se torne menos real
eu imagino nosso passado presente...
Na primavera quando ar se enche de odores
Aqui eu volto e voltarei até meu fim...
Pra relembrar o que vivi naquele banco
com a flor menina que enfeitava meu jardim...
Mas na verdade esta saudade não passa
nunca desfaça lembranças boas assim,
e se voltares a sentar no mesmo banco
conta pra ele o que falavas pra mim...