A Noite
| A Noite | |
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 A Noite[1] | |
| Descrição da obra | |
| Autor | Agostinho Both |
| Título | A Noite |
| Assunto | Romance |
| Formato | E-book (formato PDF) |
| Editora | Projeto Passo Fundo |
| Publicação | 2011 |
| Páginas | 150 |
| ISBN | 978-85-64997-14-1 |
A Noite Uma história picaresca de um velho estranho metido a vampiro que em sonhos esclarece realidades que o incomodam. Passa em revista dramas da cidade de Passo Fundo e outros de ordem pessoal. Uma ironia em torno dos livros e filmes sobre vampiros como o Crepúsculo e outros. Mudando o que deve ser mudado o autor ironiza o absurdo das histórias vampirescas em voga, semelhante ao propósito de Cervantes em torno das histórias dos cavaleiros de 1500.
Livro escrito por Agostinho Both, publicado em 2011
Apresentação
do Primeiro Capítulo, pelo Autor
Os primeiros assombros
Futebol na escola Naná Escobar. A turma do quinto ano preparava-se para a partida contra o time da sexta série. Thibo, um menino quieto, estava ao lado, enquanto o grupo chutava bolas, ensaiando-se para o jogo.
–– Ninguém me supera na força, falou Lucas.
–– Calma! Você foi o primeiro chutador. Vamos ver a força dos outros, retrucou Felipe.
Veio, então, André e acabou com a força de Lucas. Houve um grito de alegria, humilhando o primeiro. Enquanto tais acontecimentos se sucediam, Thibo, o menino tímido, retirava-se. Os outros garotos exigiram a sua imediata volta. Puseram a bola na sua frente e gritaram: chuta, Thibo, chuta! E riam mais que podiam ao verem o desespero do piá. Mais e mais a timidez se manifestava. O goleiro, um menino grandalhão, debochava.
–– Chuta!! Tá tremendo que eu sei! Vê se consegue fazer a bola chegar à goleira. Ria-se, junto com os outros meninos.
Thibo começou a sentir uma fervedura no peito... o sangue subindo à cabeça... um transtorno de humor gelando-lhe o rosto. O medo foi desaparecendo, dando vez a uma tonalidade afetiva de confiança e frieza. Nunca havia sentido um viço tão forte a perpassar-lhe o corpo. As pernas bambas tornaram-se rijas, como se fios de aço tomassem conta de sua musculatura. Enquanto isso, a tropa dos meninos gargalhava e os da sexta série gritavam:
–– O Thibo é um galinha!, falou Lucas, ainda ressentido.
Thibo deu dois passos para trás. Seu movimento mostrava a extrema mudança... Somente o goleiro não reparou na agilidade do chutador e ainda esboçou um riso debochado, sem conseguir, no entanto, dizer mais uma palavra. A bola estava uma bala. Bateu na trave, acima da cabeça, ricocheteou num estalo e rebateu na nuca do infeliz grandalhão. Nenhuma reação... apenas um corpo que caía silencioso.
Todos se calaram. Trouxeram um balde d’água que foi jogado sobre o goleiro. Acordou-se logo. Thibo ajudou a levantá-lo, pedindo desculpas. E num zás todos os garotos começaram a olhá-lo com o maior respeito. Depois da bolada thibal, iniciou-se a partida conforme havia sido combinado. Durante a escolha, na formação do time, todos estavam em dúvida: escolheriam Thibo pelo jeito de sempre, ou pela recente potência do chute? O jeito humilde havia voltado. Começaram a pensar ter sido um fato isolado. Foi posto como último escolhido, avaliando-se a bolada como um acontecimento de pouca consequência. Mal havia se iniciado a partida, já voltavam as velhas brincadeiras, desconsiderando-se o que haviam presenciado. As meninas que assistiam ao jogo viam o Thibo de sempre. Não debochavam, apenas tinham pena daquele menino encolhido. Não haviam dado mais de dois chutes, quando Thibo tomou a bola, atrapalhando-se todo. Para alívio dos outros, lá estava o pobre garoto em relação ao qual todos se sentiam superiores, e, mais uma vez, as palavras sem consideração rolavam no ar. Thibo foi tomado, novamente, por uma vontade superior que o deixou teso e ágil.
Índice
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- 2011 - A versão e-book foi lançada no Riviera de Passo Fundo ocorrida de 8de outubro de 2011.