A Diligência do IE
A Diligência do IE
Em 12/12/1989, por Delma Rosendo Gehm
Viver do passado será nostalgia.
Recordar o passado será reviver.
Comentar o passado será transmitir.
Naquele longínquo 1922 o Instituto Ginasial, o nosso Instituto Educacional do presente, iniciava suas atividades a 15 de março, em novo prédio, situado na Praça Boa Vista a Av. Brasil Boqueirão, construído em terreno gentilmente cedido pelo Poder Executivo, na pessoa do ilustre médico e político passo-fundense, Dr. Nicolau de Araújo Vergueiro e por intercessão do advogado Dr. Ney de Lima Costa.
O Boqueirão, naquela época, significava grande distância entre o velho e o novo Passo Fundo. Difícil era o acesso dos alunos ao novo educandário. O diretor do Instituto Ginasial era o Rev. Daniel Lander Betts, o qual não hesitou em proporcionar transporte aos seus pupilos. Para isso adquiriu uma diligência, carro puxado a cavalo se o adaptou para carro escolar. A diligência era uma condução segura e confortável, na época. Tinha capacidade para 20 alunos.
Era, a diligência, um carro de 4 rodas, com tolda, lonas dos lados para abrigar contra a chuva e contra o frio dentro haviam dois bancos compridos, um frente ao outro, é frente um banco para o boleeiro que dirigia, com pulsos firmes e responsáveis, as rédeas de dois lindos cavalos brancos com bons aperos. Ao lado do boleeiro, preso na tolda estava a sineta que vinha de longe, avisando sua passagem ou sua chegada. O itinerário era do Instituto até o Passo (rio Passo Fundo). Os alunos aguardavam a chegada ou desciam nas esquinas mais próximas de suas residências.
A alegria e a satisfação de se sacolejarem na diligência era um privilegio muito invejado. A Av. Brasil não era calçada. Do Boqueirão até a esquina da rua 15 de Novembro era abundante a sombra dos sinamomos, árvores frondosas, o que amenizava o calor, embora nada pudesse fazer contra a poeira sufocante do trajeto da diligência; contudo era gostoso sentir o trotar dos cavalos e os ringidos das molas do carro, nem sempre bem azeitadas, mas em perfeito estado para o transporte dos alunos.
Era pitoresco ver-se a algazarra da criançada que ora subia, ora descia da diligencia no horário escolar.
Em 1925 já o progresso visitava a cidade, graças a visão larga dos Poderes Executivos que se sucediam, então, parte da Av. já estava calçada no governo do ilustre passo-fundense Armando Araújo Annes e a diligencia foi considerada em desuso. Uma caminhonete Ford, adaptada ã carro escola, com capacidade para 30 alunos, entrou em circulação, por conta do Colégio, sendo dirigida pelo cidadão Helmuth Homrich. Nesse mister de transportar alunos para o Instituto Ginasial, colaborou até 1927, quando esse meio de conduzir estudantes, como propriedade do Colégio, desapareceu do mesmo modo que "a diligência".