Denominação do CTG Lalau Miranda
Denominação do CTG Lalau Miranda
Em 19/04/2010, por Odilon Garcez Ayres
Denominação do CTG Lalau Miranda[1]
Estanislau de Barros Miranda
Lalau Miranda
Data de Nascimento: 24/11/1893
Local de Nascimento: Passo Fundo/RS
Falecido em: 09/01/1916
Local de Falecimento: Passo Fundo/RS
O nome do Centro deve-se a uma justa e merecida homenagem prestada pelos sócio-fundadores a um dos mais autênticos gaúchos que viveu no século passado, até a segunda década do atual.
Nasceu em 24.11.1853 e passou quase toda sua existência num local denominado "Casa Branca" no município de Passo Fundo (RS), vindo a falecer em 9.1.1916.
O nome correto do saudoso e muito conhecido pela alcunha de "LALAU MIRANDA" é ESTANISLAU DE BARROS MIRANDA.
Contam os que tiveram oportunidade de conhecê-lo, entre os quais sua filha Eponina, ter levado uma existência com seu espírito impregnado dos mais elevados sentimentos de humanidade cristã, dotado de uma conduta retilínea e ilibada honradez, trilhando sempre a senda do bem e semeando o bom exemplo a todos os que o rodeavam.
Era homem de razoável cultura, eis que, não obstante, as dificuldades educativas da época, estudou, alguns anos, em educandário religioso de Sorocaba (SP), recebendo uma ótima formação moral e religiosa, voltando, depois, para suas lides prediletas, que eram as campeiras.
Era trabalhador esmerado e caprichoso e por isso muito abastado, mas, contudo, generoso e humano. Sempre conformado com a sorte que o "Patrão das Alturas", como dizia ele, lhe oferecia, certa feita, chegando em casa, encontrou sua bela morada transformada num braseiro e cinzas, com mulher e filhos desesperados em prantos pelo triste acontecimento. Mas o Gaúcho, que era "vaqueano da vida", logo encontrou uma solução.
Com sua peculiar serenidade e um sorriso nos lábios, por ver todos seus familiares salvos, perguntou à sua mulher:
- Ninguém se queimou, minha velha? Choramingando respondeu-lhe:
- Não, graças a Deus, mas, de tudo que nós tinha, só restou a tua viola porque tava pendurada na laranjeira.
- Ah!... Muito bem, Sinhá, então faça o favor de me alcançá-la e chega de choro. Faremos uma casa melhor e vamos todos cantá pra agradecê ao "Patrão" por ter-nos salvado a todos.
E improvisou alguns versos agradecendo a Deus por ter poupado a vida de toda sua família.
Narra-se, ainda, que certa ocasião encontrou um homem carneando um suíno que lhe furtara, nos fundos de sua invernada. Aproximando-se, sem que o ladrão o percebesse, perguntou-lhe: Sofrendo um pouco, vizinho?!...
O rapaz, apavorado, qual louco, disparou campo a fora, correndo mais que o vento. Mas o Sr. Lalau chamou-o: -Venha cá, moço, não precisa buscá ajuda não, eu posso te ajudá e levá o porco pra tua casa e se lá não tiver sal para salgá-lo, venha buscá na minha casa.
O rapaz, encabulado, descorado, trêmulo e cabisbaixo voltou, após algumas reflexões, pedindo-lhe escusas e prometendo pagar-lhe em dobro quando pudesse.
Mas é certo que, até hoje, tal suíno não foi pago e jamais lhe foi cobrado.
O seu esporte predileto era montar seu pingo e ir para a cancha brincar de hipismo. Para tanto, tinha sempre dois parelheiros, de sua propriedade, e um compromisso para tratá-los cuidadosamente.
Houve uma época em que possuía seis cavalos picaços todos mansos e tão bem ensinados que obedeciam sua voz de comando e formavam fila para comer açúcar na mão de seu dono, quando lhes ordenasse.
Mas seu modo de viver, tipicamente gauchesco e autêntico em todos os aspectos, ainda vai longe.
Desincumbia-se, com excelência, na música, cantando e tocando diversos instrumentos. Era dotado de invejável habilidade na trova, na poesia crioula e em danças folclóricas. Onde quer que se encontrasse, cercava-se de amigos, pois que, com seu modo de ser, suas músicas e poesias sabiam cativar a todos que o rodeassem.
De outra parte, nas lides de campo era de fato "um cuera mui guapo". Exímio cavaleiro, ginete, domador, laçado r tanto com a mão direita como com a esquerda, e trançador de primeira, executando verdadeiras obras de arte com couros de animais diversos para apeiragens das mais variadas.
A par disto, no manejo de um revólver e na esgrima não encontrava concorrente. Mas por um capricho e acerto da natureza estava impedido de usar armas em briga. Só podia usá-las para caçar e para brincar como, por exemplo, para tramar a "dança dos facões" e fazer tiro ao alvo", etc.
Em briga não podia usá-las por razão muito simples. Porque todos que com ele se defrontavam eram seus amigos e, assim, lhe faltava adversário para pelear.
Referências
- ↑ Extraído do Estatuto do CTG Lalau Miranda