Os 75 anos da nossa Academia de Letras

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Os 75 anos da nossa Academia de Letras

Em 07/04/2013, por Osvandré Luiz Canfield Lech


Os 75 anos da nossa Academia de Letras

Osvandré Lech[1]


O nome “academia” (derivado do grego antigo akadémeia) provém da escola que o filósofo Platão fundou em 387 a.C. num jardim nos arredores de Atenas, em terreno dedicado à deusa Atena, que pertencia ao mitológico Academo. Desde então, a expressão é utilizada no Ocidente por instituições vocacionadas para o ensino e promoção de atividades artísticas, literárias, científicas etc.

Somente 2.022 anos depois, em 1635, foi que a França instituiria uma Academia aos moldes de como se conhece hoje. Foi Richelieu, o principal assessor do rei Luís Xlll, que reuniu os mais proeminentes conhecedores do idioma francês. Com a Academia Francesa se criava um modelo para todas as que se formariam a seguir e que sobrevive às transformações culturais e de comu- nicação ao longo dos séculos.

A Academia Brasileira de Letras nasceu com os ares renovadores da República. Foi em 1897 que ícones da cultura nacional como Machado de Assis, Olavo Bilac, Graça Aranha, Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, deram vida ao modelo “Academia” no país. Os gaúchos logo formariam a sua própria Academia. Foi em 1901 que um grupo de intelectuais liderados por Caldas Júnior, Andrade Neves Neto, Alcides Maya, Mário Totta iniciaria esta atividade em Porto Alegre.

Em 7 de abril de 1938, sob os ventos do positivismo, um grupo de intelectuais e líderes locais fundava o Grêmio Passo-Fundense de Letras, que, em 7 de abril de 1961, trocaria de nome para Academia Passo-Fundense de Letras. Do notável “grupo de 1961”, somente o extraordinário Paulo Giongo permanece vivo e ativo em nossa coletividade.

A relação completa de todos os membros da APLetras pode ser vista na seção “Acadêmicos através dos tempos“, no início deste livro. Ao longo de várias gerações, dezenas de líderes dedica- ram seu tempo e seus ideais, de forma voluntária, para o desenvolvimento da cultura, da educação, da história, e, especialmente, do resgate e inserção social dos indivíduos da nossa cidade e região. Alguns desses líderes extrapolaram suas ações para outras cidades, tornando-se conhecidos no estado e no país e ajudaram a escrever a moderna história de Passo Fundo. A lista de ações desses notáveis é gigantesca e pode ser avaliada, algumas páginas atrás, na “Linha do tempo” desta obra. Centenas de livros, milhares de textos para jornais e revistas, ensaios, teses, concursos literários, semanas culturais, cafés filosóficos, programas de TV, rádio, informativos via internet, liderança pró-ativa na área da educação em colégios e cursos universitários, advocacia, agronomia, economia, história, filosofia, medicina, dentre outros. Algumas ações da APLetras tiveram impacto direto no perfil da cidade que desfrutamos hoje; a Biblioteca Municipal, a fundação do CTG Lalau Miranda, o primeiro grupo de trabalho para a estruturação da Roselândia e as discussões que culminaram na criação da Universidade de Passo Fundo, dentre outros.

A geração atual de acadêmicos tem muitos motivos para se orgulhar da sua instituição. Quatro deles foram investidos no sodalício há menos de 6 meses (Agostinho Both, Marisa Zílio, Júlio Perez e José Ernani de Almeida); na outra ponta, existem acadêmicos que trabalham pela APLetras desde os anos 70 (Ricardo Stolfo e Pedro Ari Veríssimo da Fonseca). A diversidade de ideias, profissões, crenças, posições políticas e pontos-de-vista de como devem ser as ações da Academia criam um riquíssimo ambiente para debate. Tenho orgulho e noção da responsabilidade de liderar grupo tão nobre de intelectuais desta terra de Fagundes dos Reis – ou do Cabo Neves, como preferem alguns historiadores – em momento tão especial, que é a comemoração de 75 anos de contínuo e profícuo crescimento.

O idealizador Sante Uberto Barbieri, o primeiro presidente da Academia, Arthur Ferreira Filho e o seu mais notável historiador Francisco Antonino Xavier e Oliveira jamais imaginariam aonde chegaria o seu “Grêmio”... Eles se unem a Machado de Assis, Richelieu e Platão. Mesmos ideais em tempos diferentes.

Pessoas fazem uma sociedade. Não o contrário!

Passo Fundo, 7 de abril de 2013

Referências

  1. Presidente da APLetras