Francisco de Barros Miranda

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Coronel Miranda
Francisco de Barros Miranda.jpg
Nome completo Francisco de Barros Miranda
Nascimento
Local Passo Fundo, RS
Morte 24 de maio de 1890
Local Passo Fundo, RS
Ocupação militar

Francisco de Barros Miranda nascido em Passo Fundo, faleceu em Passo Fundo no dia 24 de maio de 1890

Biografia, Histórico

Sua estancia éra lá naquelles umbús solitários que desta cidade se vêem paia o norte, no tôpo de alterosa coxilha, como que fazendo sentinella á empolgante belleza panoramica do 3.° districto de nossa terra.

Hoje o logar é êrmo e desolado, porque o tempo tudo destróe, menos o umbú, que elle deixa para que a saudade nao perca o sitio em que nasceu, e o tributo da vida não esqueça o silencio da morte na soledade penetrante das tapéras...

Quantas e quantas Vezes o gaúcho valoroso, feliz outróra na vivenda rustica desapparecida de coxilha assim marcada tão indelevelmente, não deixa, passando pelo caminho que a flanqueia, resvalar uma lagrima da sua tristeza, recordando esse passado que nunca, nunca mais poderá reviver!

Naquella coxilha, naquelles umbus solitarios, naquella estancia desfeita pelo tempo que tudo destróe, morava o coronel Francisco de Barros Miranda, vulto imponente do libera lismo antigo de Passo Fundo, ao qual chefiára como antecessor immediato de Prestes Guimarães.

Recordo-me ainda do seu derradeiro anniversario natalicio, transcorrido já quando o manto crepuscular da ultima guerra fratricida, sob a fórma preliminar de simples reuniões de churrasco, matte e cantorias á viola, começava a extender-se pelas verdes coxilhas legendarias do Rio Grande do Sul.

Nesse dia dos seus annos, que eram já talvez para mais de 80, houve na sua estancia uma festa, assistida por numerosa concorrencia desta cidade e representando selectos elementos, sem distincção partidaria, porque elle, o commandante daquelle 5.° corpo que a seu lado marchara para a grande Campanha do Paraguay, para de lá voltar trazendo para Passo Fundo o orgulho de o ter mandado, ? de todos era querido e venerado pela sua nobreza, que hoje, como attestado de que a justiça da posteridade não falha, ahi está fulgurando, através o seu nome, em uma das nossas ruas, e para jamais ser apagado, porque não foi imposto por benevolencia de companheirismo, porém pela admiração justa de adversarios que o conheceram e foram tes-temunhas, portanto, do seu renome ainda em vida, no meio do fragor de uma das mais apaixonadas phases da vida partidaria de dantes.

Pouco depois dessa festa o venerando patricio cerrava os olhos aqui, na casa do seu velho amigo Jeronymo Savinhone Marques, isto ha 32 annos, mas a sua memoria ficava. Ficava e ficará para sempre, porque fôra elle, além de servidor prestimoso do seu paiz em dias afflictivos, um dos corações mais nobres que já pulsára em Passo Fundo.

Poderia este ultimo requisito ser illustrado por facto de alta eloquencia, mas não o será pela razão imperiosa de que a Historia, devendo actuar no sentido de aprimorar as gerações novas pela suggestão de altas virtudes, está portanto no dever indeclinável de ensinar lhes que, na pratica da beneficiencia, por maior que seja o acto, não ha propriamente uma glória, mas, apenas e rigorosamente, o simples dever de solidariedade para com o semelhante que ao lado vai rodeando a longa espiral que conduz ao alto da montanha da vida.

Qualificado guarda nacional em 1848, foi Francisco de Barros Miranda promovido a 2° sargento em 9 de Setembro do mesmo anno; a tenente em Dezembro de 1854, a capitão em 22 de Agosto de 1855 e por fim a tenente coronel em 27 de Novembro de 1863, posto em que se achava quando o solo da Patria estremeceu ao contacto do invasor paraguayo, ao mando do general Estigarribia, em 1865. Nessa contingencia, auxiliou poderosamente a reunião da Guarda Nacional para a guerra, marchando com o seu corpo já referido para o campo de batalha, então localisado em Uruguayana, cidade a cuja rendição assistiu, dahi passando para Corrientes, donde regressou por doente.

Por serviços militares prestados nessa campanha, foi condecorado com o habito de Cavalleiro e Official da Ordem da Rosa, e medalha da rendição de Uruguayana; e, sem duvida por esse merecimento e outros que o exornavam, é que, por decreto de 17 de Maio de 1 884, veio a ser promovido a coronel e nomeado commanciante superior da Guarda Nacional da comarca de Passo Fundo.

Alem disso, por longos annos exerceu elle, neste município, cargos quer de eleição po-pular, quer de nomeação do Governo, servindo sempre a contento da população.

Por motivo da sua morte, occorrida a 24 de Maio de 1890, o jornal local Echo da Verdade, seu adversario politico, entre outros conceitos assás honrosos, disse: Grande parte do municipio chora e chorará sempre a sua falta, pois elle era o arrimo da classe desprotegida da fortuna, era portanto verdadeira consolação dos afflictos, e o astro protector dos desvalidos offuscado para sem-pre pela sombra negra da fatalidade!

Eis porque a mocidade passofundense, quando contemplar aquelles umbus solitarios que marcam o logar da desapparecida estancia hospitaleira desse patrício tão digno pelo seu valor como pela sua nobreza, deve ligar ao sitio, agora êrmo e desolado porque o tempo tudo apaga, o respeito e a veneração que merecem todos aquelles que cerram os olhos deixando memoria tão alta e tão bella.

. (Texto original de Antonino Xavier)

  • Em 1865, foi denominada rua Occidental, por ser o limite oeste da então Vila do Passo Fundo. O nome atual tem origem no Acto 203, do Intendente Pedro Lopes de Oliveira, de 10 de dezembro de 1913. Francisco de Barros Miranda. Estancieiro, político e militar, nascido em Passo Fundo. Comandou o 5º Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional em 1865, durante a Guerra do Paraguai. Retornando a Passo Fundo tornou-se líder do Partido Liberal local. Em 1884, foi promovido a coronel e nomeado comandante da Guarda Nacional da Comarca de Passo Fundo. Faleceu em Passo Fundo no dia 24 de maio de 1890
  • 1865 - Em Sessão da Câmara de 06 de março de 1865, é denominada a Travessa Occidental, a 1ª rua travessa ao occidente. Esta rua, traçada oito anos após a emancipação política de Passo Fundo, era denominada de "Travessa Occidental", por se localizar no lado poente da Vila. Era uma pequena travessa que ligava as ruas do Commércio (Av.Brasil) e São Bento (Paissandú), no Boqueirão. Sua denominação atual quer prestar homenagem ao Coronel Francisco de Barros Miranda, herói da Guerra do Paraguai e Intendente de Passo Fundo em 1865. Nome anterior; Travessa Occidental, na Sessão da Câmara Municipal de 06/03/1865; Rua Coronel Miranda, pelo Ato nº 19 de 12/06/1901;
  • 1901 - Pelo Ato nº 19, de 12 de junho de 1901, foi alterado o nome da Travessa Occidental para Rua Coronel Miranda
  • 2021 - Localização Rua Coronel Miranda[1]

Títulos, prêmios e honrarias

  • 1864 - Eleito Presidente da Câmara Municipal[2]
  • 1865 - Ata de 1865[3] denomina a Travessa Occidental
  • 1901 - Ato de 1901 019[4] denomina a Rua Coronel Miranda
  • 1913 - Ato de 1913 203[5] Denomina a Rua Coronel Miranda
  • 1955 - Lei Ordinária 660 1955 [6] denomina a Rua Coronel Miranda

Conteúdos de seu acervo

Conteúdos relacionados

  • 1922 - Pelo Passado, biografias (OLIVEIRA, Francisco AX (1922) pg.20-28)[7]
  • 2004 - Genealogia Tropeira Rio Grande do Sul, Biografia (PEREIRA, Cláudio N.(2004) pg.303-304)[8]
  • 2005 - As Ruas de Passo Fundo do Século XIX (NASCIMENTO, Welci. (2005). pg.66-68)[9]

Referências

  1. «Rua Coronel Miranda». Google maps.
  2. Eleições Municipais de 1857 a 1947 Em 2010, por Marco Antônio Damian
  3. Ata de 1865 Denomina ruas e praças em Passo Fundo, Em 06/03/1865, por Câmara de Vereadores
  4. Ato de 1901 019 Denomina ruas de Passo Fundo, Em 1901, por Prefeitura Municipal
  5. Ato de 1913 203 Denomina ruas de Passo Fundo, Em 10/12/1913, por Prefeitura Municipal
  6. Lei Ordinária 660 1955 de Passo Fundo RS - leismunicipais.com.br.
  7. OLIVEIRA, Francisco AX (1922). Pelo Passado -Passo Fundo: Oficinas ABC. 35 páginas
  8. PEREIRA, Cláudio N.(2004) Genealogia Tropeira Rio Grande do Sul Séculos XIX e XX volume II, 2004. 356 páginas Monografia
  9. NASCIMENTO, Welci. (2005). As Ruas de Passo Fundo do Século XIX -Passo Fundo: Projeto Passo Fundo. 2014. 136 páginas. E-book.