O Massacre de Porongos & Outras Histórias Gaúchas
O Massacre de Porongos & Outras Histórias Gaúchas "Os caudilhos farroupilhas, que integravam uma sociedade secreta, aceitaram as condições impostas pelo Império. Para tanto, fizeram passar como tratado de paz uma convenção por eles inventada. Contribuíram para a morte de líderes que não concordavam com as imposições imperiais, como o coronel Joaquim Teixeira Nunes, e o isolamento de outros. Bento Gonçalves da Silva foi colocado à margem dos acontecimentos, e o general Antônio de Souza Neto exilou-se no Uruguai".
"A história da caudilhagem é uma sucessão imensurável de roubos, latrocínios, estupros e massacres. E é insustentável o argumento de que os caudilhos devem ser julgados segundo o ambiente em que viveram. Aceitá-lo seria negar que até mesmo leis ancestrais como o Código de Hamurabi ao Decálogo Bíblico, sempre reconheceram as práticas caudilhescas como crimes dos mais graves que alguém poderia cometer; aceitá-lo seria admitir a vontade de cada um como única e universal norma de Direito".
Livro escrito por Paulo Domingos da Silva Monteiro, publicado em 2010
Apresentação
do Artigo, por Flávio Damiani
A verdade vem tarde demais
“Na luta do bem contra o mal, é sempre o povo quem conta os mortos” – Eduardo Galeano –
Carlos Drumond de Andrade certa vez, disse numa entrevista, que só se livrou dos “fantasmas” da infância, quando cuspiu dogmas, entre eles os pecados capitais pregados pela igreja.
Lembro que na minha primeira comunhão, as freiras pregavam que nenhum filho de Deus ganharia o céu se, por ventura, não deixassem a hóstia se derreter na língua. Seria pecado venial se ela encostasse nos dentes. Cresci, estudei e fui para o exército servir a pátria, por imposição, num período conturbado da política brasileira. Em plena ditadura, torcer pelo inter era perigoso, e conforme a roupa que vestisse, poderia representar uma afronta com tendências ao comunismo, às esquerdas, enfim... Melhor mesmo era camuflar, quando o único jeito era andar na ilegalidade.
Nas escolas as aulas de Educação, Moral e Cívica eram obrigatórias, mais do que qualquer outra matéria; Religião e Educação Física nem reprovavam. Foram anos cinzentos, a grande mídia com generosas verbas governamentais, saídas do bolso do povo, se encarregava de propagandear o “bem” enquanto o “mal” era abafado nos porões, prisões e repartições públicas que serviam o “bem”.
Na música “Sabe Moço” do poeta e compositor Chico Alves de Uruguaiana, imortalizada na voz do saudoso Leopoldo Rassier, a reafirmação de que os usurpadores entram para a história porque não morreram nas revoluções e ficaram para contar seus feitos conseguidos pelo sangue dos guerreiros nas frentes de batalha – “Depois das revoluções, vi esbanjarem brasões prá caudilhos coronéis”.
Os guerreiros eram os índios caçados feito cavalos selvagens nas pradarias e os pobres negros marginalizados e obrigados a defender a honra de corruptos encastelados em seus gabinetes entregues às negociatas em troca de vidas. Restou para estes homens de peleia – “No peito em vez de medalhas, cicatrizes de batalhas...”.
O livro “O Massacre de Porongos & Outras Histórias Gaúchas” do amigo, poeta e escritor passo-fundense Paulo Monteiro, desmascara os homens de “bem” que viraram nomes de ruas, cidades, praças e monumentos, e restabelece a verdade. Mergulhado na pesquisa das nossas raízes, Monteiro não poupa palavras, frases e citações para mostrar que o oportunismo dos famosos cantado em prosa e verso e usado como espécie de catecismo nas salas de aula representa uma farsa sem precedentes. Os destemidos, ousados, valentes e audaciosos guerreiros que tombaram nos campos de batalha caíram no esquecimento... além do mais, foram chamados de vagabundos.
(*Texto publicado no Blog do Jornalista Flávio Damiani -flaviodamiani.wordpress.com/)
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O livro foi lançado no auditório da Academia Passo-Fundense de Letras ocorrida de 16 de junho de 2010.
O livro foi lançado na 24ª Feira do Livro de Passo Fundo de 9 de novembro de 2010.