Conversas de velhos

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Conversas de velhos
Descrição da obra
Autor Agostinho Both
Título Conversas de velhos
Assunto Romance
Formato E-book (formato PDF)
Editora Projeto Passo Fundo
Publicação 2014
Páginas 178
ISBN 978-85-8326-099-8
Formato Papel 15 x 21 cm
Editora IMED
Publicação 2009

Conversas de velhos “Esta é uma daquelas histórias inesquecíveis, que permanecem na nossa memória por anos a fio. Lentamente, ruga a ruga, lembram da velha casa, com o seu porão escuro e frio, “que não importa que a tenham demolido”, pois a gente “continua morando nela” porque foi nela que nascemos. Assim, todos os grandes temas da literatura e da vida,  como por exemplo, a amizade, são o material com que é lapidada esta obra pelas mãos de Agostinho Both.

O rosto onde escorre o tempo', como afirmou Mário Quintana, aqui, novos contornos, ao nos colocar na frente de um espelho no qual o leitor pode se observar. Tal gesto é mágico, encanta, pois ê através dele que consegue estabelecer um encontro imaginário com o velho que todos seremos, com os nossos velhos que já se foram e que, agora, encontram-se amalgamados em sua (em nossa) própria imagem, refletida no espelho,"

Livro escrito por Agostinho Both, publicado em 2009

Apresentação

da Apresentação, por Nathalia Sabino Ribas

Em sua trajetória como pesquisador, o professor Agostinho Both não apenas refletiu sobre a velhice, mas, mais do que isso, sempre se aproximou dos sujeitos de suas pesquisas, convivendo com eles, observando-os e levando-lhes os resultados de estudos feitos com o objetivo maior de melhorar suas vidas. Hoje aposentado, põe em prática aquilo que descobriu estudando, olhando “de perto” e “recomendando” aos outros: fazer do tempo livre um aliado, uma vez que este pode oportunizar a realização de projetos que, na rotina do trabalho, acabavam sempre adiados. Assim, Agostinho tem feito uma das coisas que de melhor sabe fazer: escrever sobre o envelhecimento humano, agora, utilizando-se essencialmente da linguagem literária, prenhe de metáforas e de múltiplas possibilidades de (re)significação.

O professor Agostinho, entre nós a primeira pessoa a lançar seu olhar sobre os mais velhos, provoca, neste romance, nós leitores a olharmos também para esse lugar, que constitui o futuro de alguns e o presente de outros:

De todo o jeito que se olhar, então, a velhice é um tempo que reúne, de uma vez, sonhos, angústias e alegrias que podem ser mais intensos porque finalizam a escritura dos sujeitos. Bem a gosto de Sêneca: agradabilíssimos podem ser os frutos ao fim da estação.

Sendo um outro modo de olhar, Conversas de velhos é narrado em terceira pessoa e apresenta quatro amigos – Padre Ataulfo, Péricles, Creso e Crisóstomo, cada qual com suas fraquezas e virtudes – que, no diálogo acerca de suas emoções, tentam “esclarecer a velhice depois dos setenta”. Porém, como bem adverte o autor, “a história [...] tem a intenção de perseguir uma resposta a mais, embora reduzida”, sobre o tema. Portanto, não pretende dar uma resposta definitiva à questão, e nem poderia, já que o envelhecimento consiste em um fato cultural, e, por isso mesmo, sujeito a transformações.

Igualmente, para que a reflexão sobre a velhice não se tornasse ainda mais “limitada” sem a presença “feminina, que é, como a Santíssima Trindade, feita para amar e não para ser compreendida”, surgem, no meio das “conversas”, a falecida Josilda, Letícia, Madalena e Stepânia, mulheres que representam a viuvez, o encontro amoroso na velhice, a  tentação, o cuidado, a caridade, e sem as quais a história ficaria pela metade.    

Da obra que temos em mãos, muitos seriam os aspectos dignos de comentário. No entanto, para que passemos logo ao texto que mais merece nossa atenção, contento-me em destacar apenas a linguagem e os elementos intertextuais empregados nessas Conversas de velhos, que demonstram, antes de tudo, a erudição e a perspicácia de Agostinho em manipular as palavras. Como exemplo, cito um trecho que fala por si: “[Na velhice] Inclina-se o corpo para a terra e a velocidade das estrelas desacompanha o vivente”.

Em relação à presença da intertextualidade, seleciono a seguinte passagem: “Semelhante aos versos de Afonso de Guimarães, como Ismália, Ismênia tinha sua alma pronta para subir aos céus. Estava uma velha de oitenta anos, decrépita e de voz por um fio”. Nas Conversas, Agostinho empresta novos sentidos àquilo que leu, como é o caso acima, em que o narrador descreve a atual condição da primeira e única namorada de Padre Ataulfo, num reencontro entre o casal quase setenta anos depois da separação. Portanto, fica evidenciado, nesse trecho, a exemplo de muitos outros, que os recursos intertextuais aparecem, neste romance, por possuírem íntima relação com o novo contexto, e não simplesmente para passarem a impressão de que o autor tem, em sua bagagem, clássicos da literatura universal – e de fato os tem –, como Erasmo de Roterdam, Joyce, Tolstoi, Sêneca.

Graças à sua bagagem de leitor, aliada à sua perspicácia enquanto escritor, Agostinho coloca neste texto a medida certa de progressão, diálogos verossímeis e plasticidade, de modo que as cenas podem ser “visualizadas” com facilidade pelo leitor, mantendo seu interesse na história desde o primeiro parágrafo:

Havia três velhos, somente três, mas, aos poucos, surgiu mais um. Foram aparecendo também algumas mulheres, mostrando a incapacidade de os homens viverem por conta própria. Pensava-se... pensava-se que quatro homens dariam conta de esclarecer a velhice depois dos setenta.

O destino dessas Conversas descubra lendo até o fim. Bem a gosto de Agostinho: paremos! Que ele fale...

Índice

  • Apresentação - 5
  • Para início das conversas - 9
  • Péricles e Crisóstomo falam do Padre Ataulfo - 15
  • A pescaria - 21
  • A pescaria rendeu mais que peixes - 37
  • Conversa de Ataulfo e Creso - 43
  • Pequeno diálogo sobre a solidariedade - 51
  • Creso retorna à conversa anterior - 55
  • Crisóstomo e sua dificuldade - 63
  • O namoro de Crisóstomo - 69
  • As exéquias da senhora Taglieber - 79
  • Padre Ataulfo descobre quem era Madalena - 87
  • Onde ficou o amor de Crisóstomo? - 93
  • Diálogo entre Crisóstomo e Péricles: bondades - 101
  • Crisóstomo desmancha-se em caridade - 107
  • Padre Ataulfo mostra sua fragilidade - 109
  • Mudam-se os tempos... - 113
  • Cinco anos depois - 115
  • Sabendo-se mais do Padre Ataulfo - 117
  • Por onde anda Crisóstomo? - 127
  • Cadê Péricles? - 135
  • Diálogo nervoso entre Crisóstomo e Péricles - 147
  • Stepânia no festival de histórias - 151
  • Conversas de velhas senhoras - 155
  • Preparando a pescaria - 159
  • Sobre um sermão muito curto - 163
  • Em viagem ao lago - 165
  • Chiaronti, o barqueiro - 169

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Referências