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|Autor
|Organizador
 
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|[[Pedro Ari Veríssimo da Fonseca]]
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|Organizadora
|[[Dilse Piccin Corteze]]
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|Organizador
|[[Instituto Histórico de Passo Fundo]]
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|Título
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|Testemunhas da história
 
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|Subtítulo
 
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|Assunto
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|História


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|Publicação
|Publicação


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|2013


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|Páginas
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|196


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|ISBN
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|978-85-8326-022-6


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|Editora
|Editora


|Projeto Passo Fundo
|Berthier


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|Publicação
|Publicação


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|2010


|}
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'''Testemunhas da história'''
'''Testemunhas da história''' A principal preocupação do IHPF, com a publicação deste trabalho, é a de manter vivos fatos locais importantes retidos na memória de pessoas que protagonizaram um momento histórico que já não existe, somada à intenção de servir de reflexão e estudo sobre a história oral e a oralidade como mecanismos de expressão da memória, da vivência, do tempo e das identidades - sempre em formação. Nessa perspectiva, as entrevistas são elaboradas em diálogo com os entrevistados, que deixam de ser "meros informantes" da pesquisa para tornarem-se colaboradores atuantes e imprescindíveis no projeto implementado. Vale ressaltar que tais relatos demonstram o ponto de vista do entrevistado, de acordo com sua bagagem cultural, emocional, ideológica, social...  Com o conteúdo acima descrito, esta publicação destina-se a professores, alunos, pesquisadores em geral interessados em desvendar fatos do passado capazes de auxiliar na composição ou recomposição da história do município. Salientamos que as histórias de vida relatadas devem servir como mais uma fonte a ser consultada e confrontada no fazer historiográfico. Todas as fitas gravadas, as entrevistas transcritas e os documentos copiados são de propriedade do 1HPF e encontram-se depositados, em comodato, no Arquivo Histórico da Universidade de Passo Fundo, onde ficarão à disposição dos pesquisadores como fonte primária de seus estudos.


== Apresentação ==
== Apresentação ==
''Apresentação, pelos Organizadores''
Esta primeira Revista do Instituto Histórico de Passo Fundo se impõe para atender às principais finalidades da existência do IHPF, entre as quais podemos destacar:
a) pesquisar, metodizar, publicar ou arquivar os documentos concernentes à história e à topografia do município de Passo Fundo e da região a que pertence;
b) estudar a evolução do espírito humano, isto é, da vida social, política, econômica, intelectual e moral, através dos tempos, quer de modo restrito – regional e nacional -, quer de forma mais ampla e geral.
Preocupados, principalmente, em guardar a memória desse povo que desbravou, com muita labuta, a região de Passo Fundo, passamos a entrevistar, durante um longo período, moradores com idade acima de 70 anos. E, agora, temos a honra de apresentar ao público em geral e às gerações futuras a trajetória do esforço que seus ancestrais empreenderam em busca de uma vida melhor, com condições econômicas, sociais e culturais mais favoráveis.
Nesse exercício, acompanhou-nos, continuamente, a noção de que história oral é o registro da história de vida de indivíduos que, ao focalizarem suas experiências pessoais, constroem, também, uma visão mais concreta da dinâmica de funcionamento e das várias etapas da trajetória do grupo social ao qual pertencem. Muitas dessas memórias são chamadas de subterrâneas, porque ficam à margem da história oficial.
As histórias vividas ou ouvidas pelos informantes, quando registradas em fitas magnéticas de áudio ou vídeo, tornam-se um instrumento fundamental para a compreensão do passado recente. Desse modo, graças ao desenvolvimento do método da história oral, o cientista social deixa de depender, única e exclusivamente, dos textos escritos para estudar o passado. Além disso, a história oral possibilita que indivíduos pertencentes a categorias sociais geralmente excluídas da história oficial possam ser ouvidos, deixando registrada, para análise futura, sua própria visão de mundo e a do grupo social de que fazem parte.
Com base em tais premissas, a Revista se abre com artigo do professor Dr. João Carlos Tedesco (UPF), em que este nos oferece parte do resultado de anos de pesquisas sobre história oral e memória, enfaticamente publicadas em seus livros sobre o tema.
Os textos seguintes - de autoria da Ms. em História Sandra Mara Benvegnú e do historiador e romancista Odilon Garcez Ayres - tratam, respectivamente, do Saladeiro São Miguel e de um dos criadores e expoentes máximos da cultura caipira em nível nacional, o passo-fundense Riele.
A seguir, Antônio Lourenço Gomes da Fonseca escreve sobre suas lembranças do trem em Passo Fundo, abordando, inclusive, a importância socioeconômica que este representava para a região. Em sua segunda parte, a Revista apresenta um dossiê, contendo o resultado de muitas das entrevistas realizadas com alguns cidadãos de destaque em nossa cidade.
Talvez, o mais velho dos entrevistados tenha sido o Sr. Camacho, Recentemente falecido em Carazinho e nos fala de sua infância, adolescência e do início da fase adulta, vividos na cidade de Passo Fundo. Camacho testemunhou o nascimento do Clube Comercial.
Também o Dr. Jovino de Freitas, do alto dos cem anos recém-completos, deixa-nos uma visão da cidade de outrora, com seus ringues de patinação.
Em uma visita ao Dr. Sabino Árias, no Rio de Janeiro, ele nos narrou fatos pitorescos de que participou como cidadão e como médico de Passo Fundo, os quais serão compartilhados a seguir com o leitor.
Alfrida Menezes Martins, 95 anos, pertencente a uma família que veio de muito longe no tempo e no espaço. Ela e seus descendentes abriram a porteira que os mantinha no limite de trabalhar para comer para adentrarem o portal da escola, do colégio, da universidade.
Jorge Berthier de Almeida, moleque a tomar banho pelado na frigideira - lagoa que havia entre o quartel e o cemitério e que, no forte do verão, tinha água muito quente depois estudante e esportista, jogador de futebol de primeiro time, no renhido esporte colegial entre IE e Conceição.
A incansável Esther Bacaltchuk a quem Passo Fundo muito deve, por mais de 20 anos presidiu a SAMI e dirigiu e participou de outras entidades sociais.
Os desbravadores espanhóis da família Escobar, que aqui aportaram no final do século XIX, atravessaram o século XX e continuam, no século XXI, trabalhando no mesmo ramo comercial.
Outro personagem aqui presente é o Sr. Camilo Ribeiro, vindo do nordeste brasileiro, em busca de uma vida melhor em Passo Fundo. Nesta Revista, seu filho Eronilde Ribeiro nos premia com um belo relato.
Continuando nossa pesquisa, fomos a Pontão, o maior centro dos carreteiros, que movimentaram o comércio exportador de erva, rapadura e açúcar, rumo a Rio Pardo e fronteira.
Os irmãos Dino e Nelson Rosseto. de igual forma, contribuíram nesse resgate. Quem pão conhece a Ferragem Rosseto? Nas próximas páginas, poderemos apreciar a sua belíssima história.
O Sr. Antônio Bernardon, representante da família que aqui se instalou para dedicar-se ao comércio de bebidas.
Todos se lembram da saudosa fábrica de cerveja Brahma, principalmente pela sua chaminé, que ainda se impõe entre os prédios de Passo Fundo. Leonardo Bohme e Afonso Mansen, que trabalharam nessa empresa em Passo Fundo e pelo Brasil afora, contam-nos um pouco dessa história.
Também ouvimos o tio Miro. "pau pra toda obra", trabalhador braçal, ora na cidade, ora no campo, e arguto observador das transformações e do desenvolvimento rural e urbano de Passo Fundo.
Sr. Aniello D’Arienzo, criado na praça central de Passo Fundo, próximo à estação da viação férrea, um centro cultural de Passo Fundo que constituiu outra porta de entrada para o progresso e o dinheiro que movimentou o comércio no ramo das fazendas.
A Revista apresenta, também, um resgate biográfico de duas personalidades de Passo Fundo que marcaram época: o grande aviador Ruy Delia Méa e Fredolino Chimango, morto na Itália durante a Segunda Guerra Mundial – este último, tio-avô do pesquisador Diego Chimango, autor dos referidos artigos.
Numa análise das transformações da Igreja Católica, hoje em debate, acolhemos o dizer do professor Júlio Edwig Ritter.
A palavra também foi passada a Laurinaldo Velloso, discípulo do Marechal Rondon, que fez parte, em 1953, da fundação do Serviço de Proteção aos índios. Criou-se na comunidade kaingang, onde permanece até hoje.
Por meio do texto escrito pela professora Sandra Benvegnú, os mais velhos poderão se lembrar do Clube do Titio, programa de rádio que marcou uma era, ao ser exibido todos os domingos pela Rádio Passo Fundo. Os mais jovens, certamente, não sabem o que foi esse sucesso, mas poderão imaginar graças aos fatos contados e às fotos selecionadas pela autora.
Tivemos, ainda, a oportunidade de resgatar um pouco da história da professora Selma Costamilan, que participou do início da transformação do ensino primário, desencadeada pelo Governador Leonel de Moura Brizola, com o objetivo de levar a escola ao meio rural.
Ouvimos a professora Craci Dinarte, da Academia Passo-Fundense de Letras, rememorando aspectos dessa sociedade.
Procurando não interferir no ponto de vista do entrevistado, tivemos o cuidado de transcrever algumas partes das entrevistas realizadas, mantendo-as fiéis à fala original e delimitando-as com o uso de aspas. Em algumas ocasiões, optamos por fazer uma introdução - mais ou menos breve sempre que nos pareceu necessário, com vistas a facilitar o entendimento por parte do leitor.
A última parte da Revista compõe-se por documentos transcritos na íntegra, com a grafia original e espontânea, os quais descrevem:
1) a cultura gaúcha nascente, os tradicionalistas de todos os rincões, nos manuscritos do fundador da Cavalaria Bandas do Butiá do CTG Lalau Miranda, Comandante Amadeo Goelzer;
2) o Memorial da Paróquia Nossa Senhora da Conceição - Livro tombo -, trazendo a despedida do Pe. Valentin Rumpel.
A principal preocupação do IHPF, com a publicação deste trabalho, é a de manter vivos fatos locais importantes retidos na memória de pessoas que protagonizaram um momento histórico que já não existe, somada à intenção de servir de reflexão e estudo sobre a história oral e a oralidade como mecanismos de expressão da memória, da vivência, do tempo e das identidades - sempre em formação.
Nessa perspectiva, as entrevistas são elaboradas em diálogo com os entrevistados, que deixam de ser "meros informantes" da pesquisa para tornarem-se colaboradores atuantes e imprescindíveis no projeto implementado. Vale ressaltar que tais relatos demonstram o ponto de vista do entrevistado, de acordo com sua bagagem cultural, emocional, ideológica, social...
Com o conteúdo acima descrito, esta publicação destina-se a professores, alunos, pesquisadores em geral interessados em desvendar fatos do passado capazes de auxiliar na composição ou recomposição da história do município. Salientamos que as histórias de vida relatadas devem servir como mais uma fonte a ser consultada e confrontada no fazer historiográfico.
Todas as fitas gravadas, as entrevistas transcritas e os documentos copiados são de propriedade do 1HPF e encontram-se depositados, em comodato, no Arquivo Histórico da Universidade de Passo Fundo, onde ficarão à disposição dos pesquisadores como fonte primária de seus estudos.


== Índice ==
== Índice ==
* '''ARTIGOS'''
* História, memória e oralidade: Construções sociais dos tempos e do conhecimento - João Carlos Tedesco 13
* O saladeiro São Miguel - Sandra Mara Benvegnú 25
* O menino e o trem - Antonio Lourenço Gomes da Fonseca 34
* Os pioneiros sertanejos: Riélinho - Artista sertanejo de renome nacional e humorista regional - Odilon Garcez Ayres 43
* '''DOSSIÊ'''
* Senhor Camacho: Lembranças de Passo Fundo das décadas de 1920 e 30  48
* Memórias de um passo-fundense centenário 61
* Visita ao Dr Sabino Arias na tarde de 18 de outubro de 2008 67
* Dona Alfrida Menezes Martins: Das lembranças individuas à memória coletiva  76
* Cotidiano das décadas de 20 e de 30 na visão do passo-fundense Jorge Berthier  80
* '''SUMÁRIO'''
* Judeus Russos: A história da família de Esther Bacaltchuk 85
* Os espanhóis em Passo Fundo: Trabalhando pelo progresso 88
* Camillo Leôncio Ribeiro: Um nordestino em Passo Fundo 92
* Uma visão sobre Pontão, as tropeadas e o bandido Nino 94
* Irmãos Dino e Nelson Rosseto: Um pouco da história do bairro São Cristóvão  100
* A família Bernardon e o comércio de bebidas 106
* A fábrica da cervejaria Brahma em Passo Fundo 112
* Os banhados de Passo Fundo: A peste dos gafanhotos - Uma grande seca  114
* Aniello D’Arienzo e o cotidiano de Passo Fundo nos anos 1930 a 1970 119
* Ruy Della Méa: Um desbravador da aviação brasileira 123
* Fredolino Chimango: Um passo-fundense da Segunda Guerra Mundial 125
* Testemunho do nascimento de uma comunidade 128
* Reserva do Rio Ligeiro: Índios Kaingang 131
* Está no ar o Clube do Titio 145
* Uma professora à serviço de crianças necessitadas 148
* A bica da minha rua 151
* Lembranças de um Passo Fundo diferente 152
* '''DOCUMENTOS NA ÍNTEGRA'''
* Butiá tem seu passado de glórias 155
* História das carretas de bois e engenho de soque de erva eufrásia 156
* Criação da cavalaria das bandas do Butiá 158
* Fundação do CTG Lalau Miranda 159
* História do velho cemitério do Butiá do tempo da guerra com o Paraguai - 1864 a 1870 160
* João Schel e sua esposa doam a sua propriedade no Butiá 161
* Memorial Paróquia Nossa Senhora da Conceição - Livro Tombo - Despedida do Pe Valentin Rumpel 163
* Um pouco da história de um grande homem: Fernando Goelzer 164


== Conteúdos relacionados ==
== Conteúdos relacionados ==
[[File:Convite Testemunhas da história.jpg|left|thumb|150x150px]]
* Lançado na 28ª Feira do Livro de Passo Fundo ocorrida de 31 de outubro a 9 de novembro de 2014.


== Referências ==
== Referências ==

Latest revision as of 17:08, 22 February 2022

Testemunhas da história
Descrição da obra
Organizador Pedro Ari Veríssimo da Fonseca
Organizadora Dilse Piccin Corteze
Organizador Instituto Histórico de Passo Fundo
Título Testemunhas da história
Assunto História
Formato E-book (formato PDF)
Editora Projeto Passo Fundo
Publicação 2013
Páginas 196
ISBN 978-85-8326-022-6
Impresso Formato 15 x 21 cm
Editora Berthier
Publicação 2010

Testemunhas da história A principal preocupação do IHPF, com a publicação deste trabalho, é a de manter vivos fatos locais importantes retidos na memória de pessoas que protagonizaram um momento histórico que já não existe, somada à intenção de servir de reflexão e estudo sobre a história oral e a oralidade como mecanismos de expressão da memória, da vivência, do tempo e das identidades - sempre em formação. Nessa perspectiva, as entrevistas são elaboradas em diálogo com os entrevistados, que deixam de ser "meros informantes" da pesquisa para tornarem-se colaboradores atuantes e imprescindíveis no projeto implementado. Vale ressaltar que tais relatos demonstram o ponto de vista do entrevistado, de acordo com sua bagagem cultural, emocional, ideológica, social... Com o conteúdo acima descrito, esta publicação destina-se a professores, alunos, pesquisadores em geral interessados em desvendar fatos do passado capazes de auxiliar na composição ou recomposição da história do município. Salientamos que as histórias de vida relatadas devem servir como mais uma fonte a ser consultada e confrontada no fazer historiográfico. Todas as fitas gravadas, as entrevistas transcritas e os documentos copiados são de propriedade do 1HPF e encontram-se depositados, em comodato, no Arquivo Histórico da Universidade de Passo Fundo, onde ficarão à disposição dos pesquisadores como fonte primária de seus estudos.

Apresentação

Apresentação, pelos Organizadores

Esta primeira Revista do Instituto Histórico de Passo Fundo se impõe para atender às principais finalidades da existência do IHPF, entre as quais podemos destacar:

a) pesquisar, metodizar, publicar ou arquivar os documentos concernentes à história e à topografia do município de Passo Fundo e da região a que pertence;

b) estudar a evolução do espírito humano, isto é, da vida social, política, econômica, intelectual e moral, através dos tempos, quer de modo restrito – regional e nacional -, quer de forma mais ampla e geral.

Preocupados, principalmente, em guardar a memória desse povo que desbravou, com muita labuta, a região de Passo Fundo, passamos a entrevistar, durante um longo período, moradores com idade acima de 70 anos. E, agora, temos a honra de apresentar ao público em geral e às gerações futuras a trajetória do esforço que seus ancestrais empreenderam em busca de uma vida melhor, com condições econômicas, sociais e culturais mais favoráveis.

Nesse exercício, acompanhou-nos, continuamente, a noção de que história oral é o registro da história de vida de indivíduos que, ao focalizarem suas experiências pessoais, constroem, também, uma visão mais concreta da dinâmica de funcionamento e das várias etapas da trajetória do grupo social ao qual pertencem. Muitas dessas memórias são chamadas de subterrâneas, porque ficam à margem da história oficial.

As histórias vividas ou ouvidas pelos informantes, quando registradas em fitas magnéticas de áudio ou vídeo, tornam-se um instrumento fundamental para a compreensão do passado recente. Desse modo, graças ao desenvolvimento do método da história oral, o cientista social deixa de depender, única e exclusivamente, dos textos escritos para estudar o passado. Além disso, a história oral possibilita que indivíduos pertencentes a categorias sociais geralmente excluídas da história oficial possam ser ouvidos, deixando registrada, para análise futura, sua própria visão de mundo e a do grupo social de que fazem parte.

Com base em tais premissas, a Revista se abre com artigo do professor Dr. João Carlos Tedesco (UPF), em que este nos oferece parte do resultado de anos de pesquisas sobre história oral e memória, enfaticamente publicadas em seus livros sobre o tema.

Os textos seguintes - de autoria da Ms. em História Sandra Mara Benvegnú e do historiador e romancista Odilon Garcez Ayres - tratam, respectivamente, do Saladeiro São Miguel e de um dos criadores e expoentes máximos da cultura caipira em nível nacional, o passo-fundense Riele.

A seguir, Antônio Lourenço Gomes da Fonseca escreve sobre suas lembranças do trem em Passo Fundo, abordando, inclusive, a importância socioeconômica que este representava para a região. Em sua segunda parte, a Revista apresenta um dossiê, contendo o resultado de muitas das entrevistas realizadas com alguns cidadãos de destaque em nossa cidade.

Talvez, o mais velho dos entrevistados tenha sido o Sr. Camacho, Recentemente falecido em Carazinho e nos fala de sua infância, adolescência e do início da fase adulta, vividos na cidade de Passo Fundo. Camacho testemunhou o nascimento do Clube Comercial.

Também o Dr. Jovino de Freitas, do alto dos cem anos recém-completos, deixa-nos uma visão da cidade de outrora, com seus ringues de patinação.

Em uma visita ao Dr. Sabino Árias, no Rio de Janeiro, ele nos narrou fatos pitorescos de que participou como cidadão e como médico de Passo Fundo, os quais serão compartilhados a seguir com o leitor.

Alfrida Menezes Martins, 95 anos, pertencente a uma família que veio de muito longe no tempo e no espaço. Ela e seus descendentes abriram a porteira que os mantinha no limite de trabalhar para comer para adentrarem o portal da escola, do colégio, da universidade.

Jorge Berthier de Almeida, moleque a tomar banho pelado na frigideira - lagoa que havia entre o quartel e o cemitério e que, no forte do verão, tinha água muito quente depois estudante e esportista, jogador de futebol de primeiro time, no renhido esporte colegial entre IE e Conceição.

A incansável Esther Bacaltchuk a quem Passo Fundo muito deve, por mais de 20 anos presidiu a SAMI e dirigiu e participou de outras entidades sociais.

Os desbravadores espanhóis da família Escobar, que aqui aportaram no final do século XIX, atravessaram o século XX e continuam, no século XXI, trabalhando no mesmo ramo comercial.

Outro personagem aqui presente é o Sr. Camilo Ribeiro, vindo do nordeste brasileiro, em busca de uma vida melhor em Passo Fundo. Nesta Revista, seu filho Eronilde Ribeiro nos premia com um belo relato.

Continuando nossa pesquisa, fomos a Pontão, o maior centro dos carreteiros, que movimentaram o comércio exportador de erva, rapadura e açúcar, rumo a Rio Pardo e fronteira.

Os irmãos Dino e Nelson Rosseto. de igual forma, contribuíram nesse resgate. Quem pão conhece a Ferragem Rosseto? Nas próximas páginas, poderemos apreciar a sua belíssima história.

O Sr. Antônio Bernardon, representante da família que aqui se instalou para dedicar-se ao comércio de bebidas.

Todos se lembram da saudosa fábrica de cerveja Brahma, principalmente pela sua chaminé, que ainda se impõe entre os prédios de Passo Fundo. Leonardo Bohme e Afonso Mansen, que trabalharam nessa empresa em Passo Fundo e pelo Brasil afora, contam-nos um pouco dessa história.

Também ouvimos o tio Miro. "pau pra toda obra", trabalhador braçal, ora na cidade, ora no campo, e arguto observador das transformações e do desenvolvimento rural e urbano de Passo Fundo.

Sr. Aniello D’Arienzo, criado na praça central de Passo Fundo, próximo à estação da viação férrea, um centro cultural de Passo Fundo que constituiu outra porta de entrada para o progresso e o dinheiro que movimentou o comércio no ramo das fazendas.

A Revista apresenta, também, um resgate biográfico de duas personalidades de Passo Fundo que marcaram época: o grande aviador Ruy Delia Méa e Fredolino Chimango, morto na Itália durante a Segunda Guerra Mundial – este último, tio-avô do pesquisador Diego Chimango, autor dos referidos artigos.

Numa análise das transformações da Igreja Católica, hoje em debate, acolhemos o dizer do professor Júlio Edwig Ritter.

A palavra também foi passada a Laurinaldo Velloso, discípulo do Marechal Rondon, que fez parte, em 1953, da fundação do Serviço de Proteção aos índios. Criou-se na comunidade kaingang, onde permanece até hoje.

Por meio do texto escrito pela professora Sandra Benvegnú, os mais velhos poderão se lembrar do Clube do Titio, programa de rádio que marcou uma era, ao ser exibido todos os domingos pela Rádio Passo Fundo. Os mais jovens, certamente, não sabem o que foi esse sucesso, mas poderão imaginar graças aos fatos contados e às fotos selecionadas pela autora.

Tivemos, ainda, a oportunidade de resgatar um pouco da história da professora Selma Costamilan, que participou do início da transformação do ensino primário, desencadeada pelo Governador Leonel de Moura Brizola, com o objetivo de levar a escola ao meio rural.

Ouvimos a professora Craci Dinarte, da Academia Passo-Fundense de Letras, rememorando aspectos dessa sociedade.

Procurando não interferir no ponto de vista do entrevistado, tivemos o cuidado de transcrever algumas partes das entrevistas realizadas, mantendo-as fiéis à fala original e delimitando-as com o uso de aspas. Em algumas ocasiões, optamos por fazer uma introdução - mais ou menos breve sempre que nos pareceu necessário, com vistas a facilitar o entendimento por parte do leitor.

A última parte da Revista compõe-se por documentos transcritos na íntegra, com a grafia original e espontânea, os quais descrevem:

1) a cultura gaúcha nascente, os tradicionalistas de todos os rincões, nos manuscritos do fundador da Cavalaria Bandas do Butiá do CTG Lalau Miranda, Comandante Amadeo Goelzer;

2) o Memorial da Paróquia Nossa Senhora da Conceição - Livro tombo -, trazendo a despedida do Pe. Valentin Rumpel.

A principal preocupação do IHPF, com a publicação deste trabalho, é a de manter vivos fatos locais importantes retidos na memória de pessoas que protagonizaram um momento histórico que já não existe, somada à intenção de servir de reflexão e estudo sobre a história oral e a oralidade como mecanismos de expressão da memória, da vivência, do tempo e das identidades - sempre em formação.

Nessa perspectiva, as entrevistas são elaboradas em diálogo com os entrevistados, que deixam de ser "meros informantes" da pesquisa para tornarem-se colaboradores atuantes e imprescindíveis no projeto implementado. Vale ressaltar que tais relatos demonstram o ponto de vista do entrevistado, de acordo com sua bagagem cultural, emocional, ideológica, social...

Com o conteúdo acima descrito, esta publicação destina-se a professores, alunos, pesquisadores em geral interessados em desvendar fatos do passado capazes de auxiliar na composição ou recomposição da história do município. Salientamos que as histórias de vida relatadas devem servir como mais uma fonte a ser consultada e confrontada no fazer historiográfico.

Todas as fitas gravadas, as entrevistas transcritas e os documentos copiados são de propriedade do 1HPF e encontram-se depositados, em comodato, no Arquivo Histórico da Universidade de Passo Fundo, onde ficarão à disposição dos pesquisadores como fonte primária de seus estudos.

Índice

  • ARTIGOS
  • História, memória e oralidade: Construções sociais dos tempos e do conhecimento - João Carlos Tedesco 13
  • O saladeiro São Miguel - Sandra Mara Benvegnú 25
  • O menino e o trem - Antonio Lourenço Gomes da Fonseca 34
  • Os pioneiros sertanejos: Riélinho - Artista sertanejo de renome nacional e humorista regional - Odilon Garcez Ayres 43
  • DOSSIÊ
  • Senhor Camacho: Lembranças de Passo Fundo das décadas de 1920 e 30 48
  • Memórias de um passo-fundense centenário 61
  • Visita ao Dr Sabino Arias na tarde de 18 de outubro de 2008 67
  • Dona Alfrida Menezes Martins: Das lembranças individuas à memória coletiva 76
  • Cotidiano das décadas de 20 e de 30 na visão do passo-fundense Jorge Berthier 80
  • SUMÁRIO
  • Judeus Russos: A história da família de Esther Bacaltchuk 85
  • Os espanhóis em Passo Fundo: Trabalhando pelo progresso 88
  • Camillo Leôncio Ribeiro: Um nordestino em Passo Fundo 92
  • Uma visão sobre Pontão, as tropeadas e o bandido Nino 94
  • Irmãos Dino e Nelson Rosseto: Um pouco da história do bairro São Cristóvão 100
  • A família Bernardon e o comércio de bebidas 106
  • A fábrica da cervejaria Brahma em Passo Fundo 112
  • Os banhados de Passo Fundo: A peste dos gafanhotos - Uma grande seca 114
  • Aniello D’Arienzo e o cotidiano de Passo Fundo nos anos 1930 a 1970 119
  • Ruy Della Méa: Um desbravador da aviação brasileira 123
  • Fredolino Chimango: Um passo-fundense da Segunda Guerra Mundial 125
  • Testemunho do nascimento de uma comunidade 128
  • Reserva do Rio Ligeiro: Índios Kaingang 131
  • Está no ar o Clube do Titio 145
  • Uma professora à serviço de crianças necessitadas 148
  • A bica da minha rua 151
  • Lembranças de um Passo Fundo diferente 152
  • DOCUMENTOS NA ÍNTEGRA
  • Butiá tem seu passado de glórias 155
  • História das carretas de bois e engenho de soque de erva eufrásia 156
  • Criação da cavalaria das bandas do Butiá 158
  • Fundação do CTG Lalau Miranda 159
  • História do velho cemitério do Butiá do tempo da guerra com o Paraguai - 1864 a 1870 160
  • João Schel e sua esposa doam a sua propriedade no Butiá 161
  • Memorial Paróquia Nossa Senhora da Conceição - Livro Tombo - Despedida do Pe Valentin Rumpel 163
  • Um pouco da história de um grande homem: Fernando Goelzer 164

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  • Lançado na 28ª Feira do Livro de Passo Fundo ocorrida de 31 de outubro a 9 de novembro de 2014.

Referências