Difference between revisions of "Rumor nas fronteiras"
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! colspan="2" style="text-align:center;" |Rumor nas fronteiras | |||
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| colspan="2" |[[File:Rumor nas fronteiras.jpg|center|thumb|Rumor nas fronteiras<ref>BOTH, Agostinho. (2018) [https://projetopassofundo.wiki.br/images/1/1d/Rumor_nas_fronteirasEbk.pdf Rumor nas fronteiras] -Passo Fundo: Projeto Passo Fundo, 350 páginas. E-book</ref>]] | |||
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| colspan="2" style="text-align:center;"|'''Descrição da obra''' | |||
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|Autor | |Autor | ||
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|Projeto Passo Fundo | |Projeto Passo Fundo | ||
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|2018 | |2018 | ||
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|Papel 15 x 21 cm | |Papel 15 x 21 cm | ||
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|Projeto Passo Fundo | |||
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|Publicação | |||
|2018 | |2018 | ||
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'''Rumor nas fronteiras''' Agostinho Both narra a história de oito gerações. A complexidade humana com suas tragédias é o motor de inspiração. Rumor nas fronteiras revela diversos conflitos dos personagens: desde os geográficos até os sexuais. O rumor anda nas coxilhas e dentro da cidade. Dentro e fora dos personagens. Os limites das fronteiras são, muitas vezes, tênues e, outras, rumorosas. Doem na maioria dos personagens: as angústias chegam ao desespero. Como suportar a ambivalência afetiva. Entre o passado e o futuro se mostram cargas pesadas. As famílias se multiplicam entre ásperas dificuldades, superações e dores. Mudam-se os tempos e os costumes. Conclui-se no rio Uruguai a solução para a fome e o destino de ribeirinhos. Sonhos se alternam com o duro cotidiano. O campo se transforma e a cidade oferece seu espaço, multiplicando a austeridade. Cada família compõe sortes tensas, outras alegres. Enfim, nada como ler para vibrar com o tumultuado destino humano. | |||
'''Rumor nas fronteiras''' a complexidade humana com suas tragédias é o motor de inspiração escrito por Agostinho Both, publicado em 2018 | |||
Livro escrito por Agostinho Both, publicado em 2018 | |||
== Apresentação == | == Apresentação == | ||
''do Primeiro Capítulo, pelo Autor'' | |||
UMA FAMÍLIA | |||
Eu, Francisco Oliveira, consegui aprendizado precoce da língua. Pudera! Filho de Amanda, exímia professora de Língua Portuguesa e do hábil mestre de obras Gilberto de Oliveira. Este, de tanto ouvir a esposa, caprichava, embora se desculpasse: | |||
–– Minha fala é precária. | |||
Amanda ia produzindo efeitos na alma dos dois homens da casa, tendo especial atenção no menino. Ele crescia vendo o mundo cada vez melhor. | |||
Dizia ela: | |||
––O mundo se vê com palavras. As ideias dão o sentido, as pa- lavras alimentam. | |||
Eu, chateado, reclamava do dia. | |||
–– Se existe tristeza, guri, o jeito é fazê-lo melhor. Te fiz debaixo de mau tempo. Sofri horrores pra ter você, piá. Olhe pra você como se fosse o artista ou repórter do teu dia. | |||
–– Vai sair um filme de Frankstein. | |||
–– Não seja pessimista, filho. | |||
–– Sei que não sou. | |||
–– Para, então, de dizer bobagens! | |||
–– Aceito, vou ver de perto os meus dias. | |||
–– Vai firme. Acredite em mim. Se o diabo sabe porque é velho, eu digo: mais sábias que os diabos são as mães. | |||
–– Sinto medo e um vazio como se nem mãe eu tivesse. | |||
–– É natural, é o vazio pra caber ainda mais. | |||
–– Vou acreditar! Valeu, mãe! Tô um pouco melhor. | |||
Nada mais foi dito. Iniciei com as tentativas de observar o cotidiano. Muitos foram os dias em que nada via de grandes fortunas. Cheguei-me mais uma vez até a minha senhora: | |||
–– Acho que estou cego. Nada tenho a dizer e nada vejo de interessante. | |||
––Eu não te deixei uma camisa nova sobre a cama, questionou a mãe? | |||
–– Sim e daí? Camisa é camisa! | |||
–– Nada, filho. Aí tem amor, piá. | |||
Fim de mais um mês: | |||
–– Viste algo, filho? | |||
–– Umas gramas verdes de manhã. | |||
–– Que bom! Para alguns a terra é apenas terra, para outros é visto um mundo nas gramas. É assim: a gente espia com os olhos, mas quem vê é a alma. Faça conforme a história de um treinador. A lenda narra: Ele pediu ao aprendiz de arqueiro para que atirasse numa aranha distante. | |||
–– Não vejo nada, instou o aprendiz. | |||
–– Ela está lá, disse o arqueiro. Olhe bem se quiser ser um bom arqueiro. | |||
O aprendiz começou a olhar com um olho de cada vez. Com mais dias de exercício, distinguiu a aranha distante. | |||
–– Então minha alma vê pouco. Por isso os olhos pouco vêem. | |||
–– É possível. | |||
–– Vou me confessar pra ver se Deus limpa meu ser de toda a maldade. | |||
–– Peça, de carona, a ternura. | |||
Mais três anos se passaram: dos treze pros dezesseis. Iniciara com a mãe a arte de ser professor de si mesmo. Por mais que estivesse crescendo, aumentavam os afetos voltados para mamãe. Até demais. | |||
== Índice == | |||
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| | |||
*UMA FAMÍLIA 9 | |||
* MEUS ESCRITOS 13 | |||
* A CONTUNDÊNCIA DE UM ACHADO 17 | |||
* NOSSAS BODAS 23 | |||
* MINHA TERAPEUTA 27 | |||
* OS ESCRITOS DE AMANDA 29 | |||
* A VIDA CONTINUA: LA NAVE VA 45 | |||
* CONVERSA IMAGINÁRIA COM MEU PAI 49 | |||
* MEMÓRIAS DE FRANCISCO: 55 | |||
* EXTRAVIADO 55 | |||
* O DIFÍCIL REENCONTRO 57 | |||
* EM BUSCA DE UM LIVRO 59 | |||
* O NASCER DE UM HOMEM 63 | |||
* CHICO, O BOM 65 | |||
* SILVANA E O PAI 71 | |||
* CONVERSANDO COM A SOGRA 75 | |||
* O ENCONTRO EM MAÇAMBARÁ 79 | |||
* HISTÓRIAS DA SOGRA EUFRÁSIA 85 | |||
* OS CURTOS DIZERES DA MÃE 89 | |||
* LAURINDA E A CHUVA NO RIO 91 | |||
* E POR FALAR NELA 93 | |||
* MEUS ALUNOS: POUCO SE GANHA,MUITO SE TEM 95 | |||
* CONVERSAS DE MULHERES 99 | |||
* DEGAS APRENDE A ESCREVER 101 | |||
* EUFRÁSIA, UMA HISTÓRIA 103 | |||
*A VACA LUTADORA 107 | |||
* TENTAÇÃO E QUEDA 109 | |||
* ERA A NOITE DO DEGAS 111 | |||
* CONVERSAS JUNTO AO BAR 115 | |||
*VIAGEM PRA SANTO TOMÉ 117 | |||
| | |||
*DIVAGAÇÕES E SONHOS 121 | |||
* EUFRÁSIA E OUTRAS HISTÓRIAS 125 | |||
* IA ESQUECENDO A PEQUENA 127 | |||
* MINHAS MULHERES 131 | |||
* SEM MAIS O QUE DIZER 137 | |||
* O VELHO RESSUSCITADO 141 | |||
* DIAS DE VISITA 143 | |||
* O COMEÇO DO FIM 145 | |||
* MEMÓRIAS DE SILVANA 149 | |||
* TANTOS CONFLITOS 159 | |||
* MULHERES 163 | |||
* BOAS NOTÍCIAS? 165 | |||
* BONS E MAUS AUGÚRIOS 169 | |||
* NA ESCURIDÃO 173 | |||
* OS TEMPOS SUCEDEM 175 | |||
* EU, ARTÊMIO O ESCRIBA 177 | |||
* ARTÊMIO DESCOBRE VÔ FRANCISCO 181 | |||
* REPENSANDO A VIDA DE FRANCISCO 189 | |||
* SUSTOS NA CHEGADA 191 | |||
* CONFISSÕES EM TORNO DE UM MORTO 197 | |||
* A CAMINHO DE SANTO TOMÉ 201 | |||
* EU, ARTÊMIO DE OLIVEIRA GONÇALVES, ME CONFESSO 207 | |||
* O QUE TEM ESTA LOUCA FAMÍLIA? 217 | |||
* CONVERSA COM MEU PAI 219 | |||
* ANGÚSTIA DE MINHA MÃE 223 | |||
* TEMPOS DOS VIVIDOS 227 | |||
* SONHO DE UMA NOITE 229 | |||
* PITACOS TEÓRICOS NOS VIVIDOS 233 | |||
*E A SÍLVIA TÃO DISTANTE 237 | |||
| | |||
*OS REENCONTROS 241 | |||
* AS DIFERENTES INTENSIDADES 245 | |||
* MINHA MÃE 249 | |||
* OS TEMPOS DE CAMILO 253 | |||
* AO OLHAR MINHA FAMÍLIA 257 | |||
* A ARTE DE NÃO SER O MESMO 261 | |||
* VIVA O CANADÁ 265 | |||
* MINHA SÍLVIA 267 | |||
* ALISCHA 269 | |||
* ELA VEIO COM TUDO 271 | |||
* PALAVRA DE MÃE TEM PODER 275 | |||
* DIAS DE CELEBRAÇÃO 277 | |||
* DIAS DE LENDAS 281 | |||
* POR MINHA AVÓ FELÍCIA 285 | |||
* A BISAVÓ 287 | |||
* OUTROS ESCRITOS DE DEGAS 295 | |||
* DEPOIS DE ANDANÇAS 297 | |||
* JOÃO VICENTE PROS TEMPOS DE EUFRÁSIA 301 | |||
* EU, JOÃO VICENTE: UM COLONO 303 | |||
* COLOMBINA 307 | |||
* A MINHA DULCE 309 | |||
* OS DIAS APRESSADOS 313 | |||
* ESTEBAN SIGUE ADELANTE 317 | |||
* EVENTOS BEM PRENUNCIADOS 321 | |||
* PÉSSIMA NOTÍCIA 325 | |||
* UM CASAMENTO OPORTUNO 329 | |||
* TEMPOS DE ACERTOS 333 | |||
* UMA LIÇÃO 337 | |||
* CAMINHOS DOS CAMPOS E DAS ÁGUAS 339 | |||
* PEDRO CONCLUI 343 | |||
|} | |||
== Conteúdos relacionados == | == Conteúdos relacionados == | ||
== Referências == | |||
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Latest revision as of 14:25, 4 October 2023
Rumor nas fronteiras | |
---|---|
Descrição da obra | |
Autor | Agostinho Both |
Título | Rumor nas fronteiras |
Assunto | Romance |
Formato | E-book (formato PDF) |
Editora | Projeto Passo Fundo |
Publicação | 2018 |
Número de páginas | 350 |
ISBN | 978-85-8326-318-0 |
Formato | Papel 15 x 21 cm |
Editora | Projeto Passo Fundo |
Publicação | 2018 |
Rumor nas fronteiras Agostinho Both narra a história de oito gerações. A complexidade humana com suas tragédias é o motor de inspiração. Rumor nas fronteiras revela diversos conflitos dos personagens: desde os geográficos até os sexuais. O rumor anda nas coxilhas e dentro da cidade. Dentro e fora dos personagens. Os limites das fronteiras são, muitas vezes, tênues e, outras, rumorosas. Doem na maioria dos personagens: as angústias chegam ao desespero. Como suportar a ambivalência afetiva. Entre o passado e o futuro se mostram cargas pesadas. As famílias se multiplicam entre ásperas dificuldades, superações e dores. Mudam-se os tempos e os costumes. Conclui-se no rio Uruguai a solução para a fome e o destino de ribeirinhos. Sonhos se alternam com o duro cotidiano. O campo se transforma e a cidade oferece seu espaço, multiplicando a austeridade. Cada família compõe sortes tensas, outras alegres. Enfim, nada como ler para vibrar com o tumultuado destino humano.
Livro escrito por Agostinho Both, publicado em 2018
Apresentação
do Primeiro Capítulo, pelo Autor
UMA FAMÍLIA
Eu, Francisco Oliveira, consegui aprendizado precoce da língua. Pudera! Filho de Amanda, exímia professora de Língua Portuguesa e do hábil mestre de obras Gilberto de Oliveira. Este, de tanto ouvir a esposa, caprichava, embora se desculpasse:
–– Minha fala é precária.
Amanda ia produzindo efeitos na alma dos dois homens da casa, tendo especial atenção no menino. Ele crescia vendo o mundo cada vez melhor.
Dizia ela:
––O mundo se vê com palavras. As ideias dão o sentido, as pa- lavras alimentam.
Eu, chateado, reclamava do dia.
–– Se existe tristeza, guri, o jeito é fazê-lo melhor. Te fiz debaixo de mau tempo. Sofri horrores pra ter você, piá. Olhe pra você como se fosse o artista ou repórter do teu dia.
–– Vai sair um filme de Frankstein.
–– Não seja pessimista, filho.
–– Sei que não sou.
–– Para, então, de dizer bobagens!
–– Aceito, vou ver de perto os meus dias.
–– Vai firme. Acredite em mim. Se o diabo sabe porque é velho, eu digo: mais sábias que os diabos são as mães.
–– Sinto medo e um vazio como se nem mãe eu tivesse.
–– É natural, é o vazio pra caber ainda mais.
–– Vou acreditar! Valeu, mãe! Tô um pouco melhor.
Nada mais foi dito. Iniciei com as tentativas de observar o cotidiano. Muitos foram os dias em que nada via de grandes fortunas. Cheguei-me mais uma vez até a minha senhora:
–– Acho que estou cego. Nada tenho a dizer e nada vejo de interessante.
––Eu não te deixei uma camisa nova sobre a cama, questionou a mãe?
–– Sim e daí? Camisa é camisa!
–– Nada, filho. Aí tem amor, piá.
Fim de mais um mês:
–– Viste algo, filho?
–– Umas gramas verdes de manhã.
–– Que bom! Para alguns a terra é apenas terra, para outros é visto um mundo nas gramas. É assim: a gente espia com os olhos, mas quem vê é a alma. Faça conforme a história de um treinador. A lenda narra: Ele pediu ao aprendiz de arqueiro para que atirasse numa aranha distante.
–– Não vejo nada, instou o aprendiz.
–– Ela está lá, disse o arqueiro. Olhe bem se quiser ser um bom arqueiro.
O aprendiz começou a olhar com um olho de cada vez. Com mais dias de exercício, distinguiu a aranha distante.
–– Então minha alma vê pouco. Por isso os olhos pouco vêem.
–– É possível.
–– Vou me confessar pra ver se Deus limpa meu ser de toda a maldade.
–– Peça, de carona, a ternura.
Mais três anos se passaram: dos treze pros dezesseis. Iniciara com a mãe a arte de ser professor de si mesmo. Por mais que estivesse crescendo, aumentavam os afetos voltados para mamãe. Até demais.
Índice
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Conteúdos relacionados
Referências
- ↑ BOTH, Agostinho. (2018) Rumor nas fronteiras -Passo Fundo: Projeto Passo Fundo, 350 páginas. E-book