Difference between revisions of "Galileu é meu pesadelo"
(Created page with "{| class="wikitable" style="float: right; margin-left: 20px; margin-top: -5px; width=100%" |+ |- ! colspan="2" style="text-align:center;" |Titulo |- align="center" | colsp...") |
(Inserir referencia) |
||
Line 4: | Line 4: | ||
|- | |- | ||
! colspan="2" style="text-align:center;" | | ! colspan="2" style="text-align:center;" |Galileu é meu pesadelo | ||
|- align="center" | |- align="center" | ||
| colspan="2" | | | colspan="2" |[[File:Galileu é meu pesadelo.jpg|center|thumb|[https://projetopassofundo.wiki.br/images/7/74/Galileu_%C3%A9_meu_pesadeloEbk.pdf Downloads]]] | ||
|- | |- | ||
Line 18: | Line 18: | ||
|Autor | |Autor | ||
| | |[[Gilberto Rocca da Cunha]] | ||
|- | |- | ||
Line 24: | Line 24: | ||
|Título | |Título | ||
| | |Galileu é meu pesadelo | ||
|- | |- | ||
Line 36: | Line 30: | ||
|Assunto | |Assunto | ||
| | |Crônicas | ||
|- | |- | ||
Line 54: | Line 48: | ||
|Publicação | |Publicação | ||
| | |2012 | ||
|- | |- | ||
Line 60: | Line 54: | ||
|Páginas | |Páginas | ||
| | |118 | ||
|- | |- | ||
Line 66: | Line 60: | ||
|ISBN | |ISBN | ||
| | |978-85-64997-33-2 | ||
|- | |- | ||
Line 72: | Line 66: | ||
|Impresso | |Impresso | ||
|Formato | |Formato 15 x 21 cm | ||
|- | |- | ||
Line 78: | Line 72: | ||
|Editora | |Editora | ||
| | |CGR Editor | ||
|- | |- | ||
Line 84: | Line 78: | ||
|Publicação | |Publicação | ||
| | |2009 | ||
|} | |} | ||
'''Galileu é meu pesadelo''' | '''Galileu é meu pesadelo''' Detalhes inúteis (ou irrelevantes) sobressaem-se, quando, sem a necessária distância, no espaço e no tempo, vive-se muito próximo dos acontecimentos. Esses ensaios/crônicas, com um olhar no passado e contextualização contemporânea, revelam um pouco de uma face nem sempre perceptível da história da ciência. | ||
Galileu é meu pesadelo, o livro, não é outra coisa que uma mera compilação de textos, escritos em momentos diferentes, e que, aqui reunidos, servem para justificar um volume. | |||
Muitos deles não correspondem ao que verdadeiramente sou, mas, talvez, ao que eu gostaria de ser/ter sido, caso não estivesse tão envolvido em lutas medíocres que consumiram/consomem o melhor do meu intelecto. | |||
Foram escritos para estimular a reflexão dos leitores, mesmo que, por vezes, abusem da repetição de ideias e não para angariar simpatias ou antipatias de quem quer que seja" | |||
== Apresentação == | == Apresentação == | ||
''Primeiro Capítulo, pelo Autor'' | |||
A última tentação do cientista | |||
A prática científica exige teorização. Não obstante, ainda hoje, alguns recalcitrantes, nas ciências biológicas e agrárias (há em outros domínios do conhecimento também), insistem em rotular, quase sempre com tom de menosprezo, de “filosofias”, qualquer formalização teórica que se afaste da sua visão empirista (experimental) de mundo. Parafraseando Cristo (com adaptação): “Perdoe-os, Pai; eles não sabem o que dizem!”. E, de fato, não sabem o que dizem porque, com este tipo de atitude, demonstram sequer conseguir diferenciar uma teoria científica de uma teoria filosófica. | |||
Desde Galileu Galilei que houve a dicotomia entre ciência e filosofia. Cada qual, com suas ferramentas, buscando o conhecimento e formalizando-o em teorias. Em essência, deixando de lado definições acadêmicas, pode-se dizer que uma teoria filosófica busca preservar princípios. E, neste contexto, tudo que não contribui para a integridade destes princípios é negligenciado. Por sua vez, uma teoria científica se preocupa em manter a coerência entre fato e experiência. | |||
A ligação entre teoria e fato é imperativa. Até porque muitas teorias científicas são formatadas a partir de resultados de observações empíricas. Os filósofos que se dedicam apenas à reflexão sobre princípios acabam perdendo contato com o mundo da experiência. E é daí que, possivelmente, advém o tipo de comentário descabido de “filosofias” para teorias científicas, feito, quase sempre, por quem não consegue alcançar seus significados. Praticar filosofia (filosofar) é refletir sobre os fundamentos daquilo que se faz. Pode-se pensar como um filósofo, propondo questionamentos, e se buscar respostas agindo como um cientista. Talvez este seja o ideal da ciência. | |||
Inquestionavelmente, precisamos de mais e melhores teorias (e de teóricos, por sua vez); tanto científicas quanto filosóficas. Nas ciências biológicas, ambiente que ainda predominam os experimentalistas, podemos identificar teorias que se caracterizam como macro, meso e micro. Como exemplo de grandes teorias biológicas tem-se a teoria de Darwin sobre a evolução das espécies e a teoria de Gaia, de James Lovelock. Este tipo de teoria surge raramente e não desperta maiores interesses nos biólogos práticos, por se encaixar naquilo que eles rotulam de “filosofias”. As mesoteorias biológicas são mais abundantes e se inserem em domínios que têm aplicações imediatas, por isso são mais populares entre os “práticos”. É o caso das redes imunológicas. Já as microteorias são específicas por fenômenos (equação de Hodgkin e Huxley, por exemplo). São elas que dominam as publicações e os congressos científicos, parecendo herméticas para os não iniciados. | |||
Os cientistas são humanos e, conforme destacou Edgar Morin, de alguma forma, a ciência é um lugar onde se desfraldam os antagonismos de ideias, as competições pessoais e, até mesmo, os conflitos e as invejas mais mesquinhas. E nesse ambiente, em que a fama pode exasperar tentações, torna-se fundamental para o cientista saber lidar com a atração para se comportar com indiferença e superficialidade diante de questões importantes e difíceis (sociais, por exemplo), que desmascaram a falácia da neutralidade dos homens de ciência. Não se deixar dominar pela vaidade (se considerar alguém especial) e pela inveja que, num mundo de competição, corrói os eternos insatisfeitos, sempre atribuindo aos outros as suas frustrações. Mas, a mais importante de todas as tentações, que impede o avanço da ciência, é a certeza. É o clássico: “escutem, eu sei o que estou dizendo!”. Nesse momento, o cientista cede e passa a viver num mundo sem alternativas e sem reflexão. Isso acontece muito no grupo dos experimentadores. Especialmente com aqueles que adquirem reconhecimento e poder acadêmico, não raro fazendo muito do mesmo, e chegam em um momento da sua carreira que decidem alçar outros voos. Sob os auspícios da fama adquirida, traçam considerações sobre a essência da alma e discutem o futuro da humanidade. Mas, diferentemente do que imaginam, impregnados pelas “suas certezas”, não formulam novas teorias científicas. Aí é o fim: o Diabo venceu | |||
== Índice == | == Índice == | ||
* A última tentação do cientista 9 | |||
* A batalha das “logias” 11 | |||
* Em busca de explicações 14 | |||
* A biologia de Maturana 16 | |||
* O contexto segundo Bateson 18 | |||
* As conexões de Bateson 20 | |||
* Depois daquele olhar 22 | |||
* Nós, a pós-modernidade e Pierre Lévy 24 | |||
* Quem somos? 26 | |||
* Um universo morto 28 | |||
* Os novos videntes 30 | |||
* Herdeiros de conhecimento 32 | |||
* Construtores de realidades 34 | |||
* Galileu é meu pesadelo 36 | |||
* O olhar de Deus 41 | |||
* Dei-revoluti-OU-nibus 43 | |||
* O Código Descartes 45 | |||
* O dia que Leibniz negou Descartes 51 | |||
* Um homem genial e nada humilde 53 | |||
* Por quem os sabiás cantam? 55 | |||
* O lado humano do animal homem 57 | |||
* Os utilitaristas e o especiesismo 59 | |||
* Que teremos para o jantar? 61 | |||
* Embate de mitos 63 | |||
* In dubio pro Deo 65 | |||
* Darwin e o homem de Platão 67 | |||
* O dilema do determinismo 69 | |||
* Preconceitos acadêmicos 71 | |||
* Entre Peter e Dilbert, há coisa pior 73 | |||
* Ascensão e queda de Fritz Haber75 | |||
* As leis de Clarke 79 | |||
* O homem que era maior do que Celso 81 | |||
* Um louco chamado Erasmo 83 | |||
* As mortes de Shakespeare e Cervantes 85 | |||
* Qual o tamanho da biblioteca de Babel? 87 | |||
* A nova biblioteca de Babel 89 | |||
* Diálogos de gênios 91 | |||
* Estrelas na escuridão 93 | |||
* Os manuais do Mago 95 | |||
* O autor invisível 97 | |||
* O aquecimento medieval 99 | |||
* As férias dos Grants 101 | |||
* O homem que falou com Borges 103 | |||
* Queremos mais diversidade 105 | |||
* No dia de São João, nem na terra nem no surrão 107 | |||
* Convencional X Orgânica: que tipo de agricultura precisamos para alimentar o mundo? 109 | |||
* Pra não dizer que não falei das crises 113 | |||
== Conteúdos relacionados == | == Conteúdos relacionados == | ||
[[File:Convite Cientistas no divã e outros.jpg|left|thumb|150x150px]] | |||
Lançado na 27ª Feira do Livro de Passo Fundo ocorrida de 01 a 10 de novembro de 2013 | |||
== Referências == | == Referências == |
Latest revision as of 17:43, 15 February 2022
Galileu é meu pesadelo | |
---|---|
Descrição da obra | |
Autor | Gilberto Rocca da Cunha |
Título | Galileu é meu pesadelo |
Assunto | Crônicas |
Formato | E-book (formato PDF) |
Editora | Projeto Passo Fundo |
Publicação | 2012 |
Páginas | 118 |
ISBN | 978-85-64997-33-2 |
Impresso | Formato 15 x 21 cm |
Editora | CGR Editor |
Publicação | 2009 |
Galileu é meu pesadelo Detalhes inúteis (ou irrelevantes) sobressaem-se, quando, sem a necessária distância, no espaço e no tempo, vive-se muito próximo dos acontecimentos. Esses ensaios/crônicas, com um olhar no passado e contextualização contemporânea, revelam um pouco de uma face nem sempre perceptível da história da ciência.
Galileu é meu pesadelo, o livro, não é outra coisa que uma mera compilação de textos, escritos em momentos diferentes, e que, aqui reunidos, servem para justificar um volume.
Muitos deles não correspondem ao que verdadeiramente sou, mas, talvez, ao que eu gostaria de ser/ter sido, caso não estivesse tão envolvido em lutas medíocres que consumiram/consomem o melhor do meu intelecto.
Foram escritos para estimular a reflexão dos leitores, mesmo que, por vezes, abusem da repetição de ideias e não para angariar simpatias ou antipatias de quem quer que seja"
Apresentação
Primeiro Capítulo, pelo Autor
A última tentação do cientista
A prática científica exige teorização. Não obstante, ainda hoje, alguns recalcitrantes, nas ciências biológicas e agrárias (há em outros domínios do conhecimento também), insistem em rotular, quase sempre com tom de menosprezo, de “filosofias”, qualquer formalização teórica que se afaste da sua visão empirista (experimental) de mundo. Parafraseando Cristo (com adaptação): “Perdoe-os, Pai; eles não sabem o que dizem!”. E, de fato, não sabem o que dizem porque, com este tipo de atitude, demonstram sequer conseguir diferenciar uma teoria científica de uma teoria filosófica.
Desde Galileu Galilei que houve a dicotomia entre ciência e filosofia. Cada qual, com suas ferramentas, buscando o conhecimento e formalizando-o em teorias. Em essência, deixando de lado definições acadêmicas, pode-se dizer que uma teoria filosófica busca preservar princípios. E, neste contexto, tudo que não contribui para a integridade destes princípios é negligenciado. Por sua vez, uma teoria científica se preocupa em manter a coerência entre fato e experiência.
A ligação entre teoria e fato é imperativa. Até porque muitas teorias científicas são formatadas a partir de resultados de observações empíricas. Os filósofos que se dedicam apenas à reflexão sobre princípios acabam perdendo contato com o mundo da experiência. E é daí que, possivelmente, advém o tipo de comentário descabido de “filosofias” para teorias científicas, feito, quase sempre, por quem não consegue alcançar seus significados. Praticar filosofia (filosofar) é refletir sobre os fundamentos daquilo que se faz. Pode-se pensar como um filósofo, propondo questionamentos, e se buscar respostas agindo como um cientista. Talvez este seja o ideal da ciência.
Inquestionavelmente, precisamos de mais e melhores teorias (e de teóricos, por sua vez); tanto científicas quanto filosóficas. Nas ciências biológicas, ambiente que ainda predominam os experimentalistas, podemos identificar teorias que se caracterizam como macro, meso e micro. Como exemplo de grandes teorias biológicas tem-se a teoria de Darwin sobre a evolução das espécies e a teoria de Gaia, de James Lovelock. Este tipo de teoria surge raramente e não desperta maiores interesses nos biólogos práticos, por se encaixar naquilo que eles rotulam de “filosofias”. As mesoteorias biológicas são mais abundantes e se inserem em domínios que têm aplicações imediatas, por isso são mais populares entre os “práticos”. É o caso das redes imunológicas. Já as microteorias são específicas por fenômenos (equação de Hodgkin e Huxley, por exemplo). São elas que dominam as publicações e os congressos científicos, parecendo herméticas para os não iniciados.
Os cientistas são humanos e, conforme destacou Edgar Morin, de alguma forma, a ciência é um lugar onde se desfraldam os antagonismos de ideias, as competições pessoais e, até mesmo, os conflitos e as invejas mais mesquinhas. E nesse ambiente, em que a fama pode exasperar tentações, torna-se fundamental para o cientista saber lidar com a atração para se comportar com indiferença e superficialidade diante de questões importantes e difíceis (sociais, por exemplo), que desmascaram a falácia da neutralidade dos homens de ciência. Não se deixar dominar pela vaidade (se considerar alguém especial) e pela inveja que, num mundo de competição, corrói os eternos insatisfeitos, sempre atribuindo aos outros as suas frustrações. Mas, a mais importante de todas as tentações, que impede o avanço da ciência, é a certeza. É o clássico: “escutem, eu sei o que estou dizendo!”. Nesse momento, o cientista cede e passa a viver num mundo sem alternativas e sem reflexão. Isso acontece muito no grupo dos experimentadores. Especialmente com aqueles que adquirem reconhecimento e poder acadêmico, não raro fazendo muito do mesmo, e chegam em um momento da sua carreira que decidem alçar outros voos. Sob os auspícios da fama adquirida, traçam considerações sobre a essência da alma e discutem o futuro da humanidade. Mas, diferentemente do que imaginam, impregnados pelas “suas certezas”, não formulam novas teorias científicas. Aí é o fim: o Diabo venceu
Índice
- A última tentação do cientista 9
- A batalha das “logias” 11
- Em busca de explicações 14
- A biologia de Maturana 16
- O contexto segundo Bateson 18
- As conexões de Bateson 20
- Depois daquele olhar 22
- Nós, a pós-modernidade e Pierre Lévy 24
- Quem somos? 26
- Um universo morto 28
- Os novos videntes 30
- Herdeiros de conhecimento 32
- Construtores de realidades 34
- Galileu é meu pesadelo 36
- O olhar de Deus 41
- Dei-revoluti-OU-nibus 43
- O Código Descartes 45
- O dia que Leibniz negou Descartes 51
- Um homem genial e nada humilde 53
- Por quem os sabiás cantam? 55
- O lado humano do animal homem 57
- Os utilitaristas e o especiesismo 59
- Que teremos para o jantar? 61
- Embate de mitos 63
- In dubio pro Deo 65
- Darwin e o homem de Platão 67
- O dilema do determinismo 69
- Preconceitos acadêmicos 71
- Entre Peter e Dilbert, há coisa pior 73
- Ascensão e queda de Fritz Haber75
- As leis de Clarke 79
- O homem que era maior do que Celso 81
- Um louco chamado Erasmo 83
- As mortes de Shakespeare e Cervantes 85
- Qual o tamanho da biblioteca de Babel? 87
- A nova biblioteca de Babel 89
- Diálogos de gênios 91
- Estrelas na escuridão 93
- Os manuais do Mago 95
- O autor invisível 97
- O aquecimento medieval 99
- As férias dos Grants 101
- O homem que falou com Borges 103
- Queremos mais diversidade 105
- No dia de São João, nem na terra nem no surrão 107
- Convencional X Orgânica: que tipo de agricultura precisamos para alimentar o mundo? 109
- Pra não dizer que não falei das crises 113
Conteúdos relacionados
Lançado na 27ª Feira do Livro de Passo Fundo ocorrida de 01 a 10 de novembro de 2013
Referências