William Richard Schisler: a missão do professor estadunidense em Passo Fundo
William Richard Schisler: a missão do professor estadunidense em Passo Fundo
Em 2019, por Alex Antônio Vanin e Roberto Biluczyk
William Richard Schisler: a missão do professor estadunidense em Passo Fundo
Alex Antônio Vanin[1]
Roberto Biluczyk[1]
Surgida na Inglaterra, no século XVIII, a Igreja Metodista posteriormente alcançou território estadunidense. Após a Guerra de Secessão nos Estados Unidos (1861-1865), o pastor Junius Estaham Newman foi designado para trabalhar como missionário da religião no Brasil, instalando-se no interior de São Paulo, em agosto de 1867, organizando cultos em inglês, atendendo principalmente trabalhadores oriundos de seu país natal.
A Igreja Metodista continuou nos anos seguintes a trazer missionários estadunidenses ao Brasil. Por intermédio destes, houve expansão não apenas da presença da religião em solo brasileiro, como também do trabalho relacionado ao campo educacional, com a fundação de escolas e universidades.
Em Passo Fundo, a atuação metodista se inicia em 1902. Treze anos mais tarde, instala-se na cidade, o Reverendo Jerome Walter Daniel (1884-1955), cuja gestão foi marcada pela aquisição, em 1917, de um terreno na esquina da Avenida Brasil com a Rua Bento Gonçalves, onde construiu-se um templo de alvenaria e um pavilhão de madeira, que abrigava uma escola paroquial.
Com a doação pública, em 1919, de um terreno no bairro Boqueirão, onde antes existia a Praça Boa Vista, a Igreja Metodista implantaria na cidade um colégio, a exemplo de outros que já administrava em municípios sul-rio-grandenses. Assim, é criado o Instituto Ginasial, em 1920, atualmente conhecido como Instituto Educacional Metodista (IE).
Muitas lideranças metodistas e educadores identificados com a proposta escolar ocuparam a diretoria da instituição, a exemplo do professor William Richard Schisler (1889-1971). Nascido nos Estados Unidos, Schisler concluiu sua formação universitária naquele país. Junto com sua esposa, Frances Purcell Schisler (1889-1983), mudou-se para o Brasil em 1921, atuando na cidade de Uruguaiana/RS. Em 1929, transfere-se para Passo Fundo, assumindo a direção da escola em 1933. Em virtude de viagens e missões de curta duração ligadas à igreja, Schisler se ausentou da diretoria em pontuais momentos, retornando em seguida. Deixou o cargo definitivamente em 1957, somando quase 25 anos de serviços prestados ao Instituto.
A atuação de Schisler no período em que morou em Passo Fundo não ficou restrita à área da educação. O professor também ajudou a fundar o Rotary Club na cidade, em 1939. Sua esposa, Frances, também desempenharia papel marcante através de significativas obras sociais, presidindo a Sociedade de Auxílio à Maternidade e à Infância (SAMI) a partir de 1942, colaborando de igual forma na organização da escola.
William e Frances Schisler decidiram retornar aos EUA no início de 1958, após a aposentadoria dele. Antes de sua partida, Schisler recebeu em janeiro daquele ano, o título de cidadão honorário passo-fundense. Na mesma época, um busto do educador foi instalado junto à escola que comandou por um quarto de século, em homenagem prestada como reconhecimento ao seu trabalho, por seus colegas e alunos.
Em 1966, Schisler ganhou destaque em matéria de O Nacional, na véspera de seu aniversário, comemorado em 19 de maio. O texto se refere ao professor como uma pessoa estimada, que considerava o Brasil como sua segunda pátria. Sua contribuição junto ao IE é descrita como fundamental ao desenvolvimento educacional de várias gerações. A matéria também informa sua estreita ligação com a cidade, mesmo à distância, em virtude do grande número de correspondências que trocava com amigos que aqui moravam.
Atualmente, o educador metodista empresta seu nome a vários logradouros de Passo Fundo. Entre eles, a praça localizada em frente ao Instituto Educacional e o loteamento Professor Schisler, construído onde antes se localizava a Granja Nancy, de propriedade do Colégio. Com sua atuação educacional e social, William Richard Schisler deixou seu nome na história passo-fundense.