Um caso de metanovela

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Um caso de metanovela

Em 11/11/2011, por Paulo Domingos da Silva Monteiro


Um caso de metanovela


A publicação de GÊNIUS – Origem –, do jovem escritor Victor Scofield, é mais uma feliz iniciativa do Projeto Passo Fundo. Honrado com o convite para apresentar este livro confesso-me que enfrentei sérias dificuldades para cumprir a missão que me foi atribuída pelo Autor.

A obra é uma novela, no sentido clássico do termo. Pela extensão, fica entre o conto e o romance; a ação é rápida, no tempo e longa no espaço, caso levemos em conta que se inicia com um sonho da personagem principal (Eric Bruce). Nele se vê em Victory City, no Canadá. As cenas se passam nas cidades de Limeira e São Paulo.

Após levar um choque numa represa do interior paulista, vítima de atentado cometido por um colega de aula, Eric sobrevive milagrosamente, mas desenvolve um “dom” especial que o transforma numa espécie de Professor Pardal, de um lado, e num Sherlock Holmes, de outro. No primeiro caso, inventa um relógio mágico, que o torna senhor de incríveis poderes; no segundo passa a solucionar crimes, com a rapidez de um The Flash. Tudo isso ao estilo do velho e bom folhetim, que circula no sangue da novela, inclusive dos folhetins eletrônicos da Rede Globo.

Li alhures que toda personagem principal é, no fundo, um alter ego de todo e qualquer autor.

No caso de Gênius – Origem – essa afirmativa é patente. A cidade canadense chama-se Victory City... Atenção: Victor (evidentemente um pseudônimo, um nome inventado, como inventada é a Victory City do autor, e se dela retirarmos o “y” fica Victor City...). Outro detalhe: a terceira e a quarta do nome da personagem principal (Eric) também são as segunda e terceira letras da cidade canadense e do pseudônimo do autor. E mais: se o leitor descobrir o verdadeiro nome do Autor verá que aí mantém a mesma correspondência.

Chego à temerária conclusão de que GÊNIUS – Origem – é um caso de metalinguagem, um verdadeiro diálogo do Autor com sua própria obra.

O relógio mágico é a capacidade de escrever que o Autor adquire mediante um atentado que sofre na usina elétrica (a escola) para onde vai numa excursão da escola (a educação difusa), numa espécie de ordem inversa da “escrita”. Nesse caso Victor Scofield e Eric Bruce, num processo dialético (sim é não e não é sim) são a mesma pessoa. A aventura novelística (ficção) do Autor (que é uma invenção, pseudônimo) e da personagem (outra invenção) fundem-se num só ato mágico. Tanto isto é verdade que o livro termina com uma personagem sem nome. Para mim o nome verdadeiro de Victor Scofield.

“– Elementar, meu caro Watson!”

Quer entender? Leia o livro.