Tânia poemas
Tânia poemas | |
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Descrição da obra | |
Autor | Pedro de Quadros Du Bois |
Título | Tânia poemas |
Assunto | Poesia |
Formato | E-book (formato PDF) |
Editora | Projeto Passo Fundo |
Publicação | 2015 |
Páginas | 100 |
ISBN | 978-85-8326-153-7 |
Formato | Papel 15 x 21 cm |
Editora | Projeto Passo Fundo |
Publicação | 2015 |
Tânia poemas Ler Pedro Du Bois é mergulhar em finas percepções do que seja o amor. Seus poemas revelam Tânia, mas, muito mais, revelam Pedro. Sente-se que há ali um homem em sua inequívoca tentativa de traduzir a riqueza da alma humana nas suas minúcias, nas suas contradições e "em todos os sentires". A sensibilidade do poeta derrama-se em versos para dizer a mulher, ainda mistério. Fala sobre o enigma que produz a fêmea, a mulher, a amante. Tânia é um livro avassalador, por permitir espiar pelo buraco da fechadura de um grande amor. Ele escancara para também esconder. Ele esconde para poder contemplar. Ele contempla para poder re(conhecer) e regressar todos os dias ao regaço de quem "se sabe primeira" e "é onça e mulher". Pedro diz o amor inconcluso, enquanto tateia pelas frinchas da alma, sem conseguir desvelar completamente o que o inquieta e o que o afaga. Pedro Du Bois faz-me um ser em estado de alumbramento, o que, sei, acontecerá a quem se deixar tocar por Tânia. (Sueli Ghelen Frosi)
Apresentação
Apresentação, por Tania Mariza Kuchenbecker Rösing
Apresentar um livro de poesias é prazer inusitado, ao mesmo tempo que se transforma em compromisso mais que ampliado. Conheço Pedro Du Bois desde a infância. Não imaginaria eu, em nossos encontros na igreja, nas visitas à casa de seus avós, da tia Honorina que estava tendo o privilégio de conviver com um poeta em construção. Lembro do seu jeito quieto, observador, sem muito riso, compenetrado. Um menino estudioso, obediente, exemplar. Não o conhecia de suas relações na escola, em meio a traquinagens próprias dos meninos. Lembro, também, do seu olhar terno, carinhoso, envolvente. Lembro ainda de seu comportamento aparentemente quieto na companhia de seus irmãos e de sua mãe, sem esconder seu olhar pleno de curiosidade. Imagino a Professora Lenita vaticinando: Meu filho vai ser poeta! / Você vai carregar água na peneira a vida toda./Você vai encher os vazios/com suas peraltagens/ e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!, como na obra de Barros. Tudo muito próximo. Tudo muito familiar. Tudo muito família. Tudo transformado em aposta de um futuro brilhante.
Os tempos se passaram. Estudamos em escolas diferentes. Cada um seguiu seu rumo. Cada um construiu sua trajetória pessoal e familiar que somente convergiu pela literatura. As Jornadas Literárias de Passo Fundo passaram a nos aproximar. Tive o privilégio de me envolver com suas criações poéticas divulgadas em livros e em meio virtual. Agora, apresenta-se a oportunidade única de apresentar o livro Tânia, dedicado à sua querida Tânia, com quem convive há várias décadas pelo casamento.
Em tendo o mesmo nome, Tânia, tento resgatar na memória declarações longínquas de minha mãe acerca da origem e do significado desse nome. Minha mãe afirmava e repetia: seu nome tem origem russa. Lembre: é um nome muito forte. Por isso não se pode reduzir seu uso ao diminutivo Taninha. É uma variação de Tanya, a forma resumida entre os russos de Tatiana, expressão feminina de Tatiano, Tatianus. Significa “de Tácio” ou “pertencente a Tácio”. Emergente da popularidade de uma santa do século III, no contexto da Igreja Ortodoxa, o nome Tatiana passou a ser muito frequente na Europa Oriental e na Rússia mais especificamente. A forma russa Tanya só passou a ser empregada pelos falantes da língua inglesa a partir da década de 1930. O nome Tania, por meio das informações divulgadas ao longo dos tempos em diferentes fontes, e veiculadas pela perspectiva materna, tende a significar determinação, autenticidade. Que compromisso precisaram e continuam precisando assumir as mulheres que receberam esse nome! A presença desse nome ainda hoje é uma constante entre as mulheres brasileiras que possuem entre 60 e 70 anos. Era uma tendência nas décadas de 40 e 50.
Assim, o livro Tania é uma homenagem de Pedro Du Bois à sua esposa pela grandiosidade interior dessa mulher, demonstrada numa vida plena de realizações: Libertada em destinos/ sabes o valor da escolha./ Caminhas trajetos/prévios. Determinas/ acontecimentos. Orientas/o nascedouro na medida /inexata dos humores: concluis /a existência em fatos/revistos. Ao passado concedes/a tentativa de ser permanência. É constituído por 70 poemas distribuídos em quatro segmentos: (Re)conhecer, Virtuose, (Re)vista, (Di)visão.
No primeiro, (Re)conhecer, propicia ao leitor, na trajetória de significação dos escritos, possibilidade de imaginar quem é a figura feminina a quem o poeta se dirige, passando a conhecer suas características, suas virtudes, seus trejeitos, e a reconhecê-las por sua essência: “Trazes o espírito/ moldado ao corpo/ festa permanente/ aberta ao contato: música e ouvidos/ trazes no corpo/ emoldurado espírito:/ teste superado. Essência açucarada pelos sentimentos que despertam no poeta: em teu beijo/ resido forças/ e permanência/ em tua vida/ beijo horas/ renascidas.” É o sentimento de um grande amor que permanece: Por tudo és quem/ sempre foste: chegada/ e partida. Seus encantos de mulher exalam em si os encantos da infância que abriga em meio à maturidade: Criança engrandecida/ em corpo de mocidade/ tinhas a ideia amadurecida/ da vida levada/ como a maioria/ não a conhecia. Seu ser assume uma singularidade ao se mover plena de luz, iluminando tudo e todos com quem convive, plena de sensibilidade, impulsionada pela emoção, pelo sentimento: Ilumina e queima/ trajetórias: levas/ o incêndio ao clarão/ da rua./Agitas o silêncio. Encanta-se o poeta, portanto, com o potencial interior e exterior da mulher amada, desvelando-a pela capacidade de encantar os que a cercam, defendendo sua determinação frente o tempo: A vida em bifurcação/ permite a escolha: vozes/ impõem condições (a casa/ a filha/ a hora):/ exerces sobre o tempo/ tua eficácia/e desfia roupas/comidas/ cama/ e mesa. Acentua o poeta as virtudes dessa mulher tão amada ao asseverar: Sabes sair/ e chegar: ouvir e escutar/ e falar./ Transformas o ato de viver/ na sorte necessária ao bem sorrir.
Em Virtuose, segundo segmento do livro, o poeta exalta o ser em que se constitui a amada no dia a dia, nos momentos (in)certos, (im)previstos sem perder a altivez da conduta grandiosa: Diversa à uniformidade/ és una: englobas o sistema/ e o desconsideras/ como meio/ e vida. Tens a desconformidade/ dos que enxergam/ o longe/ e o aproximam/ em paisagens. Uniformizas o todo/ ao teu gosto: ao desgosto/ concedes a diversidade/ na ocultação do choro. Destaca a sensibilidade e a liderança de suas ações sem ser tomada pelo autoritarismo que diminui, que menospreza: Determinada em acontecimentos/ não diriges a obra. Deixas que seja/construída ao sabor/ do vento/ no relento/ no erigir paredes/ na aspereza do espaço/ transformado./ No acontecer do instante/ te instalas entre alçapões/ sótãos e porões./ O que não mais admites/ em existência.
Já em (Re)vista, o poeta explicita a admiração pela amada, ampliando a adjetivação que demonstra esse sentimento, transformando seu jeito de ser em um modo de ser: Lampiões/ e bonitas tânias/ acompanham/ em carinhos. Reitera essa opinião em diferentes versos: (...) Sempre estiveste no lugar/ reservado ao dom de transformar/ a casa/ em lar: largo espectro/ no socorro/ necessário. Considera-a um todo de razão ampliada em muito pela emoção: Tens a emoção compartilhada:/ prazeres e frustrações/ vontade sobreposta/ ao desejo./ A instantaneidade do agir/ no descansar: trazes a filha/ que traz as filhas. Permite ao leitor que possa vivenciar ideias e sentimentos em confronto, em conjunção: Em olvidos respondes questões/ continuadas em vidas/ opostas. Recebes resultados/ e nas notícias inclui/ o sentir: afastas as águas/ movidas em areias.
Finaliza o livro em (Di)visão, momento em que apresenta a intensidade de seu amor, de sua paixão, de seu respeito pela amada Tania. Elogia, exalta, engrandece Tania. (Di)visa-a em suas virtudes pela linguagem que sugere amizade, amor, paixão, felicidade: Estás na disponibilidade/ do excesso na extremidade/ do significado. Em ti conheço/ o mundo fragmentado e o porto/ assegurado na incalculável/ chegada. És partida/ e a permanência grita teu nome./ Estejas aqui e no longínquo/ teu perfume exala a mulher./ A fêmea te socorre da mulher/ que és: esse o relato/ escrito com a paixão/ com que me cercas/ e me libertas.
O conjunto de poemas que constituem o livro Tania provoca muitas leituras as quais nos aproximam da palavra poética praticada por Pedro Du Bois em homenagem à sua querida esposa Tania, poemas feitos ao longo de sua existência e de sua prazerosa convivência com essa mulher grandiosa por suas virtudes, por seus talentos, pelo seu modo de agir e de sentir, merecendo o reconhecimento de todos os que apreciam envolver-se com poesia feita com muita sensibilidade, com muito talento. Podemos nos apropriar das palavras de Manuel de Barros referidas como epígrafe: O menino aprendeu a usar as palavras./Viu que podia fazer peraltagens com as palavras./ E começou a fazer as peraltagens.” A leitura deste livro é um convite ao leitor para que participe das peraltagens produzidas por Pedro Du Bois nos poemas que se constituem numa homenagem emocionada à Tania, sua querida esposa, sua encantadora mulher.
Índice
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- O livro foi lançado na 29ª Feira do Livro de Passo Fundo ocorrida em 5 de novembro de 2015.