Se não queres ser minha, não serás de qualquer um: Maldita Geni!
Se não queres ser minha, não serás de qualquer um: Maldita Geni!
Em 2015, por Elisabete Becker Salomão, Bruna Baggio e Luciane Maldaner
Se não queres ser minha, não serás de qualquer um: Maldita Geni![1]
Elisabete Becker Salomão[2]
Bruna Baggio[2]
Luciane Maldaner[2]
“Geni!” é uma personagem eternizada na canção “Geni e o Zepelin”de Chico Buarque de Holanda produzida para o musical “Ópera do Malando”(1977-1978), que fora sucesso nos anos de chumbo da ditadura Civil Militar (1964-1985). Não tão famosa, mas que ocupou as páginas policiais e do obituário do jornal O Nacional é a personagem “Geni” descrita em uma matéria publicada no dia 10 de julho de 1939.
Mas o que tem as duas personagens de épocas tão distantes e distintas em comum? As nossas personagens unem-se por seu modo de vida, ambas se dão a qualquer um – são prostitutas. A Geni “de Passo Fundo” tinha 18 anos, vivia na “pensão” da dona “Chica”, um dos tantos estabelecimentos da então Zona do Meretrício – que abrangia a Rua 15 de Novembro e adjacentes. Naquela época o famoso “Cassino da Maroca” ainda não havia sido inaugurado. Segundo relatos, Geni, como era conhecida a jovem prostituta, viveu “amancebada” com um “sujeito” por algum tempo, mas por não acertarem-se de “gênios” resolveu separar-se contra a vontade do amante, o qual prometeu acabar com sua vida: já que não queres ser minha, não serás de qualquer um.
Na madrugada de sábado 08 de julho, “encontrava-se Geni, na pensão da “Chica” sentada perto de uma mesa com “outros”, quando seu ex-amante aparece na janela e de lá desfecha um certeiro tiro, que atinge Geni na cabeça, sucumbido logo em seguida.” O assassino fugiu. Alguns dias depois o jornal noticia que a polícia ainda não o tinha encontrado.
Histórias como a da personagem Geni são objeto de estudo de um dos grupos do Laboratório de Memória Oral e Imagem do Curso de História da Universidade de Passo Fundo. O grupo é constituído por alunos bolsistas e voluntários, coordenados pela Professora Dra. Marlise Regina Meyrer, que desenvolve um trabalho de pesquisa sobre a Rua 15 de Novembro, abordando as histórias de vidas com base em fontes orais, visuais, audiovisuais e escritas. O objetivo visa (re)construir a história cultural da cidade de Passo Fundo. Para este trabalho as fontes do acervo do AHR se constituem em preciso amparo de pesquisas.