Rua Moron, dados históricos 2

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Rua Moron, dados históricos 2

Em 30/11/2004, por Welci Nascimento


Rua Moron

WELCI NASCIMENTO[1]


No final do século 19, a cidade de Passo Fundo era um pequeno núcleo arruado. A Rua Moron se limitava, somente, aos trechos entre a Capitão Araújo, que na época se chamava Rua do Estreito, até a Rua Coronel Miranda.

Tanto para o lado leste, como para o oeste, existiam terrenos baldios, cuja desapropriação, para abrigá-la, só veio se concretizar através da Lei Provincial n.º 1714, sancionada em 17 de dezembro de 1888, ano da abolição da escravatura no Brasil.

A citada lei autorizava a Câmara Municipal de Vereadores de Passo Fundo a desapropriar terrenos particulares da Rua Moron, no valor de 400S000 (quatrocentos mil réis).

Administrava o município o sr. Gabriel Bastos, presidente da Junta Governativa. O município se encontrava no período de transição entre o regime imperial e o republicano, como já foi analisado anteriormente.

No dizer da historiadora Delma R. Ghen, "a Rua Moron, na sua origem, contava com poucas quadras e poucas casas, ao longo do seu trajeto. Essas casas eram quilombos alegres". A rua não ia além da Rua Marcelino Ramos, partindo do Boqueirão. Com o decorrer dos anos, e atendendo o processo normal de crescimento da cidade, a Rua Moron foi se prolongando em direção ao Rio Passo Fundo, até atravessá-lo e atingir o bairro Petrópolis.

A Rua Moron é uma das mais desenvolvidas da cidade. Ela alcança hoje quase sete quilômetros, indo da Vila Independente, para o lado do Boqueirão. E, em direção ao nascente, atinge a Rua Campinas, no Bairro Petrópolis.

O seu coração pulsa, no trecho compreendido entre as ruas Coronel Chicuta e Fagundes dos Reis, em pleno centro da cidade.

Não se tem notícia, nem registros, que a Rua Moron tenha tido outro nome, como aconteceu com a maioria das antigas ruas. Quando ela foi aberta e nominada, em 6 de março de 1865, a Câmara de Vereadores contratou o agrimensor Manoel José de Azevedo para efetuar o levantamento da planta geral da vila e autorizou este a inscrever, ao sul da Rua do Comércio (Av. Brasil), o nome de Rua Moron.

Administrava o município de Passo Fundo o Coronel Francisco de Barros Miranda.

A pergunta que se faz é: por que o nome de Moron a essa rua, nominada em 1865? O nome é de origem espanhola. O que teria levado as autoridades de Passo Fundo a nominar uma de suas ruas com um nome de origem espanhola? A história poderá nos ajudar nesse mister. Em todas as lutas de fronteira, no sul do Brasil, o Rio Grande do Sul sempre esteve presente para assegurar a soberania nacional. Foi o imperador D. Pedro II que concedeu ao Rio Grande do Sul o título de "Sentinela do Brasil", por estarmos sempre prontos para defender o território brasileiro contra a ação devastadora dos ditadores da fronteira sul. Seguidamente havia movimentos de fronteira insuflando o povo a invadir o território brasileiro, através do Rio Grande do Sul, pondo em risco a soberania nacional. Por isso o povo gaúcho sempre estava em guerra ou em pé de guerra.

Em 3 de fevereiro de 1852, o Brasil participou da chamada "Batalha de Moron", travada nos campos de Moron, arredores de Buenos Aires, na Argentina. Comandava as tropas o General Marques de Souza, que derrotou o ditador argentino, João Manoel Rosas.

É possível que alguns passo-fundenses tenham participado nessa batalha, como aconteceu em Paissandu, na República do Uruguai, e na Guerra do Paraguai, sob o comando dos oficiais da Guarda Nacional, aqui sediada, como comprova uma das últimas Cartas Patentes expedida, já na república, e assinada pelo Presidente da República, Nilo Peçanha, nomeando o sr. Galdino Paz de Oliveira, avô de Gilson Paz, para o posto de tenente da Guarda Nacional da comarca de Passo Fundo.

  1. Welci Nascimento é professor aposentado e membro da Conferência Vicentina São Marcos. - Na Academia Passo-Fundense de Letras ocupa a cadeira nQ 23, cujo patrono é Casimiro de Abreu.