Primeiros passos do ensino privado em Passo Fundo

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Primeiros passos do ensino privado em Passo Fundo

Em 31/10/2019, por Natália Carla Vanelli e Roberto Biluczyk


PRIMEIROS PASSOS DO ENSINO PRIVADO EM PASSO FUNDO


Natália Carla Vanelli[1]

Roberto Biluczyk[2]


Resumo: As escolas privadas chegaram a Passo Fundo no início do século XX e com elas assomaram-se acontecimentos marcantes que materializariam a educação básica no município e transformariam a sociedade. Salienta-se que, surgidos a partir de correntes religiosas diferenciadas entre si, os educandários contribuiriam para as ações observadas na cidade nos anos porvindouros. Portanto, entender pormenores da criação e da história do Colégio Marista Conceição, do Instituto Educacional Metodista e do Colégio Notre Dame ajuda na compreensão de parte da história de Passo Fundo.


Palavras-chave: Escolas privadas. Educação básica. Ensino confessional.


Introdução


Nesse capítulo pretende-se apresentar os passos iniciais do ensino privado na cidade de Passo Fundo/RS, enfatizando-se as experiências permanentes. As iniciativas educacionais, datadas do início do século XX, em muito refletem peculiaridades fundamentadas nos contextos, tanto religioso como político, do município, do Rio Grande do Sul e do Brasil.

Sabe-se que ações que versavam sobre a instrução se desenvolveram de maneira tardia no Brasil. Apenas em 1827, cinco anos após a emancipação do país, apresentou-se a primeira lei sobre o ensino primário de crianças em escolas. Naquele período e nos anos que se seguiram, localidades emergentes encontrariam barreiras logísticas e estruturais para implantar suas classes de alfabetização. Afinal, os municípios eram vastas extensões de terra, com pouco ou nada em comum; e a administração dessa territorialidade também era restrita, o que dificultava os avanços econômicos e sociais (Rosso; Siqueira, 1998, p. 92).

Nesse panorama, entretanto, houve sensível diferença entre as classes sociais no que se refere à oferta de ensino. Quem possuía condições financeiras suficientes, enviava seus filhos para estudar nas melhores instituições das capitais e grandes centros urbanos, inclusive fora do país (Medeiros, 2007, p. 96). Já as pessoas que não possuíam recursos dependiam das ações governamentais ou assistenciais, mas estas eram poucas.

Em Passo Fundo, a primeira experiência de ensino data do ano de 1848, quando foi criada uma escola primária, voltada a alunos do sexo masculino. No entanto, pouco tempo depois de implantada, a classe já sofria com a ausência de professores (Gehm, 1976, p. 13). Já em 1854, surge a segunda escola, esta para o atendimento de meninas, na sede da Freguesia.

A emancipação do município se deu em 1857. Apesar disso, poucos avanços ocorreriam na educação básica passo-fundense nos anos posteriores daquele século. Em 1874, Antonio Ferreira Prestes Guimarães (1837-1911), secretário da Câmara Municipal de Passo Fundo, lamentava em relatório “o atraso da instrução pública” no município, que possuía apenas quatro experiências escolares de alfabetização, sendo duas delas situadas nas localidades de Soledade e Nonoai (Vergueiro, 1967, p. 7).

Então, é somente no final do século XIX que Passo Fundo começa a se destacar como um centro de desenvolvimento no norte do Rio Grande do Sul. Entre efemeridades e constâncias, a fundamentação da área educacional se daria paulatinamente, através de iniciativas pontuais promovidas por professores autônomos, a exemplo de Anna Luísa Ferrão Teixeira (1879-1940).

Quanto à competência pública, percebe-se, a partir de 1903, um esforço político para levar novos espaços de alfabetização para localidades mais distantes (Gehm, 1976, p. 17). Na sede do município, a primeira organização concreta e duradoura nesse aspecto se deu através da fundação do Colégio Elementar[3], em 1911.

Mesmo com a grande quantidade de esforços individuais e coletivos, pessoais ou estatais, ainda havia considerável insuficiência na oferta de vagas e na estrutura escolar. Foi então que as lideranças religiosas tomaram a dianteira, preenchendo as lacunas que o poder público deixava, em um panorama marcado por falhas sócio-políticas (Medeiros, 2007, p. 95).

Assim, a predominância da Igreja Católica no município fez com que as ordens religiosas ligadas a ela se colocassem como pioneiras na iniciativa educacional. Porém, o despertar da fé protestante em Passo Fundo transformaria definitivamente esse cenário, gerando certa concorrência entre as religiões – e consequentemente entre as escolas.

A organização diferenciada dos religiosos e leigos metodistas originou o Instituto Ginasial de Passo Fundo, em 1920, conforme será apontado nesse capítulo. Antes, a presença dos Irmãos Maristas constituiria, por curto tempo, o Colégio São Pedro. Em 1929, a congregação voltaria à cidade, instalando sua ação definitiva: o Colégio Marista Conceição.

Nesse momento, Passo Fundo já contaria com novos educandários, como o Colégio Notre Dame, comandado desde 1923 por religiosas alemãs, convidadas à missão na cidade por um padre franciscano. Detalhes sobre essas experiências podem ser observadas a seguir.


A presença Marista em Passo Fundo


A Congregação Marista foi fundada na França, em 1817, por Marcellin Joseph Benoît Champagnat (1789-1840)[4]. A vida de Champagnat e suas ações foram pautadas dentro de um cenário de transformações e instabilidades do ponto de vista religioso, especialmente ligadas às repercussões da Revolução Francesa, um fenômeno político e social de grande impacto. Para mais, destaca-se que o trabalho dos religiosos filiados a essa congregação possui, desde seus encaminhamentos iniciais, forte ligação com o ensino. Seu “objetivo fundacional era dirigido à educação de crianças e jovens, principalmente os mais pobres, e trazia uma forte intencionalidade: ‘Formar bons cristãos e virtuosos cidadãos’” (Hahn, 2015, p. 9).

A vinda da congregação ao Brasil ocorreu em 15 de outubro de 1897, quando seis irmãos Maristas oriundos da França desembarcaram na capital federal, Rio de Janeiro, a fim de iniciar sua obra no país. No mesmo ano, os religiosos chegaram ao Rio Grande do Sul, radicando-se em Bom Princípio/RS[5], atendendo ao chamado do padre jesuíta Rudgero Stenmanns e do Bispo do Rio Grande do Sul, Dom Cláudio José Gonçalves Ponce de Leão (1841-1924).

Em Passo Fundo, em 1905, o então vigário paroquial, o padre palotino[6] Pedro Wimmer (1870-1928), em comum acordo com o Intendente Municipal de Passo Fundo, Pedro Lopes de Oliveira (1865-1948), convidou os Irmãos Maristas a instalarem um educandário católico no município. O padre visava, com a criação da escola, promover um “movimento de reativação de fé” católica na cidade (Damian; Damian, 2008), que observava as primeiras atividades protestantes em sua sede.

Ao aceitarem o convite, os irmãos fundaram e administraram o Colégio São Pedro em Passo Fundo, entre 1906 e 1910, contando, inicialmente, com um subsídio no valor de um conto de réis. Nos seus primeiros meses de atuação, já havia 37 alunos participantes da Primeira Eucaristia, situação que gerou contentamento aos diretores da paróquia (Vanelli, 2018, p. 8).

Em seus dois primeiros anos, a escola funcionou em uma casa alugada, propriedade de Aníbal di Primio (1843-1931)[7], sob a direção de Irmão Tarcísio. Em 1908, porém, o proprietário do imóvel vendeu a edificação, localizada nas proximidades da atual Praça Tamandaré. Devido a isso, os irmãos Maristas transferiram a sede do educandário para um novo prédio, junto à Rua do Commercio, atual Avenida Brasil (Damian; Damian, 2008). Contudo, naquele mesmo ano, a posse de Gervasio Lucas Annes (1853-1917) como Intendente Municipal transformou as relações entre os religiosos e o poder público.

Annes suprimiu a contribuição financeira concedida ao Colégio São Pedro[8]. Primeiramente, os Irmãos Maristas tentaram permanecer na cidade e seguir sua missão, cobrando mensalidade dos alunos para ajudas de custo. Entretanto, os estudantes, em situação de pobreza, não conseguiram se manter matriculados e abandonaram a instituição (Livro de Atas, 1910-1939). Diante da circunstância, o Colégio São Pedro foi fechado e em 1910 a congregação deixou o município.

Figura 01. Alunos do Colégio São Pedro, juntamente como os Irmãos Maristas, 1908. Fonte: Rede Marista.

Em 1914, uma nova escola foi aberta em Passo Fundo, sob direção dos padres palotinos e supervisão de Emílio Stigler (1882[9]-1944), professor de origem alemã, instalado desde anos antes na cidade. O educandário foi nomeado em homenagem à Nossa Senhora da Conceição (Vergueiro, 1967, p. 12). Destaca-se que a metodologia utilizada pelo educador possuía influências naquela empregada pelos Irmãos Maristas em sua experiência de outrora. A escola funcionou ininterruptamente até 1919, retomando suas atividades em 1922 (Damian; Damian, 2008).

Durante o período em que atuou na escola, Stigler, com sua forte ligação à fé católica, empenhou-se pelo retorno dos Irmãos Maristas a Passo Fundo. Em 1928, finalmente surgiu a oportunidade desejada. Os padres palotinos se retiraram da paróquia da cidade, sendo substituídos por sacerdotes da Sagrada Família. Estes, por sua vez, não tinham condições de assumir o educandário, que foi colocado à venda.

Irmão Paulo Norberto, Superior Provincial da Congregação Marista, foi convidado a estudar a possibilidade de a congregação administrar o educandário efetivamente (Vanelli, 2018, p. 9). Após examinar a proposta de venda, o terreno em que escola estava instalada, localizado na Rua Teixeira Soares, foi adquirido pelos Maristas por 42 contos de réis (Vergueiro, 1967, p. 18). Então, em dezembro de 1928, foi constituída na cidade uma comunidade de cinco irmãos Maristas, composta por Emílio Cesário, João Evangelista, Edgar Victor, João Marcos e Cláudio João Rohr (Livro de Atas, 1910-1939).

O Irmão Emílio Cesário, que já estivera em Passo Fundo em 1906, no antigo Colégio São Pedro, foi nomeado como o primeiro diretor da nova escola, exercendo essa função durante quatro anos. Natural da França, Cesário ingressou na congregação em 1898, transferindo-se ao Brasil em 1904 (Damian; Damian, 2008). Durante o período em que comandou a escola, trabalhou pelo reconhecimento dos cursos oferecidos pelo educandário.

A data de 1º de março de 1929 marca a instalação do Colégio Nossa Senhora da Conceição sob a administração Marista. A regência dos Irmãos Maristas tornou a instituição confessional. Esse modelo de escola procura basear seus princípios, objetivos e formas de atuação em uma religião – nesse caso, a católica – diferenciando-se assim das escolas laicas. Dessa maneira, observa-se pela publicidade da época que o educandário se promovia como uma escola voltada ao ensino de crianças e jovens católicos (Guia, 1939).

Salienta-se que era característico da congregação admitir apenas alunos do sexo masculino, em regime de internato e externato. Em um primeiro momento, apenas irmãos Maristas atuavam como professores em suas escolas[10]. No entanto, o gradativo e significativo aumento de matrículas fez com que novos educadores homens ministrassem aulas nas instituições (Colégio Marista Sant’ana, 2018). Isso também ocorreria em Passo Fundo.

Entre as primeiras preocupações dos irmãos Maristas em Passo Fundo estava a adaptação do curso ginasial a seu estilo. Em busca do aprimoramento do ensino, construiu-se a estrutura necessária para o recebimento de um internato e de um juvenato[11]. Em 1930, inaugurou-se uma estrutura de alvenaria junto ao terreno adquirido para abrigar as aulas.

Figura 02. Primeiro prédio do Ginásio Nossa Senhora da Conceição localizado na Rua Teixeira Soares, em frente ao Hospital São Vicente de Paulo, por volta de 1930. Fonte: Rede Marista.

Para mais, ressalta-se que os alunos em regime de internato contavam com atividades profissionalizantes, sendo responsáveis pelo plantio, cuidado e manutenção da horta, produzindo vegetais que seriam fornecidos, posteriormente, ao consumo alimentício da escola, contribuindo, assim, à subsistência da instituição. Destaca-se que outros cursos eram oferecidos pelo educandário a seus alunos, como: Pecuária, Marcenaria, Teatro, Direito, Contabilidade, entre outros (Vanelli, 2018, p. 11).

Durante os anos 1940, diante do crescimento da instituição e de sua consolidação no cenário escolar da cidade, os irmãos Maristas perceberam que seu prédio já não comportava a demanda de matrículas, visto que havia lista de espera para ingressar na instituição. Assim, aprovou-se a construção de um novo prédio, na esquina das ruas Paissandu e Fagundes dos Reis, em amplo terreno na região central, para onde se transferiria e até hoje se mantém, ocupando um quarteirão. Já na nova sede, em 1952, o Ginásio se transforma em um Colégio, após ganhar o reconhecimento público para o funcionamento do Curso Colegial[12].

Entre idas e vindas, a Congregação Marista se fixou em Passo Fundo, oferecendo sua metodologia de ensino voltada à juventude católica masculina da cidade. Sua segunda apresentação, a partir de 1929, encontraria um panorama diferenciado, dado que outras duas instituições já atuavam com força no município, sendo uma delas de inspiração protestante, como se apresentará a seguir.


A educação Metodista em Passo Fundo


A Igreja Metodista surgiu em meados do século XVIII, na Inglaterra, a partir de reuniões de acadêmicos da Universidade de Oxford, que buscavam uma vivência religiosa que privilegiasse a fé esclarecida, através de um maior alcance social, ressaltando a prática educacional (Escott; Polidori, 2010, p. 127). John Wesley (1703-1791), principal expoente do metodismo, permaneceu vinculado ao ambiente universitário, recebendo influências do Iluminismo e reunindo na nova crença “de uma só vez disciplina metódica e espiritualidade, racionalidade e emocionalidade, ciência e religião” (Novaes, 2003, p. 107).

Em pouco tempo de criação, a Igreja Metodista ganhou adeptos nos Estados Unidos, país de onde eram originários os missionários que trouxeram o movimento religioso ao Brasil, durante o século XIX. No Rio Grande do Sul, os metodistas iniciaram sua ação primeiramente em Porto Alegre, no ano de 1885, por intermédio de uma missão oriunda do Uruguai.

Nesse desdobramento, foi dada considerável atenção ao princípio educacional, voltando-se esforços ao ensino de mulheres e das classes mais baixas, sob comando da jovem educadora uruguaia Carmen Chacon (1869-1889)[13] (Fonseca, 2009, p. 79).  O metodismo como religião chegou a Passo Fundo em 1902, inicialmente com visitas periódicas dos pastores de Cruz Alta/RS e, a partir de 1911, com lideranças residentes na cidade.

Em 1914, a organização das missões estadunidenses metodistas solicitou à professora de Matemática da Universidade do Texas, Mary Elizabeth Decherd (1874-1954), recomendações sobre um ex-aluno dela, que estava prestes a ser encarregado ao serviço missionário. Esse ex-aluno era o Reverendo Jerome Walter Daniel (1884-1955)[14], que foi definido por Decherd como uma pessoa de caráter exemplar (Sledge, 2006, p. 6).

Diante da recomendação, ao concluir sua formação educacional, J. W. Daniel foi designado para trabalhar em Uruguaiana/RS. Um ano depois, o Reverendo foi transferido para Passo Fundo, a fim de coordenar os trabalhos da Igreja Metodista no município. Paralelamente, Decherd iniciou, no âmbito universitário, campanhas de arrecadação de fundos, dentro da University of Texas Epworth League[15], para fortalecer a presença metodista na cidade sul-rio-grandense, tornando-se a professora, pessoalmente, uma grande incentivadora do trabalho evangelístico do pastor[16].

O primeiro ato viabilizado em Passo Fundo pelo esforço da liga foi a construção de um templo de alvenaria na esquina da Avenida Brasil com a Rua Bento Gonçalves (Sledge, 2006, p. 10). A segunda ação de relevância relacionava-se à questão educacional, idealizando-se primeiramente uma escola paroquial, nos moldes recomendados pela organização religiosa (Medeiros, 2007, p. 100). É importante destacar que “os educadores metodistas estavam absolutamente convictos de que tinham responsabilidades na transformação dos destinos do Brasil” (Novaes, 2003, p. 125), configurando-se como difusores dos conhecimentos que detinham em meio ao sistema educacional brasileiro em desenvolvimento[17].

Conforme visto anteriormente, Passo Fundo era uma cidade em ascensão que não contava com uma estrutura de ensino condizente com seu papel dentro do panorama regional. Isso motivou o poder público[18] a doar à Igreja Metodista, em dezembro de 1919, um terreno no bairro Boqueirão, a fim de que no local fosse construída uma escola que servisse de modelo às demais. O referido espaço abrigava, até então, a Praça Boa Vista.

Assim, J. W. Daniel, perante a conquista, utilizou uma estrutura provisória para fundar a escola, antes mesmo da construção definitiva das edificações previstas para o terreno doado. De tal modo, em 15 de março de 1920, começa a funcionar o Instituto Ginasial de Passo Fundo[19], sediado em um chalé de madeira, anexo ao templo, na região central da cidade.

Já Mary E. Decherd, ainda dotada da coordenação do auxílio financeiro à missão passo-fundense, mobilizou novamente a liga texana para contribuir à edificação dos prédios que abrigariam a nova escola. Em 1921, J. W. Daniel deixou Passo Fundo para assumir a liderança regional da Igreja em Cruz Alta, então Daniel Lander Betts (1887-1965), também de origem estadunidense, tornou-se o encarregado de dar continuidade às obras do Instituto Ginasial, dirigindo a escola até 1924[20].

Figura 03. Prédio Daniel, construído para abrigar o internato masculino do Instituto Ginasial - posteriormente chamado IE. Destruído por um incêndio em 21 de julho de 1994. Fonte: Site Metodismo Rio Grande do Sul.

A construção se deu rapidamente, dentro do prazo esperado pelos missionários e seus encarregados. Entre 1922 e 1923, estavam plenamente finalizados e inaugurados o Edifício Texas e o Prédio Daniel, assim batizado em homenagem a J. W. Daniel. Enquanto o primeiro, localizado na Avenida Brasil, nº 1623, sediaria as salas de aulas e a estrutura administrativa e pedagógica, o segundo, na Rua Paissandu, esquina com a Rua Coronel Miranda, edificado em lote de terra adquirido em 1921, próximo ao espaço doado, abrigaria o internato masculino.

A finalização das construções foi acompanhada com entusiasmo pelos metodistas dos EUA através de relatos publicados no informativo The Missionary Voice. Destaca-se que importantes bispos estadunidenses da religião e a própria Mary Decherd visitaram Passo Fundo durante e também após a conclusão das obras, admirando-se com a ação que incentivaram (The Missionary Voice, 1923).

Para mais, do ponto de vista pedagógico, a escola metodista de Passo Fundo apresentou inovações, visto que não adotou o modelo comum às escolas privadas de então, recebendo alunos de ambos os sexos, em um sistema misto. Paulatinamente, novas ideias foram introduzidas no âmbito escolar, como o Grêmio Literário Castro Alves e a Escola de Comércio, que oferecia, além do Curso Básico, o Técnico em Contabilidade (Gehm, 1976, p. 24). Da mesma forma, o Instituto Ginasial promovia grande incentivo ao esporte, organizando competições em conjunto com outras escolas metodistas do Rio Grande do Sul, a partir de 1928 (TIMM, 1996, p. 118).

Também, é importante destacar que em virtude de a escola estar construída em um local considerado distante do centro da cidade, quase no final da zona urbana, D. L. Betts, enquanto diretor do Instituto, nos anos 1920, instituiu uma diligência[21] que circulava pelas vias centrais de Passo Fundo, ajudando na locomoção de alunos externos e professores, antes e depois das aulas. Pontua-se que foi assim que se configurou a primeira iniciativa de transporte escolar na cidade (Gehm, 1976, p. 28).

Figura 04. Vamos à escola. Diligência do Instituto Gymnasial, em frente ao Prédio Texas, na década de 1920. No canto direito da foto, vê-se Sante Uberto Barbieri, mais tarde bispo da Igreja Metodista e fundador do Grêmio Passo-Fundense de Letras. Acervo Instituto Educacional.

A relação entre os metodistas do Brasil e dos Estados Unidos seguiu forte até o final da década de 1920. A partir de então, pelo menos três fatores contribuíram para uma sensível alteração no contexto. Nesse período, os estadunidenses enfrentaram uma considerável crise econômica, que dificultou a angariação de fundos para as obras brasileiras e o livre trânsito de missionários (Sledge, 2006, p. 13). Para além, em meio ao entrave, a Universidade do Texas retirou o apoio às ações de Decherd direcionadas a Passo Fundo, inviabilizando seus esforços, que passaram a se voltar às missões dentro de seu próprio país. Por fim, a Igreja Metodista adquiriu autonomia no Brasil em 2 de setembro de 1930, diminuindo aos poucos a influência que o ramo estadunidense da Igreja possuía sobre a organização (Sledge, 2006, p. 13).

Apesar disso, grande número de missionários seguiu trabalhando no Brasil. Em Passo Fundo, destaca-se a presença do professor William Richard Schisler (1889-1971). Natural dos Estados Unidos, Schisler tornou-se missionário leigo em 1921, fixando-se em Uruguaiana. No final de 1929, foi designado como vice-diretor do Instituto Ginasial, na gestão de Eugene Chesson (1897-1967), passando a morar em Passo Fundo no ano seguinte. Já em 1933, com o retorno de Chesson aos EUA, Schisler assumiu a direção do educandário, permanecendo por mais de 20 anos no cargo[22]. Salienta-se que ele foi casado com Frances Purcell Schisler (1889-1983), que trabalhou na instituição como diretora do Departamento Doméstico (A Noite Ilustrada, 1943, p. 2). Sob sua gerência, a escola se consolidou definitivamente no contexto passo-fundense, ganhando ampla projeção. Assim, a história do Instituto nesse período muitas vezes se entrelaça com a liderança de seu diretor[23].

Entre janeiro e fevereiro de 1958, após anunciar sua aposentadoria e seu retorno ao país de origem, na companhia de sua esposa, William Richard Schisler foi homenageado publicamente por meio de diversos atos. Destaca-se aqui dois deles: a conferência do título de cidadão passo-fundense, pela Câmara de Vereadores, e a instalação de um busto, na entrada do Edifício Texas[24]. Em 1962, realizou uma visita à cidade, sendo altamente reverenciado[25].

A estrutura patrimonial da escola foi se modificando ao longo dos anos. Contudo, o Edifício Texas se mantém de pé, estando desde abril de 1994 tombado como patrimônio histórico. Ainda em 1994, no dia 21 de julho, um incêndio destruiu por completo o Prédio Daniel. O local comportava salas de aula, setores de coordenação e a residência de um pastor (O Nacional, 1994, p. 1), sublinha-se que o internato havia sido desativado anos antes. Assim, durante a década de 1970, novos prédios foram levantados, abrigando salas de aula e laboratórios. O Ginásio de Esportes W. R. Schisler, inaugurado em 1934, inicialmente construído em madeira, foi substituído por estrutura de alvenaria, em 1981. Também compôs a propriedade escolar a Granja Nancy, localizada na área rural do município.

Em meio ao contexto da educação nacional, o Instituto Ginasial recebeu, em 1943, autorização para implantar o Curso Colegial, sendo umas das primeiras escolas a conseguir tal feito no Rio Grande do Sul (Vergueiro, 1967, p. 15). Na mesma época, mudou sua nomenclatura para Instituto Educacional, título que geraria a sigla IE que o identificaria socialmente nos anos posteriores[26].

Em suma, a iniciativa metodista, surgida do apoio dos estudantes texanos e privilegiada pela desenvoltura profissional dos missionários e da comunidade, tornou o Instituto Educacional parte da história passo-fundense, impulsionando outras ações ligadas ao ensino na cidade.


O educandário católico feminino das Irmãs de Nossa Senhora


No final de década de 1840, as educadoras formadas em ambiente católico, Hilligonde Wolbring (1828-1889) e Elisabeth Kühling (1822-1869), habitantes da região prussiana da Vestfália, atual Alemanha, iniciaram espontaneamente a acolhida de crianças em situação de orfandade na cidade de Coesfeld, lhes disponibilizando cuidados e instrução. Logo, a iniciativa motivou as jovens ao exercício da caridade por meio da vida religiosa.

Três irmãs da Congregação de Nossa Senhora de Amersfoort, na Holanda, deslocaram-se até a localidade onde Wolbring e Kühling realizavam seus serviços, a fim de associá-las ao grupo religioso (Paier, 2008, p. 37)[27]. Em 1850, as educadoras receberam o título de noviças, professando seus votos dois anos mais tarde. A partir de então, passaram a ser conhecidas, respectivamente, como Irmã Maria Aloysia e Irmã Maria Ignatia.

A Congregação de Nossa Senhora – Notre-Dame em francês – foi fundada em 1804, por Marie-Rose-Julie Billiart (1751-1816)[28] e Marie-Louise-Françoise Blin de Bourdon (1756-1838)[29]. O ideal do trabalho das religiosas consiste na promoção da educação em missão. Consequentemente, inspiradas no exemplo de Billiart e Bourdon, outras organizações similares surgiram em território europeu. Por seu pioneirismo, Irmã Maria Aloysia e Irmã Maria Ignatia são conhecidas como fundadoras da congregação em Coesfeld, exercendo cargos ligados à educação e à assistência de pessoas necessitadas até o final de suas vidas. Foi essa ramificação da congregação que fundou as obras instaladas em Passo Fundo.

Diante do entendimento de que já não conseguiam plenamente praticar suas obras em território alemão, devido ao contexto de instabilidade política do país, a partir da década de 1920, as religiosas da congregação passaram a buscar locais alternativos para exercer suas atividades. Em 1922, Madre Maria Cecília, superiora geral da congregação na Alemanha, recebeu uma carta do Frei Jacob Höfer, franciscano em missão em Não-Me-Toque/RS[30]. Em seu relato, Höfer, conhecedor do carisma das irmãs, informou a necessidade da efetivação de ações voltadas ao ensino em escolas e internatos naquela localidade, em meio a problemas de infraestrutura logística e educacional (Zanotto, 2011).

De tal modo, em 1923, um grupo de dez irmãs de Coesfeld deixou a Alemanha rumo ao Brasil para fundar uma nova obra educacional. Ao chegarem em Passo Fundo, em 07 de junho de 1923, dividiram-se em seus destinos, parte delas atuando em Não-Me-Toque, onde instalaram o Distrito Missionário de São José, órgão que daria origem à Província de Santa Cruz, em 1937 (Zanotto, 2011). As demais permaneceram em Passo Fundo[31], onde alugaram uma casa na Rua Moron, a fim de iniciar o atendimento da juventude católica feminina.

Em agosto de 1923, as irmãs iniciam o atendimento a meninas na escola. O grande número de matrículas motivou a primeira mudança de endereço, transferindo-se as atividades para a Rua Bento Gonçalves, mais precisamente na quadra entre as atuais ruas Independência e General Osório (Bonato, 2010, p. 63). Começava aí a história do Colégio Notre Dame.

Nos anos seguintes, novas religiosas se transferiram ao Brasil em missão, a exemplo da Irmã Maria Catarina (1901-1965). Nascida em Aachen, Império Alemão, com o nome de Anna Dautzenberg, ingressou na congregação em maio de 1922, tornando-se noviça em abril de 1923, época em que as primeiras irmãs deixavam o país rumo ao Brasil. Concluiu seus estudos na Alemanha, preparando-se para o trabalho missionário.

Em abril de 1927, Irmã Maria Catarina chegou ao Brasil a fim de trabalhar na missão de Passo Fundo. No mesmo ano, em dezembro, com a transferência da diretora Irmã Maria Firmine, assumiu o comando do educandário, cargo que exerceria por 26 anos (Nascimento; Dal Paz, 1995, p. 63). Em sua gestão, foi adquirido o terreno onde se construiu a sede própria da escola, inaugurada em 1930, localizada na Avenida Brasil, nº 952, obra do renomado construtor João de Césaro (1883-1945).

Figura 08. Vista da Avenida Brasil e do Colégio Notre Dame, década de 1950. Projeto Passo Fundo

As atividades de Irmã Maria Catarina não se restringiriam à escola, uma vez que ela também atuaria junto à Pastoral católica, trabalhando com crianças – ministrando catequese –, enfermos e presidiários – em funções de atendimento espiritual. Também deu aulas de Religião na rede pública de ensino. A religiosa deixou Passo Fundo em 1954, ao se transferir para o Rio de Janeiro, falecendo posteriormente naquela cidade (Nascimento; Dal Paz, 1995, p. 64).

Portanto, uma vez dotada de uma sede própria, a atividade escolar do Ginásio Notre Dame foi oficializada em 1931. A partir de 1943, obtém autorização para implementar um curso de formação de professores primários, o chamado Curso Normal, primeiramente para diplomar professoras religiosas e, em seguida, também educadoras leigas (Gehm, 1976, p. 26).

Em 1954, a escola amplia suas instalações. Três anos antes, a instituição alcançou status de Colégio, adotando definitivamente a atual nomenclatura, Colégio Notre Dame, resgatando o nome que utilizou em seus primeiros anos. Após a doação pública de um terreno aos fundos da estrutura escolar, onde estava instalada a Praça Marechal Deodoro, foi possível construir seu complexo esportivo, inaugurado em 1967 (Gehm, 1976, p. 27).

Paralelamente a sua ação no núcleo sede de Passo Fundo, as irmãs articularam, em 1928, a abertura de mais uma escola, em terreno doado por Faustino Rodrigues da Silva (1876-1934), proprietário de grandes quantidades de terra na Vila Rodrigues. A obra se voltaria ao ensino dos mais pobres e herdaria características de uma ação pré-existente, comandada por Annita Dandreaux da Silva (1892[32]-1955)[33], que se encontrava, na ocasião, muito doente. No entanto, ao menos duas adversidades impediram que as irmãs consolidassem sua nova obra escolar. A primeira delas foi a invalidação da doação de Rodrigues, uma vez que o referido lote foi reivindicado pelo poder público[34]. A segunda questão estava ligada à recuperação da saúde de Annita, que solicitou a devolução dos materiais didáticos doados e a retomada de suas atividades (Paier, 2008, p. 57).

Em 1941, ao adquirirem uma casa ao lado da Igreja Santa Terezinha, onde prestavam auxílio às atividades pastorais, as religiosas finalmente instalariam uma unidade de ensino no bairro, atendendo principalmente filhos de ferroviários que moravam nas proximidades. As irmãs se deslocavam, diariamente, do Centro para a Vila Rodrigues para ministrar aulas e coordenar atividades. Em 1944, o novo educandário ganhou autonomia em relação à sede, deixando de ser uma extensão, adotando o nome de Escola Menino Jesus (Paier, 2008, p. 59).

Ressalta-se que logo nos primeiros anos, as irmãs expandiram suas obras para outros distritos passo-fundenses e localidades próximas. No Brasil, instalaram-se em um incontável número de cidades, a exemplo de São Paulo e Rio de Janeiro. Para mais, o aumento significativo das obras das Irmãs de Nossa Senhora motivou, a partir de 1962, a divisão da Congregação em duas províncias: a de Santa Cruz, permanecendo com sede em Passo Fundo, e a de Nossa Senhora Aparecida, cujo núcleo se localiza em Canoas/RS. Ambas sustentam expressiva quantidade de escolas, hospitais e obras assistenciais no Brasil.

Em síntese, atendendo ao chamado de Frei Höfer, as irmãs de Notre Dame vieram a Passo Fundo e por aqui consolidaram o ensino católico de meninas, tornando-se referência às famílias adeptas da religião. Anos mais tarde, com as mudanças promovidas na área educacional, ampliariam sua atuação, atendendo também a alunos do sexo masculino.


Considerações finais


Ao menos três fatores chamam atenção em relação à consolidação das escolas em Passo Fundo: a dificuldade do poder público em edificar escolas sob sua responsabilidade, no período imperial e na Primeira República, a proeminência de ordem religiosas católicas e igrejas protestantes junto à oferta de ensino e a presença de estrangeiros nessas obras.

Destaca-se que havia por parte da Igreja Católica consistente incentivo à instalação de ordens e congregações religiosas, masculinas ou femininas, originárias da Europa. A valorização do catolicismo em um panorama regional era um dos objetivos da Igreja. Assim, o ambiente se tornava favorável à implantação de escolas, bem como de outras obras sociais, como hospitais, considerando o carisma de cada organização.

Igualmente, as igrejas protestantes mais tradicionais se preocupavam com as questões ligadas à instrução. Sua instalação no estado, da mesma forma, tornou-se ponto de difusão às ideias arraigadas em seus pensamentos. O incentivo à leitura da Bíblia, desde os primeiros ecos da Reforma Protestante, era um dos principais motivos relacionados à sustentação de obras missionárias afins.

Dotadas da construção e administração de ações escolares, pode-se afirmar que tanto as congregações religiosas católicas como as protestantes tiveram fundamental importância na formação do caráter de lideranças sul-rio-grandenses. As instituições ajudaram a educar e a formar a mentalidade de inúmeras personalidades que se tornariam representantes da comunidade em diferentes esferas sociais.

Portanto, ao estudar o ato educacional, não é possível analisá-lo de forma separada ou alheia à sociedade ou à prática religiosa, por sua concomitância, afirmação, legitimação e prática. Assim, a união entre religiosidade, educação e sociedade mostra-se evidente no contexto passo-fundense.

Os colégios religiosos supriram as carências apresentadas pelo Estado, fixando-se nas falhas sócio-políticas peculiares ao panorama, permitindo às igrejas possibilidades de expansão de sua fé, não apenas através de ritos religiosos, mas também por atitudes que somariam ao desenvolvimento humano dos cidadãos de Passo Fundo (Medeiros, 2007, p. 95). Por fim, salienta-se que, no futuro, novas iniciativas marcariam o desenvolvimento de outras escolas e de instituições de ensino superior na cidade.

Referências

  1. Mestranda em História pela Universidade de Passo Fundo (UPF). Estuda em sua dissertação, questões relativas à atuação da Congregação Marista em Passo Fundo. E-mail: nataliacvanelli@gmail.com
  2. Mestrando em História pela Universidade de Passo Fundo (UPF). Nesse capítulo, procura detalhar a atuação da Igreja Metodista e das Irmãs de Nossa Senhora na cidade. E-mail: rb.biluczyk@gmail.com.
  3. Atual Escola Estadual de Ensino Médio Protásio Alves, a qual ganhou sua estrutura definitiva nos anos 1930.
  4. São Marcelino Champagnat, canonizado em 1999.
  5. À época, Bom Princípio/RS se constituía como distrito de Montenegro/RS. Posteriormente, passou a integrar São Sebastião do Caí/RS. Sua emancipação se deu em 1982, com territórios desmembrados dos dois municípios.
  6. Os padres palotinos são membros de uma sociedade de vida apostólica da Igreja Católica, fundada em 1835 pelo Padre Vicente Pallotti, declarado santo em 1963.
  7. Annibale di Primio era natural da atual Itália. Um de seus filhos, Eugênio Franco di Primio (1888-1972), foi casado com Morena Araújo Annes (1892-1982), filha de Gervasio Lucas Annes (1853-1917).
  8. Gervasio Lucas Annes era maçom. Havia certa tensão ideológica entre a Maçonaria e a Igreja Católica no período, fator que pôde ter motivado seus atos. Os maçons manteriam, a partir de 1903, a Escola Guilherme Dias na cidade, de modalidade noturna, atendendo alunos maiores de treze anos, conforme Vergueiro (1967, p. 9).
  9. Data aproximada de nascimento, com base na genealogia da descendência da família de Johann Adam Schell, organizada por Marina Xavier e Oliveira Annes, publicada em 1980.
  10. Tal razão pode ter motivado o afastamento de Emílio Stigler de suas funções docentes na escola recém-adquirida. Registros apontam que Stigler passou a atuar como Inspetor Federal de Educação no Rio Grande do Sul, cargo de alta relevância, em 1931 (CORREIO DA MANHÃ, 1931, p. 2).
  11. Estágio de estudos e formação de jovens para a vida eclesiástica e exercício do magistério religioso, voltado a candidatos à vocação Marista.
  12. No Brasil, até 1971, a educação básica estava dividida em três cursos: Primário, Ginasial e Colegial. O Primário consistia nas séries iniciais de alfabetização. O Ginásio equivalia às séries finais do atual Ensino Fundamental. Já o Colegial é o atual Ensino Médio. Até o início dos anos 1930, havia uma tendência a nomear escolas com o título de colégio. Posteriormente, a terminologia tornou-se uma prerrogativa de quem dispunha autorização para o Curso Colegial.
  13. A primeira experiência sul-rio-grandense dos metodistas na área da educação foi em Porto Alegre, com a criação do Colégio Evangélico Misto nº 1 – atual Colégio Metodista Americano. Posteriormente, os metodistas assumiram a direção do Colégio União, em Uruguaiana/RS, pré-existente.
  14. No Brasil, Jerome Walter Daniel era conhecido como Jerônimo, nome que figura em diversos atos públicos.
  15. Organização que congrega jovens para atividades voltadas ao metodismo.
  16. Esse tipo de campanha era comum na organização religiosa, uma vez os metodistas se propunham ao trabalho missionário em várias partes do mundo, não apenas no Brasil.
  17. Relatos expressos no informativo The Missionary Voice, publicado nos Estados Unidos, em janeiro de 1923, confirmam um dos objetivos oficiais da missão metodista no Brasil: oferecer às crianças brasileiras as mesmas oportunidades disponíveis aos jovens naquele país (SHIH, 1923, p. 8).
  18. À época da doação, o Intendente Municipal era Pedro Lopes de Oliveira (1865-1948) e o Presidente do Conselho Municipal era Nicolau Araújo Vergueiro (1882-1956).
  19. Instituto Gymnasial, até 1931, conforme a grafia vigente na época.
  20. D. L. Betts retornou a Passo Fundo em outras duas ocasiões, trabalhando como diretor, vice-diretor ou professor, entre 1927 e 1929 e em 1952. Sua esposa, Fannie Virginia Scott Betts (1896-1983), conhecida como Francisca Betts, atuou como professora na escola.
  21. Espécie de carruagem espaçosa com quatro rodas, puxada por cavalos.
  22. Em virtude de licenças, viagens e missões ligadas à Igreja Metodista, W. R. Schisler e sua esposa, Frances, ausentaram-se de Passo Fundo em três ocasiões: em 1935, entre 1944 e 1945 e em 1952.
  23. Diversas fontes pesquisadas, como A Noite Ilustrada (1943), atribuem a W. R. Schisler, o cargo de reitor no educandário. A designação se dá em um contexto onde outros profissionais da educação ocupavam a diretoria de setores internos, como a Escola de Comércio, o Departamento Doméstico, o Ginásio e a Escola Primária. Dessa forma, Schisler seria um diretor geral frente aos demais, um reitor. Optou-se na redação final desse texto pelo uso do termo diretor, igualmente admissível, mais comum para se referir a seus antecessores e sucessores.
  24. Além de diretor do educandário, W. R Schisler foi um dos fundadores do Rotary Club, em 1939. Sua esposa, Frances, além das funções inerentes ao cargo que ocupava, esteve presente na fundação da SAMI – Sociedade de Auxílio à Maternidade e à Infância – em 1942.
  25. Mesmo após vários anos de sua partida, W. R. Schisler continuou a ser recordado, especialmente em sua data de aniversário, 19 de maio, de acordo com notícias publicadas na imprensa (O NACIONAL, 1966). Com o seu falecimento, a 11 de maio de 1971, membros da sociedade civil incentivaram a atribuição do nome do professor a logradouros públicos, como a praça em frente ao Instituto Educacional (O NACIONAL, 1971).
  26. Nessa época, alguns setores do IE ganharam nomes diferenciados. Os cursos ginasial, clássico e científico, por exemplo, englobavam-se como Colégio José Bonifácio. Por sua vez, o curso primário era chamado de Escola Primária Santos Dumont. Apesar disso, prevaleceu o nome Instituto Educacional. Posteriormente, os nomes alternativos caíram em desuso.
  27. O deslocamento das freiras holandesas para a orientação e ordenação das educadoras se deu em virtude de que, “na Prússia, não havia nenhuma ordem religiosa feminina que se dedicasse ao serviço da educação e formação” (Paier, 2008, p. 37), fator primordial para a adesão das jovens ao hábito.
  28. Santa Júlia Billiart, canonizada em 1969.
  29. No Brasil, conhecida na forma aportuguesada, Francisca de Bourdon. Também chamada, em sua vida religiosa, de Madre São José.
  30. Em 1922, Não-Me-Toque ainda fazia parte do território do município de Passo Fundo, compondo-o enquanto distrito. Tornou-se distrito de Carazinho/RS em 1931 e município em 1954.
  31. Conforme Zanotto (2011), as irmãs sentiram algumas dificuldades no início, principalmente em relação à comunicação, uma vez que seu idioma nativo era o alemão. Para essas questões, contaram com o auxílio da Sra. Alice Bade. Já as irmãs que rumaram a Não-Me-Toque tiveram maior facilidade, uma vez que a localidade contava com maior número de imigrantes alemães.
  32. Data de nascimento calculada com base na certidão de óbito da professora.
  33. Annita Dandreaux da Silva, segundo o Relatório Municipal de 1927, era subvencionada pelo Governo do Estado para ministrar aulas na Vila Rodrigues. Naquele ano, atendia 25 alunos. A fonte originalmente consultada (Paier, 2008) não informa o sobrenome da professora, devido à ausência de documentação disponível junto ao Colégio Notre Dame. Em 1928, não houve auxílio financeiro estadual para escolas autônomas em Passo Fundo. Em 1929, Anna Reichembach Willig (1865-1953) tornou-se a professora subvencionada do bairro.
  34. Atualmente, o terreno abriga a Praça Capitão Jovino, até 1965 chamada de Praça Brasil. Popularmente, o espaço é conhecido como Praça Santa Terezinha, por se situar em frente ao templo católico homônimo.