Prestes Guimarães, 1º presidente da província

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Prestes Guimarães, 1º presidente da província

Em 07/08/2007, por Mariluci Melo Ferreira


Mariluci Melo Ferreira

No dia 13 de junho de 1837, em Passo Fundo (4º distrito de Cruz Alta), nasceu Antônio Ferreira Prestes Guimarães, o sétimo filho do fazendeiro José Prestes Guimarães e Maria do Nascimento Neves. Integrante da elite política local, José Prestes ocupou uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores, entre os anos de 1860 e 1864, pelo Partido Liberal. No mesmo período, Prestes Guimarães foi nomeado comandante da Guarda Nacional.

O Partido Liberal era hegemônico na província nas últimas décadas da Monarquia. Sendo um liberal convicto, Prestes reunia as características necessárias para ocupar cargos públicos no âmbito local. Por todo o período imperial, as funções de delegado, subdelegados, chefes de política e juízes de paz eram ocupados por fazendeiros que também exerciam cargos de oficiais da Guarda Nacional (a qual, de inspiração francesa, foi instituída no Brasil no período regencial. O maior objetivo da Guarda era repelir as revoltas regionais que pipocavam no país), porém os titulados da Guarda Nacional não eram remunerados; tinham de prover o fardamento, a munição, o armamento além dos víveres para suas tropas particulares com recursos próprios; por outro lado, a guarda garantia aos senhores o controle da população nas localidades. Por isso, os postos da guarda eram bastante aspirados no âmbito local e provincial.

Em 1865, Prestes Guimarães assumiu o cargo de suplente de delegado de polícia. Convém aqui lembrar que a oficialidade da Guarda Nacional, os cargos públicos de delegado, subdelegado, juiz de paz e vereador não eram remunerados, mas simbolizavam status e poder ao seu detentor.

Em 1881 Prestes Guimarães foi eleito vereador respondendo também como presidente do Legislativo local, cargo que correspondia ao atual prefeito municipal. Permaneceu nesta função até 1886; entre 1877 a 1882 e 1885 a 1889, também foi deputado provincial.

Na tribuna da Câmara Municipal e da Assembléia Legislativa, o liberal passofundense defendeu o abolicionismo e o ensino público, que, na sua visão, deveria ser ministrado por mulheres, ao menos a instrução primária.

Em seus discursos na Assembléia, Prestes Guimarães sempre combateu o posicionamento dos conservadores (que depois fundariam o Partido Republicano). Em 5 de abril  de 1888, na sala das sessões, em discurso dirigido ao então presidente da província, cel. Joaquim Pedro Salgado, Prestes Guimarães foi pontual: “é uma infelicidade pública que o partido conservador, em vez de sustentar-se dentro da esfera da moderação e praticar a justiça em todas as localidades da nossa querida província, durante o seu nefasto domínio só tenha promovido a desordem, fomentando a exaltação dos ânimos e praticando crimes e iniquidades de toda a sorte!”

As eleições de 1889 garantiram a presidência da província ao liberal Gaspar Silveira Martins. Já na presidência, Silveira Martins nomeou Prestes Guimarães para um de seus vice-presidentes. Entre 25 de junho e 8 de julho, o passo-fundense assumiu interinamente a presidência da província. Líder gasparista convicto, Prestes foi o primeiro serrano a assumir este cargo e, no plano das idéias, sempre combateu os republicanos.

Durante os treze dias do seu governo, o jornal republicano A Federação publicava versos anônimos zombando da postura ideológica de Prestes Guimarães. A autoria dos versos satíricos intitulados “Triolets d’ocasião” era atribuída ao republicano Ramiro Barcellos. Eram composições do tipo: “Major meu, do Passo Fundo / Acho arriscado o teu passo; / Não é pra qualquer do mundo / Ser delegado do paço / Precisa ter algum fundo / Quem toma régua e compasso, / Major meu do Passo Fundo / Acho arriscado o teu passo.”

Pode-se perceber no verso, o tom de deboche de que o autor lançou mão. É possível também deduzir que tenham sido publicados como uma espécie de revanche aos ataques feitos por Prestes Guimarães aos conservadores na forma de discursos, enquanto deputado provincial e vice-presidente da província. Os versos foram escritos por um republicano ressentido, o que nos revela como os ânimos estavam alterados na esfera políticopartidária nos últimos tempos da monarquia.

Inaugurada a fase republicana, em 1889, Prestes Guimarães continuou na ativa em termos de política rio-grandense. Em abril de 1891 candidatou-se a uma cadeira da Assembléia Constituinte pela União Nacional, opositora do Partido Republicano Rio- Grandense, de Júlio de Castilhos. Os constituintes escolhidos, todos republicanos, ao assinarem a Constituição Estadual, elegeram Júlio de Castilhos para governar o Estado.

Logo que assumiu a administração, Castilhos nomeou para intendentes municipais correligionários seus, ou seja, apenas gaúchos filiados ao PRR.