Passo Fundo revela mais um escritor

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Passo Fundo revela mais um escritor

Em 15/12/2011, por Paulo Domingos da Silva Monteiro


Passo Fundo revela mais um escritor


Na próxima terça-feira, 20 de dezembro, a partir das 18 horas, será lançado Fúnebre Cortejo, do jovem escritor Leonardo Nunes Nunes, publicado pelo Projeto Passo Fundo. O lançamento ocorrerá nas dependências da Revisteira Central, na Avenida Brasil Centro.

Paulo Monteiro, ex-presidente da Academia Passo-Fundense de Letras, que prefaciou o livro realizou uma entrevista com escritor, que apesar de jovem, já publicou trabalhos em sites dedicados à Literatura Fantática.

Respondo abaixo suas perguntas:

Nasci na cidade de Viamão, estado do RGS. Segundo dizem, em madrugada nevoenta.

Tendo ‘inda infante vindo morar na cidade de Passo Fundo, estudei mormente em colégios estaduais. No antigo “primeiro grau” (ensino fundamental), estudei principalmente na escola Jerônimo Coelho, com uma rápida passagem na escola Alberto Pasqualine. Meu “segundo grau” (ensino médio) foi na escola Cecy Leite Costa.

1.b) Como foi tua infância?

2. O gosto pela literatura, como surgiu, gêneros, obras, autores que mais aprecias?

Creio piamente que o “hábito da leitura” deva ser adquirido, não simplesmente obrigado porque o/a professor(a) quer. Por isso a necessidade de haver (e até acho que já tenha havido) mudanças neste quesito. Os professores deveriam trazer autores (locais ou não) até as salas de aula, apresentá-los à turma e torná-los mais ‘íntimos’. Não obrigar, recomendar.

Não é simplesmente porque está “em alta”. Escrevo minhas histórias (ou estórias) calcado no Horror Psicológico, porque sei que da mente humana pouco se conhece. O Homem tem uma capacidade ilimitada, mas a desconhece quase inteiramente. Podemos simplesmente enxergar o nosso lado, o lado do materialismo, aquele que podemos pegar, tocar, construir e destruir; não enxergamos, porém, para além do véu que nos separa. O que há naquele outro lado? Paz e sabedoria, ou desassossego e horror que simplesmente desconhecemos e ignoramos? Donde vêm nossas lendas?  É justamente aqui que entra o Horror Psicológico, e é justamente aqui que eu me insiro. É a tentativa de ultrapassar este véu a partir de novas criações, e disso tentar vislumbrar o lado desconhecido que nos beija a todo instante, humanos inscientes.

Quanto aos autores, cito alguns para não alongar muito minha resposta. Alguns são os autores brasilianos que verdadeiramente me chamam a atenção. Machado de Assis é um deles. Dos escritores atuais, o recentemente falecido Henry Evaristo teve influência em minha escrita; cito nesta categoria de autores brasilianos os escritores Pérsio Sandir D’Oliveira, Paulo Soriano e Rogério Silvério de Farias, entre outros. Todos eles meus amigos. Tenho em André Vianco um excelente exemplo de que a literatura, sobretudo a Literatura Fantástica, pode não somente dar certo, mas também ser uma excelente carreira cá em terras tupiniquins. Raphael Draccon, idem. É um caminho que eu sigo com aferro.

Já disse Lovecraft, meu ídolo: “A emoção mais forte e mais antiga do homem é o medo, e a espécie mais forte e mais antiga de medo é o medo do desconhecido.” A Literatura Fantástica é aquela que aborda mais diretamente este desconhecido, ou como eu disse respondendo a pergunta anterior, o outro lado do véu que nos separa. Continua Lovecraft em seu ensaio de não-ficção O Horror Sobrenatural na Literatura: “... os homens de mente sensível ao impulso hereditário sempre tremerão ao pensamento de mundos ocultos e insondáveis de vida diferente que quem sabe pulsam nos abismos além das estrelas...” É um fato. Desconhecemos o outro lado e ponto (muitas vezes a religião, presunçosamente, nos faz acreditar que conhece). É aquela voz que surge em meu âmago e quer se manifestar. Às vezes só um cicio. Mas está lá. Presente. Pulsante. Manifesta-se mormente dentro da Literatura Fantástica; o Horror Psicológico, não necessariamente o terror “meramente físico”, está intimamente ligado ao lado oculto em que o humano está inserido. Apenas não enxergamos. Para isso Lovecraft nos responde em O Chamado de Cthulhu: “A coisa mais misericordiosa do mundo, acho eu, é a incapacidade da mente humana correlacionar tudo que ela contém. Vivemos numa ilha de ignorância em meio a mares tenebrosos de infinidade, e não estávamos destinados a chegar longe.”

3. a) E a ideia de que essa literatura é uma subliteratura?

Em nada me incomoda. Pelo contrário. Aquele que se sobressair, não necessariamente no lado financeiro, abordando a subliteratura “Literatura Fantástica”, é verdadeiramente um ficcionista (de peso). Sobretudo se no ingrediente da escrita houver muitas dificuldades – elas fazem o escritor crescer, e sua obra, mor.