Passo Fundo através do Guia Ilustrado Comercial, Industrial e Profissional (1939)

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Passo Fundo através do Guia Ilustrado Comercial, Industrial e Profissional (1939)

Em 2019, por Alex Antônio Vanin e Roberto Biluczyk


Passo Fundo através do Guia Ilustrado Comercial, Industrial e Profissional (1939)

Alex Antônio Vanin[1]

Roberto Biluczyk[1]

Guia Ilustrado Comercial Industrial e Profissional 1939

Entre o acervo pessoal de Nicolau Araújo Vergueiro, disponível para consulta local junto ao Arquivo Histórico Regional (AHR), encontra-se o “Guia Ilustrado Comercial, Industrial e Profissional da Cidade de Passo Fundo”, um livro com inúmeras informações relevantes, publicado em 1939, em alusão à Primeira Exposição Agropecuária, Industrial e Feira Anexa ocorrida no município naquele ano.

Através da publicação, é possível fazer uma imersão no ano de 1939, conhecendo os principais aspectos sociais e econômicos relacionados ao contexto de Passo Fundo. Logo no prefácio, a rivalidade do município de Passo Fundo com o de José Bonifácio (atual Erechim) se mostra pela concorrência na produção de trigo. Igualmente, enfatiza-se a cultura do milho e o extrativismo madeireiro, relacionado à derrubada de extensas áreas de pinhais. O que hoje é interpretado como um severo problema ambiental, na época era relativizado pelos lucros que a agricultura e a própria madeira produziam, um orgulho local.

Dividido em quatro partes, o Guia destaca dados históricos e geográficos da cidade e do município, salientando limites e divisões – os doze distritos, que mais tarde se tornariam municípios independentes, como Sarandi, Sertão, Água Santa, entre outros –, bem como o clima e a importância da agropecuária da região naquele momento.

Aspectos da política também se evidenciam na publicação, que apresenta em suas primeiras páginas imagens do então Presidente da República, Getúlio Vargas (1882-1954), do Interventor do Rio Grande do Sul, Osvaldo Cordeiro de Farias (1901-1981), e do Prefeito, Arthur Ferreira Filho (1899-1996), ressaltando os atores políticos que compuseram a cena da ditadura do Estado Novo (1937-1945) no estado e no município.

Por ser ilustrado, o livro conta com diversas imagens do núcleo urbano citadino ao final dos anos 1930, com algumas edificações que ainda se conservam, como a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, junto à Praça Tamandaré. Um anúncio da construtora de João de Césaro (1883-1945) ostentava exemplos de edificações realizadas pela empresa anos antes, como o Colégio Elementar de Passo Fundo (a atual Escola Estadual de Ensino Médio Protásio Alves), e o antigo Clube Comercial, que não mais apresenta suas características arquitetônicas originais.

Outro destaque da organização passo-fundense de 1939 era o “panorama de admirável aspecto” ostentado pela indústria e pelo comércio. Sobre o primeiro, o Guia exemplifica que frigoríficos nos distritos de Marau e Sarandi dividiam lugar com outras fábricas de alimentos e máquinas, enquanto as oficinas mecânicas e a fábrica de trilhadeiras de Vila Teixeira (atual Tapejara), assim como as serrarias de Coxilha, compunham a multiplicidade organizacional da economia fabril, que igualmente se estendia pela zona urbana central do amplo município.

O guia comercial apresenta considerável espaço para anúncios, compostos pela especialidade dos estabelecimentos ou prestadores de serviço. Nesse mesmo sentido, uma longa lista de endereços por ordem alfabética de proprietários de estabelecimentos comerciais também é encontrada em uma outra parte do Guia, provendo a localização espacial das principais atividades comerciais desenvolvidas no município. Em alguns casos, telefones com até três dígitos ou códigos de contatos através de telégrafo contribuíam à comunicação de outrora. Como ponto geral, percebe-se o caráter pessoal conferido aos comércios, com ênfase aos nomes de seus proprietários. Destacam-se nesse departamento, armazéns de secos e molhados, engenhos e hotéis, estes últimos beneficiados pela posição estratégica da cidade junto à circulação de trens de passageiros ou no fluxo das primeiras linhas de ônibus, controladas por empresas locais de pequeno porte.

Diante do catálogo informativo, é possível conhecer mais sobre as permanências e transformações históricas de Passo Fundo. Ao longo de 230 páginas, uma variedade de registros torna a publicação uma fonte de especial interesse para o historiador que pesquisa o desenvolvimento da cidade.

Referências

  1. 1.0 1.1 Mestrandos em História – PPGH-UPF