Parque Efrica Wolmar Salton
Parque Efrica Wolmar Salton
Em 07/08/2007, por Jorge Alberto Salton
Jorge Alberto Salton
Em 1993, por ocasião da inauguração do Parque de Exposições Wolmar Salton, recebi a incumbência de agradecer a homenagem em nome da família. O ex-prefeito Mário Menegaz seria homenageado na cerimônia devido ao fato de duas feiras, EFRICA 1ª e 2ª, terem sido realizadas sob sua liderança. Recebi dele um ultimato: se não falasse em seu nome ele não compareceria à cerimônia, pois não estava disposto a discursar.
Assim, minha fala, foi acrescida de mais essa importância histórica e foi feita na presença não só do prefeito municipal, Airton Dipp, do presidente da Câmara de Vereadores, Tadeu Karzesky, como na do governador do Estado, Alceu Collares.
De tal forma, após saudar as autoridades e todos os presentes, com Mário Menegaz a minha direita, comecei a discursar tendo a intenção de fazer referência as gerações que haviam construído o Parque de Exposições do Centenário, as EFRICAs e o Parque de Exposições, que estava naquele momento sendo inaugurado. Muitas já haviam, infelizmente, se calado. Queríamos lembrar delas.
“Minhas palavras serão palavras de agradecimento. A começar pelo autor do projeto de denominação deste parque, o vereador dr. Jairo Caovila, em extensão aos demais vereadores e ao senhor prefeito pelo ato de aprovação do mesmo. Nós, familiares, nos sentimos comovidos ao ver nosso pai tão afetuosamente lembrado. A ele agradaria este momento por perceber que através de seu nome se faz, em verdade, uma homenagem a sua geração. A todos que, junto com ele, no dia 7 de agosto de 1957, há trinta e seis anos, quando Passo Fundo comemorava cem anos de emancipação política, a todos que junto com ele reunidos estavam assim como nós aqui estamos e inauguravam uma obra similar a esta: o Parque de Exposições do Centenário de Passo Fundo.”
Naquela cerimônia de 1957 – e foi uma cerimônia também importante, inclusive presentes estavam João Goulart, então vice-presidente de nosso país, Ildo Menegueti, governador de nosso Estado, Leonel Brizola, prefeito de Porto Alegre, o arcebispo dom Vicente Scherer, vários ministros –, naquela cerimônia se congregavam engenheiros, políticos, operários, empresários, todos envolvidos naquele trabalho. Em tudo muito semelhante ao momento de agora.
O Parque de Exposições do Centenário fora uma obra arrojada: quatro grandes pavilhões.
Curiosamente, um deles, ainda existente, era na ocasião o maior pavilhão em arco de madeira construído no Rio Grande do Sul. Posteriormente, como todos sabemos, no local do parque foi construída a atual prefeitura e a atual Câmara de Vereadores.
Aquela grande exposição coordenada por nosso pai, na ocasião prefeito municipal, envolveu toda a comunidade através de um órgão chamado de Comissariado, que reunia representantes de todas as entidades de Passo Fundo, desde clubes, sindicatos, colégios etc.
Um marco histórico, sem dúvida, no desenvolvimento de nossa cidade e região. Aquela grande exposição foi, acima de tudo, o clímax do trabalho de toda uma geração. Felizmente, muitos dos que labutaram naquela ocasião estão aqui conosco fortes e atuantes. Entretanto e infelizmente, muitos outros já se foram.
Compreendemos as razões da escolha do nome de nosso pai: em sua vida encontramos inúmeras ações no sentido da promoção do desenvolvimento e do progresso econômico de Passo Fundo. Foi assim sempre. Já no início de sua vida como político, era vereador, e criou o projeto que doou a área, onde hoje se instala o distrito industrial.
Nós, familiares, entendemos que esta homenagem vai além de uma só pessoa. É a homenagem de uma geração a outra geração. Este parque é também um pouco o Parque do Centenário que já não mais existe.
Com certeza nosso pai gostaria de dividir esta homenagem com muitos passofundenses.
Em especial com o sr. Mário Menegaz, presente nesta cerimônia. Industrialista pioneiro, ex-prefeito de dois mandatos, foi o sr. Mário Menegaz que, aproveitando o Parque do Centenário e dando continuidade aquele tipo de evento, realizou com sua equipe de trabalho a 1ª e a 2ª EFRICA .
Achamos que a homenagem também deve ser dividida com todos aqueles que mediante seu esforço permitiram a realização desta magnífica 3ª EFRICA.
Naquele 7 de agosto de 1957, a inauguração do Parque de Exposições do Centenário, diferente de hoje, fez-se sob pingos de chuva. Mas, igual a hoje, havia muita alegria. Adultos estavam eufóricos. As crianças, como sempre felizes. Havia muita criança. Lembro bem, era uma delas.
Recordo das luzes do Parque Tupy, de um trator de vidro que havia na exposição, da colheitadeira de roda de carroça num stand a girar. Do ônibus Papafila a engolir filas de mais de cem pessoas, dos adultos colhendo trigo nos canteiros do boqueirão.
Recordo de sons, sons de instrumentos, música, do som da voz dos adultos. De muitas vozes de adultos.
Onde estarão aquelas vozes? Algumas já se calaram. Já se calaram, mas vejo aqui, não foram esquecidas.
Obrigado”.