Os Militares e a Política

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Os Militares e a Política

Em 2011, por Getúlio Vargas Zauza


Os Militares e a Política

Getúlio Cargas Zauza[1]


Em seis de fevereiro de l979, um militar da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, por um ato descontrolado assassinou um jovem motociclista a tiros. Houve uma revolta da população e mais um jovem inocente foi vítima fatal do despreparo daqueles que são responsáveis pela nossa segurança.

Alguns dias depois escrevi um artigo em que analisava os fatos do ponto de vista da Psicologia. Nesse artigo eu sugeri que os chefes militares brigadianos deveriam realizar psicoterapia analítica, visando um melhor equilíbrio emocional. Sugeri até que o Estado poderia custear a análise e que no final das contas, nós, o povo é que seríamos os maiores beneficiados, porque teríamos mais segurança.

Mas hoje o assunto é outro.

Nós, no Brasil, estamos cansados de ouvir da parte dos militares, que eles não entendem de política, que isso é assunto para os políticos.

Estou com 54 anos, quatorze dos quais vividos como militar e estou cansado de ouvir essa afirmação, que na prática nunca foi levada em conta. Basta ver número de militares que já foram presidentes.

Todo mundo sabe, como os militares se envolvem e até demais, em política, não só no Brasil, como em quase todo mundo, especialmente nos países do terceiro mundo (países sub-desenvolvidos). E eles não só se envolvem em política, eles tomam partido por alguma das orientações ideológicas ou partidárias.

A verdade então é que os militares usam sua influência, ou melhor, a influência do poder bélico de que dispõe para determinar os rumos da sociedade. E tanto pior para nós, o povo civil, que os militares exercem influência num domínio do qual eles afirmam constantemente não entenderem. E eu acredito que eles não entendem mesmo.

Agora, a questão é que, as forças armadas tem como função prevista na Carta Magna, a de defender o Pais contra agressões externas e garantir a ordem interna. Portanto, não cabe aos militares (às Forças Armadas) de uma nação, determinar o regime social que ela deva seguir.

Há um meio pelo qual as mudanças sociais podem se realizar. É pela divulgação das ideias e pela expressão popular através do voto secreto.

Como se vê, é perfeitamente possível mudanças sociais sem perturbação da ordem interna. Pois, perturbadores da ordem social são aqueles que se opõem às mudanças, quando feitas como disse, pelo voto popular e secreto. Aqueles que estacam a evolução da sociedade, é que são os verdadeiros criadores do caos, da desordem social. Eles são os verdadeiros responsáveis pelas viradas violentas como aconteceu na Rússia, na China, em Cuba, etc. Eles é que são os subversivos da ordem natural dos fatos. E é para esses, que devem ser voltadas a atenção e o poder que o povo conferiu aos militares, porque é do povo que se originam os recursos para armar os militares, para pagar seus soldos e tudo quanto se lhes faz necessário.

As forças armadas de qualquer nação devem ter como meta interna garantir livre expressão do povo.

Em qualquer nação, hoje em dia, o poder bélico das forças armadas é imensuravelmente grande, se comparado com o s instrumentos de trabalho do povo. Dai decorre que os militares dispõem de um poder muito grande. Obra se os militares não entenderem de politica, eles se tornaram, ao invés de uma força de proteção do povo, um perigo nas mãos de homens ambiciosos e inescrupulosos como temos visto em todos os tempos em muitos países.

              Tenho pensado, e por isso escrevo este artigo, que vai à guisa de sugestão que para o bem de toda a humanidade, já que ainda não podemos abrir mão dos militares e das policias, que se pense quanto é importante, que todos os militares do mundo sejam pessoas que entendam de política, se possível até mais que os próprios políticos civis. Isto se torna ainda mais necessário em países onde tão frequentemente militares assumem o poder pela força e até mesmo pelo sufrágio universal secreto.

Referências

  1. da Academia Passo fundense de Letras