O quarteirão do altar da pátria e seus moradores nas décadas de 1940 1950

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O quarteirão do altar da pátria e seus moradores nas décadas de 1940 1950

Em 24/10/2011, por Luiz Juarez Nogueira de Azevedo


O quarteirão do altar da pátria e seus moradores nas décadas de 1940/1950

Do outro lado da avenida, as construções começavam pelo Hotel Avenida, na esquina da General Neto, dirigido pelo hoteleiro e líder comunista Eduardo Barreiro,   prédio que existe até hoje. Continuavam com um sobrado que ainda está de pé, onde me lembro haver funcionado outra livraria, a Serrana, do Sr. Osório de Quadros e viveu, no apartamento de cima,   a família do escrivão Pery Lopes. Em seguida havia   uma sorveteria, pertencente a um Sr. Salgado, onde depois se estabeleceu com um bar o futuro escrivão Peri Lopes, associado a sua cunhada Célia Gava, vinda de Bento Gonçalves. Ao lado estava o bonito palacete — onde, na década de 1930, fora assassinada a esposa do Dr. Frydberg —   pertencente ao Dr. Miguel Kozma, o primeiro médico radiologista da cidade, com seu consultório e residência, justamente onde se acha hoje   o edifício Ely. Em seguida, onde antes fora a tinturaria de Samuel Bacaltchuck, acredito que havia uma loja de confecções que pertenceu a uma família israelita de sobrenome Schwartzmann. Mais adiante, numa casa de porta e duas janelas, trabalhava o alfaiate Oscar Schneider, que foi sogro do Helmuth Matzembacker. A casa seguinte era a morada da família do caixeiro-viajante e prócer petebista  Urbano Ribas.   Já chegando para a esquina, via-se um prédio imponente, pintado de rosa, residência e farmácia do Sr. Theodorico Borges da Rosa, a famosa Farmácia Rosa, onde havia uma placa de mármore dizendo que fora construída e fundada em 1908.

Na época, em cada quarteirão praticamente se formava uma turma, que às vezes chamávamos de “quadrilha”, reunindo a garotada da vizinhança, à qual se juntavam meninos e meninas das ruas mais próximas, pois da nossa quadra éramos muito poucos da mesma faixa etária. Lembro-me da filha do Dr. Kozma e de D. Pinta, Márcia, e dos dois filhos, Miguel e Gerson, que vivem em São Paulo e foram diretores de importantes empresas de lá.   Também recordo do Euro, tragicamente falecido, e do Enio Gava (o querido amigo “Chó”) e de suas primas Juçara, Jane e Jacira, além do primo Juarez, o “Juca”.   Havia também os irmãos Ribas, Jacques, Celso, Clair, Marília e Nelson. Moradores do outro lado, da mesma faixa etária, éramos apenas eu e meus irmãos Evandro, Vilson e Regis, além dos filhos do cabo Barreto, que já referi, e das irmãs De Felippo. Nas férias vinha de Santo Ângelo o José Carlos Mendes, neto do dono da Casa Jacques, de quem vim a me tornar compadre e grande amigo. Não recordo haver convivido com os filhos do Dr. Filipe, que possivelmente logo se mudaram para outra casa, comprada na rua Bento Gonçalves. Juntavam-se também à nossa turma o Luiz Wilson e o Walter Daudt, que chegou ao posto de general do exército, sendo seu irmão renomado psiquiatra, que eram da Coronel Chicuta. Por residir do outro lado da Avenida, junto à Chicuta, participava das brincadeiras e jogos o hoje ministro Ari Pargendler, cujo pai era o dono da Livraria Americana, na esquina onde estão  as Lojas Pompeia. Da General Neto vinham o Tarso de Castro, o Luizinho Teixeira e o Adilson Mesquita. E, por morar com seus pais num apartamento do português Bernardino, ao lado do Altar da Pátria, integrava-se à turma Armando Ferreira, o “Manduca”. Também participavam Pedro e Paulo Biasuz, filhos gêmeos do então ecônomo do Clube Comercial, e Isaías Bacaltchuk, filho do proprietário da fábrica de móveis que ficava ao lado do Clube Comercial.

Recordo-os a todos, fatos, casas e pessoas, essas coisas para que não se perca a memória — já quase desvanecida — dos cenários da minha infância e das gentes que o habitaram.