O livro de Júlio Perez, A Bolsa da Minha Mãe

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O livro de Júlio Perez, A Bolsa da Minha Mãe

Em 30/11/2013, por Dilse Piccin Corteze


DILSE PICCIN CORTEZE[1]


A bolsa da minha mãe sempre exerceu um fascínio sobre mim. Mas, para a criança que fui, o acesso a ela sempre me foi negado. Talvez por causa de uma compreensão insuficiente de minha mãe dos intrincados processos imaginativos que fazem uma criança ter uma fixação tão grande por um objeto do seu exclusivo uso pessoal. O fato, porém, é que essa bolsa monopolizava minha atenção todas as vezes em que se me apresentava a oportunidade de vasculhar o seu interior. Mas, com uma pontualidade beirando à crueldade, minha mãe barrava todas as minhas investidas neste terreno que, em última instância, só lhe dizia respeito. Romper, pois, essa barreira passou a constituir uma obsessão para mim; para ela, porém, era um ato de atrevimento de um filho, inconcebível de ser tolerado.

Mas eu não me dava por vencido.”

É assim que o acadêmico Júlio Perez apresenta seu livro que foi lançado no ano de 2012 em Passo Fundo. Perez é auditor público externo da Regional de Passo Fundo e recentemente, foi eleito membro da Academia Passo-Fundense de Letras, cuja cerimônia de posse ocorre no dia 23 de novembro de 2012. Isso se deve ao fato de Perez já ter intimidade com as palavras. Em 2006, publicou seu primeiro livro de poesias, “Expresso Instante”. Em 2010, foi a vez de “Fugaz Idade”. Este ano, decidiu divulgar seus contos.

Júlio afirma:

“Esse material é antigo, são coisas que escrevi de 1995 em diante. O título ‘A Bolsa da Minha Mãe’, por exemplo, surgiu quando eu trabalhava como bancário e observava as pessoas na fila. Um menino insistentemente curioso em saber o que havia na bolsa da mãe se tornou minha inspiração. Eu relato o cotidiano e acrescento a ele um certo imaginário fantástico. Isso surge principalmente de leituras como Kafka, Julio Cortazar, Alberto Camus”, explica.

“Escrever é sonhar” disse certa vez Lygia Fagundes Telles, Júlio sonhou e destes sonhos nasceram, 128 paginas, com 18 contos, cheios de uma imaginação fantástica que só um escritor, poeta, apaixonado como Perez, consegue.

São histórias com vários tons de paixão e por isso apaixonantes. Falando em paixão refere-se a amor. No romance de Lygia Fagundes Telles, Verão no aquário, a autora escreve: “Não importa o objeto do amor aquilo que a gente venha a amar... A forma não interessa o que interessa é a essência, é a coragem – de substituir esse objeto do amor quando chegar a hora”.

Percebe-se estes vários tons na obra, “A bolsa de minha mãe e outros contos”, em histórias como: A maldição de Casanova, A flor e o Besouro, A carta, A revolução Sexual, Contrato de casamento, Caixa de Ferramentas, só para citar alguns dos belos contos deste romancista que acaba de nascer com fôlego de adulto na arte de sonhar e escrever.

Parabenizamos o confrade Júlio Perez pela excelente obra a disposição nas livrarias e também em forma de e-book, na rede, esperamos que logo possamos ter outros livros com a mesma envergadura de “A bolsa de Minha Mãe”.

Referências

  1. Dilse Piccin Corteze é Mestre em História Regional pela UPF, professora da Rede Municipal de Ensino e dos cursos de Pós-graduação da Faculdade IDEAU - Passo Fundo. Membro da Academia Passo-Fundense de Letras e do Instituto Histórico de Passo Fundo