O kartismo em Passo Fundo

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O kartismo em Passo Fundo

Em 07/08/2007, por Marco Antônio Damian


Marco Antonio Damian


Em 1972, os pilotos estavam praticamente órfãos, pois as corridas de rua haviam sido proibidas, devido às tragédias ocorridas alguns anos antes, entre seus carros e os espectadores.

Passo Fundo, como ocorre até hoje, é pródiga na revelação de grandes e vitoriosos pilotos que não têm casa própria para treinar e competir.

A proibição de corridas de rua falava em automóveis, mas não de kart, e assim mais de uma dezena de pilotos adquiriram os equipamentos e se organizaram para competições.

Inicialmente, a prova era domar a máquina, o que foi fácil, pois todos eles vinham do automobilismo. Depois, era pensar em dar maior potência ao motor e diminuir o peso pessoal (do piloto) e do equipamento, para torná-lo mais veloz. Os treinamentos eram realizados no pátio da Cesa, pois era um dos poucos locais asfaltados da cidade.

Chegou então o dia 5 de junho de 1972, data da primeira prova de kart disputada em Passo Fundo. A pista improvisada foi o centro da cidade, nas ruas asfaltadas General Neto, General Osório, Bento Gonçalves e Morom. Alguns sacos de areia foram estrategicamente colocados em curvas apertadas. Exatamente onze karts estavam inscritos, número muito acima do esperado. Mas o domingo amanheceu cinza, nublado, um pouco triste.

A chuva era iminente e realmente deu as caras. Nada, porém, arrefeceu o ânimo entre os competidores e o público foi enorme. Aproximadamente cinco mil pessoas se espremeram entre guarda-chuvas ao longo do trajeto.

Foram quatro baterias, todas de altíssima velocidade, adrenalina em alta e o coração batendo forte. Cada bateria consistia em dez voltas na improvisada pista. A primeira bateria foi vencida por Ison Iaione, com Paulo Tagliari em segundo lugar e Roberto Albuquerque, de Carazinho, em terceiro. No descanso merecido, os preparadores, na maioria os próprios pilotos, ajustavam seus equipamentos para a segunda largada, que foi vencida por Hércules Borges, tendo Paulo Tagliari chegado em segundo lugar e Carlos Alberto Oltramari, em terceiro. O povo delirava com o arrojo dos pilotos. A fumaceira e o estrepitante barulho dos motores, era coisa familiar e saudosa para os passo-fundenses.

Veio então a terceira bateria, vencida por Paulo Tagliari, seguido de Hércules Borges e Celso Menegaz. O asfalto liso e perigoso não era empecilho para nenhum dos intrépidos homens voadores. A média de velocidade era de 80 km por hora. Considerando os empíricos equipamentos, era alucinante para os pequenos carrinhos. A quarta e última bateria foi vencida por Roberto Tasca, com Paulo Trevisan, em segundo, e Hércules Borges, na terceira colocação.

Ao final da contagem de pontos, quem ergueu o primeiro troféu do kart, em Passo Fundo, foi Hércules Borges, com 22 pontos, seguido por Paulo Tagliari, com 21, Izon Iaione, com onze, Paulo Trevisan, João Carlos Klaus e Roberto Tasca, com nove, e Celso Menegaz, com oito pontos.

Ainda em 1972, outras provas foram realizadas no centro da cidade e no trevo da saída para Porto Alegre, o do Boqueirão. Lá os pilotos largavam como em Le Mans. Alinhavam os karts em oblíquo e na bandeirada corriam até eles e o mais ágil dava a partida primeiro. Uma largada emocionante, mas extremamente perigosa.

Essas primeiras corridas entusiasmaram os corredores e aficionados e empolgaram o público. Assim, no ano seguinte, 1973, passou-se a cogitar a construção do kartódromo, através da Associação de Automobilismo de Passo Fundo, presidida então por Renato Tagliari. Agregaram-se pessoas influentes e entusiastas da velocidade, como Ítalo Bertão, elevado à condição de presidente honorário da associação. As verbas escassas das mensalidades dos sócios eram insuficientes. Dessa forma, promoções, como competições de kart ou quilômetro de arrancada, eram realizadas, com o único objetivo de arrecadar fundos que iriam exclusivamente fazer parte do caixa para construção do kartódromo. Mas essas iniciativas se tornariam inócuas sem colaborações de suma importância, como os de Iradi Laimer, que doou a área da Roselândia, Lander Machado, que sem qualquer custo conseguiu maquinário para a terraplanagem e desenhou, com a ajuda dos pilotos, o melhor traçado e deu os primeiros e gigantescos passos para concretização da obra, Fernando Machado Carrion, então presidente da Cintea, que custeou a base e o asfaltamento da pista e o prefeito Edu Villa de Azambuja, um entusiasta do esporte, que nada negou a qualquer solicitação da associação. Assim, em 1979, na gestão do presidente Nereu Grazziotin, foi inaugurado o Kartódromo da Roselândia.

Foram eles que trouxeram o novo esporte a motor para Passo Fundo. O amor pela velocidade e a paixão pela adrenalina moveu os jovens pilotos a iniciarem um movimento que chega ao ano de 2006, com a organização e o patrocínio de um campeonato gaúcho de kart. Foram centenas de pessoas entre pilotos, preparadores ou apenas abnegados dirigentes.

Porém, entre os pioneiros podem ser destacados Sérgio Ughini, Roberto Tasca, João Carlos Klaus, Paulo Afonso Trevisan, Paulo Tagliari, Hércules Borges, Mauro Machado, Ison Iaione, Caetano Borella, Antonio Carlos Oltramari, Moacir Cabeda, Guilherme Locatelli Wolff, Celso Menegaz, Ivânio Bernardon, Ernani Rigon, Roberto Albuquerque (Carazinho), José Alexandre Tagliari, Renato Tagliari, José Schroeder, César Paulo Ghiggi, Luiz Carlos Tizatto, Nereu Grazziotin, Nivaldo Grazziotin, Nilton Bertão, Edson Bertão, Hélio Ughini, um ícone desse esporte, Joacir e Fernando Stedile entre outros.