O homem que conversava com Deus

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O homem que conversava com Deus

Em 22/03/2019, por Gilberto Rocca da Cunha


Gilberto Rocca da Cunha


Foram 92 dias de internação hospitalar e incontáveis horas de conversação com Deus. Assim o jornalista e advogado Antonio Augusto Meirelles Duarte sintetizou o período de convalescência que passou no Hospital de Clínicas (HC) de Passo Fundo para tratamento de um linfoma (câncer das células do sistema imunológico). Meirelles Duarte, homem de fé inquebrantável, não ignora o papel da medicina na sua cura, pois sem a ajuda dos médicos dos HC, ele, muito provavelmente, não estaria entre nós para contar a sua história; mas, sem qualquer dúvida, também entende que foram fundamentais aquelas conversas com Deus, quando, deitado no leito 809 do HC, ele não rezava e sim conversava com Deus, pedindo: Senhor, não me abandona!

Meirelles Duarte, recuperado do mal que o acometia, no meio de familiares, amigos e admiradores, recebeu, no último dia 8 de março, as homenagens que lhe são devidas pelos seus 68 anos de atuação em jornalismo. Em memorável recepção auspiciada pelo empresário Pedro Brair, que dirige a Rede de Farmácias São João, a vida de Meirelles Duarte, no jornalismo e na política local, foi reprisada em depoimentos gravados e por meio de falas ao vivo, com entremeios de apresentações musicais e outras homenagens especiais (Teixeirinha, Bebeto e Kita, in memorian, e os ex-jogadores Branco Ughini, Wando Marques e Vadecão). Afinal, quem é Antonio Augusto Meirelles Duarte?

Antonio Augusto Meirelles Duarte nasceu, em Passo Fundo, no dia 19 de novembro de 1934. É filho do tenente Delmar Duarte, que integrava a Brigada Militar, e da professora de música Zaida Meirelles Duarte. Casado com Mary Raymundi Duarte. Pai do César Augusto, professor de inglês, Luis Felipe, advogado e engenheiro-agrônomo, e do Márcio Alexandre, que atua na área de comunicação. E avô do Gabriel, da Fernanda e da Beatriz.

Aos 84 anos, Meirelles Duarte cumpre uma caminhada de 68 anos no jornalismo. Iniciou em 1951, nos microfones da Rádio Vera Cruz, no município de Getúlio Vargas. No ano seguinte, em fevereiro de 1952, foi contratado pela Rádio Passo Fundo, onde se destacou como repórter e locutor esportivo, fixando-se, para nunca mais sair, apesar dos convites recebidos, em Passo Fundo. Teve passagem pela extinta Rádio Municipal. Foi colunista do Jornal Diário da Manhã e, depois de O Nacional, onde ainda assina uma coluna semanal. Também foi correspondente, entre 1954 e 1971, da extinta Companhia Jornalística Caldas Junior. Criou e editou o Agro-Jornal, que, durante sete anos, circulou em 10 cooperativas agrícolas do RS. Dotado múltiplos talentos, Meirelles Duarte trabalhou e trabalha em rádio, em jornal e em televisão. Atualmente, além da coluna em O Nacional, comanda três programas na TV Passo Fundo (canal 26 da NET).

Na política local, Antonio Augusto Meirelles Duarte exerceu cinco mandatos de vereador, pelos quadros do PTB e do PMDB, sendo, em 2007, agraciado com o título de vereador emérito de Passo Fundo. Bacharel em Ciências Políticas, Jurídicas e Sociais, pela UPF, em 1979, foi escolhido orador da turma. Ingressou na Academia Passo-Fundense de Letras, em 1988, tendo presidido essa agremiação por cinco mandatos. Foi Patrono da 21ª Feira do Livro de Passo Fundo, em 2007.

O que não falta na vida de Meirelles Duarte são medalhas, diplomas e títulos honoríficos: duas medalhas Fagundes dos Reis (por iniciativa do Executivo, 1972, e do Legislativo, 2002); Comunicador Destaque do Interior (2000); medalha Negrinho do Pastoreio (no governo de Pedro Simon); medalha Coronel Atílio Escobar (2007, entregue pela governadora Yeda Crusius); Cronista Emérito da FGF (1982); Sócio Honorário da FGF (2002); e Sócio Honorário do Sport Club Internacional (2006), entre tantos outros.

Mas, acredito eu, nenhum desses títulos carece de significado, depois do depoimento da esposa Mary Duarte e do filho Luis Felipe, na festa de homenagem aos 68 de jornalismo de Meirelles Duarte. Quem teve o privilégio de ouvir, sabe do que eu estou falando. Além de conversar com Deus, que mais um homem poderia querer?