O Cruzado existe a mais de 500 anos

From ProjetoPF
Jump to navigation Jump to search

O Cruzado existe a mais de 500 anos

Em 08/05/2014, por Aldo Luciano Raffaele Alessandri


O NACIONAL

ALDO ALESSANDRI

Série de cruzados brasileiros, em prata de 1831 a 1843.

Aldo Alessandri, além de cônsul italiano em Passo Fundo, é colecionador de moedas com encargos e títulos como sócio e correspondente da Sociedade Numismática do Brasil e sócio do Trust Investimento. Numismático de Roma. Exatamente por ser um expert do assunto a reportagem de O NACIONAL o procurou para falar sobre as mudanças ocorridas no setor econômico da estrutura brasileira e sobre a nova moeda que veio parta substituir o cruzeiro: o cruzado. Sobre isso, Aldo fez colocações surpreendentes conforme relata a entrevista a seguir.

A primeira questão colocada foi: O que é a moeda? Aldo conceituou da seguinte forma: Amoeda, desde os primórdios dos tempos, tem um instinto de conservação e foi idealizada para favorecer a troca. No início a troca era feita de alimentos, madeira por pelegos, pelegos por sal, esse por azeite, etc. depois os países foram enriquecendo no sentido político econômico e foi introduzida a moeda para facilitar a transação de mercadorias. Inclusive, nas escavações de Pompéia, foi encontrada uma Casa da Moeda, com o que se comprova uqe logo depois do nascimento de Cristo, ou até mesmo antes, a moeda era o veículo usado para se comprar cavalos, bois, armas e mercadorias em geral.

O cruzado, disse Aldo, foi uma moeda lançada por Dom João I. Rei de Portugal, e que foi cunhada de 1409 até 1415, e era dominada do meio real cruzado devido no reverso da moeda ter umas flores de lis conjugadas de maneira vertical e horizontal que deixavam a imagem de uma cruz. Essa foi uma moeda corrente na época. Com isso fica provado que a nova moeda brasileira existe há 577 anos.

A mudança de nome de nossa moeda, continuou. Aldo, se deu porque o cruzeiro nesse último ciclo histórico ficou desmoralizado e por uma questão psicológica precisariam ser trocado por outra moeda. Lembrou Aldo, que o presidente Getúlio Vargas, em 1942, havia realizado a troca do mil réis pelo cruzeiro, alternando a nossa moeda. Mais recentemente o Presidente Castelo Branco, depois de 1964, tirou três zeros do cruzeiro, numa tentativa de recuperar a imagem da moeda.

Deste modo, observou Aldo, não fosse a instituição do cruzado agora e as modificações anteriores, o dólar americano estaria valendo hoje, na verdade, no câmbio oficial, 13 milhões de cruzeiros.

CRUZADO NO BRASIL

Mas não só em Portugal o cruzado foi uma moeda corrente, afirma Aldo, pois no tempo colonial e no Reino Unido do Brasil, mais precisamente no ano de 1724, houve uma cunhagem do cruzado aqui em nosso território que foi até 1726. Essa moeda pesava uma grama de ouro e chamava-se cruzado porque o 400 réis teve, na época, uma desvalorização. O cruzado já era uma moeda fortalecida. Mas, novamente, em 1743, o cruzado voltou com o nome de cruzado novo e se constituía numa moeda que de 0,36 grama de ouro puro passou para 1,05 gramas na revalorização, e valendo 480 réis. Esse cruzado novo foi cunhado na Casa da Moeda de Minas Gerais, instalada na cidade de Vila Rica, hoje denominada Ouro Preto numa casa de pau-a-pique que, posteriormente, foi renomeada por iniciativa do governador Gomes Freire para servir de Palácio dos Governadores, o mesmo prédio que hoje é ocupado pela Escola de Minas da Universidade de Ouro Preto.

A terceira vez que o cruzador voltou no Brasil, foi durante o reinado de Dom João V, de 1743 a 1750, quando a moeda continha menos ouro que na vez anterior e valia 400 réis. Depois, em 1831, o cruzado sofreu desvalorização e foi transformado numa moeda de prata, que mantinha o valor de 100-200-400-800-1200 réis, e durou a impressão até 1848, denominados nessa época de um, dois e três cruzados.

Essas moedas, afirma Aldo, foram criadas elo reino do Brasil para ter validade apenas dentro do território brasileiro, e no exterior só valia o peso da prata.

Esses foram os últimos cruzados brasileiros, cunhados em prata.

CRUZADOS EM OURO E PRATA

O especialista no assunto de numismática. Aldo Alessandri sugere que agora que o cruzado voltou a ser uma moeda valorizada a nível nacional, ela seja cunhada também em ouro e prata. E explica sua ideia: Um país para poder fabricar moedas em ouro e prata precisa ter em primeiro lugar uma moeda estável. Não se pode lançar uma moeda, por exemplo do valor de três mil cruzados, feita em ouro, que depois o ouro venha a valer mais.

Porém, acredita, que hoje, com o movimento nacional pela nova moeda, do esforço de todos, tanto industriais como comerciantes, de boa vontade, evidentemente, seria interessante o Brasil mostrar ao exterior que também tem condições de segurar uma moeda valorizada. Lembra que a própria luta contra a especulação favorece essa sua ideia do lançamento de moedas especiais cunhadas em ouro e prata. Lembrou, para reforçar seu argumento, que essas moedas teriam que ser bem feitas, pois no governo Médici foram feitas moedas de prata que deixaram muito a desejar na sua parte artística. Eram as moedas pela passagem do Sesquicentenário da Independência que tinham vinte cruzeiros de prata, e nenhuma qualidade maior para o colecionador.

Para surpresa de muitos, Aldo lembra que também, em 1972, foram feitas moedas de ouro no Brasil, mas que acabaram não circulando e somente alguns colecionadores conseguiram adquiri-las depois de enviar uma ficha ao Banco Central com todos os dados pessoais.

Finalizando seu argumento, Aldo sugere que o governo lance moedas de ouro valendo mil cruzados, com o peso de 5 gramas de ouro que, na verdade, estariam valendo 800 cruzados e com a diferença pudesse ser aplicado o dinheiro em obras assistenciais, escolas e habitações. Afirmou que isso é feito por um grupo de países que reproduzem, com a autorização de suas casas oficiais, moedas como a libras esterlinas, coroas austríacas e outras nesse sentido e países como a Suíça, a África do Sul e a Rússia, tem moedas em ouro e prata no seu sistema financeiro corrente.

NUMISMÁTICA

A numismática é a ciência que tem por objeto o estudo das moedas e medalhas e na opinião de Aldo, que está exercitando isso há um longo tempo, nas imagens das moedas e em suas inscrições se conserva a memória dos tempos mais do que em nenhum outro documento. A numismática contribui com a elucidação dos sistemas monetários e seus encadeamentos, ilustrando as moedas de conta e permitindo examinar a aplicação no passado que tiveram as leis econômicas baseado no desaparecimento de boas e más moedas, exemplificando como má o cruzeiro que acaba de ser extinto. A numismática, afirma, revela a maneira de entesourar, revela o fluxo e o refluxo da circulação monetária, sua área e densidade, as vias comerciais, a exploração de minas e mais uma gama de atividades incontáveis.