Marília Mattos e a Academia de Letras

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Marília Mattos e a Academia de Letras

Em 2013, por Jabs Paim Bandeira


Marília Mattos e a Academia de Letras

Jabs Paim Bandeira[1]


Nesta terça feira, ainda aquecido pelo sol que brilhou no domingo de páscoa, ressurreição de Cristo, clima de sentimento cristão, e emocionado pelo que aconteceu ao longo da semana anterior, na sessão solene da APL, escolhi como tema deste escrito: A Academia Passo-Fundense de Letras, que se encontrava, naquela noite de segunda feira, 25 de março, engalanada. Dando início às comemorações dos 75 anos do sodalício, o auditório estava completamente lotado, com as presenças de Luciano Azevedo (prefeito municipal), José Carlos Carles de Souza e Luis Christiano Aires (magistrado), representando o Poder Judiciário, mais os acadêmicos, convidados especiais, sob a presidência de Osvandré Lech.

O ponto culminante da solenidade foi a homenagem prestada à Marília Mattos, neta de Antonino Xavier e Oliveira, um dos mais talentosos escritores, que através de sua obra conhecemos a história de Passo Fundo. Mas o que chamou a atenção foi a sensibilidade do acadêmico Agostinho Both, que saudou Marília, envolvendo a todos num turbilhão de emoções, retratando a persona- lidade, feitos, fibra e garra desta fascinante mulher, professora e educadora. Disse ele:

[...] Como descrever a virtude da coragem que te fez valente diante de dificulda- des em tua esclerose múltipla que se transformou em virtude. Como avaliar as forças, para juntamente com um pequeno grupo, resgatar a identidade de Passo Fundo nos escritos de Antonino Xavier [...]” A persistência e a decisão foram semelhantes às mesmas virtudes dos primeiros habitantes do Planalto. Você, Marília, se aproxima da própria obra de seu autor, pois sem seu trabalho generoso e esclarecido não have- ria quem pudesse ter em mãos a história dada por Antonino” [...] “Em 2000, foi-lhe diagnosticada a doença de esclerose múltipla e a vida aí tomou outro rumo.

Como ignorava do que se tratava, Marília passou a ler sobre a doença e teve a iniciativa de reunir os portadores de EM. Usou os meios de comunicação escrita, falada e televisionada. A surpresa foi grande, como disse ela textualmente: “Éramos muitas pessoas e o que me impressionou foi que grande parte deles era pré-adolescentes, adolescentes e adultos jovens, a maioria do sexo feminino. Criamos um grupo de portadores de EM e familiares, isso faz seguramente 12 anos. Temos reuniões mensais” [...] Nós muito

pouco atentaremos e muito pouco recordaremos o que eu disse, mas não poderemos jamais esquecer o que Marília fez. Que todos nós aqui presentes admitamos que os esforços de Marília não foram em vão!

[...] Que esta região, com a graça de Deus, re- nasça na liberdade porque sabe boa parte de sua história e o quanto ainda poderemos construir, tendo, por exemplo, o que esta mulher fez por todos nós.

Agradecendo, emocionada, consternando a todos, Marília, ainda ressaltou que tem dois so- nhos: o primeiro, reestruturar a Associação de Portadores de Esclerose Múltipla, para que possa ajudar as pessoas que desenvolveram esta doença, inclusive financeiramente, para que possam ter

acompanhamento médico, psicólogos e adquirirem remédios. E o segundo sonho, como enfatizou, é: “Iniciar uma campanha, no sentido de esclarecer que esclerose não quer dizer loucura, nem mesmo é sinônimo de louco. É comum as pessoas, inclusive nas novelas, representarem a esclerose como se fosse uma loucura. É importante esclarecer isso!”, concluiu Marília.

Diversos oradores se fizeram ouvir, aplaudindo a iniciativa e saudando a academia e Marília. O Dr. Luiz Christiano Aires, por sua vez, sintetizou o pensamento emocionado de todos ao assinalar que:

“[...] Numa segunda-feira, uma Academia de Letras, casa cheia, marcava os seu 75 anos de existência, homenageando uma mulher que, não obstante estar lutando contra uma doença, ainda tinha dois sonhos, enquanto alguns de nós, sem a situação que ela convive, não têm qualquer sonho!”, concluiu!

Parabéns a todos, à Academia, à homenageada e aos presentes, que tiveram a oportunidade de assistir a algo diferenciado, uma homenagem que interpreta o justo sentimento de toda uma comunidade!

  1. Membro da APLetras (cadeira 18)