Ivaldino Tasca a Prosa Está Viva

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Ivaldino Tasca a Prosa Está Viva

Em 27/09/2018, por Tânia Du Bois


Vivo em um mundo onde tudo passa rapidamente, o que me leva a constatar que, por vezes, não consigo me atualizar a tempo. Também, noto que algumas coisas não se encaixam nessa velocidade, como a leitura de um livro. Sinto que o tempo não mudou a alegria e o prazer do momento, sigo lendo e chego aos ensaios do livro Retrato 3x4 de Passo Fundo, de Ivaldino Tasca.

Difícil não me render às suas palavras e passagens descritas em detalhes, captam a vibração do dia a dia da cidade, como em: “Não procurem apenas em coisas materiais as causas que fazem desta Passo Fundo um lugar diferenciado no território da magia, do encanto...”

A ideia é mais importante do que a realidade na força propulsora do autor, que vem do seu ponto criador e, assim, vivo a “glória literária” de Tasca, que me permite reviver a influência de Ivaldino quando, além das imagens de Passo fundo, revela as idiossincrasias e possibilidades de o realismo se deixar vivo em sua prosa.

Tasca mostra a sua paixão por Passo Fundo, retratando o passado de maneira concisa e existencial, em sua merecida atenção; mas, escreve sobre o passado que não é de natureza puramente histórica. Assim, “Teixeirinha... e eu amamos Passo fundo. E daí?... Meu amor é melhor e maior por ser meu e porque mantém o sopro da vida afagando meu ser”.

Com olhar atento, o autor reflete o sentido e o significado do Retrato 3x4, como se fosse o álbum composto pela memória, atemporal, mantida na vivacidade da prosa e narrada com palavras que vão do aço ao amor, trazendo o poder do vir a ser, como substrato do que é em circunstâncias misteriosas e atrativas. Apresenta a obra como cenas em que a protagonista é a emoção nos questionamentos sobre suas experiências e vivências; tais como, “As cidades são iguais... a diferença sutil que faz a grande diferença está no modo como os habitantes movem corpo e alma, inseridos nas ocorrências de ontem e do hoje...”

Seu livro é prosa viva, aliada das situações em que Tasca propõe o desafio ao leitor; trajetória que marca o diálogo do dia a dia passo-fundense. Sua essência reside em dar vida à prosa, em emocionantes textos, no decorrer dos acontecimentos – amor e desamor; encontros e desencontros. Com intensa magia desperta variadas importâncias em novas realidades, como o lugar onde o leitor pode se sentir em “casa”: “Nada mais íntimo e arraigado ao gaúcho do que o chimarrão, fiel companheiro cujo amargor adoça a alma e espanta a solidão”.

Também, encontro Mara de Castro Tasca que, com suas ilustrações, completam a obra nas expressões pertinentes e recorrentes na prosa viva e inusitada do Autor, em imagens que contribuem para a lição de integridade artística do livro.

Ivaldino Tasca descreve fragmentos da vida na totalidade da compreensão de seus sentidos – liberdade e verdade – através da história em sua ficção. Em suas palavras, “Sentimentos, vivências, experiências, relações não são facilmente compreendidas, assimilados e verbalizados, quando mergulhados na infinidade de tons com que batem, desdobram-se e rebatem os nem sempre ponderáveis componentes da essência do ser”.