Igreja dos Pobres
Igreja dos Pobres
Em 30/01/1995 - por Paulo Domingos da Silva Monteiro
Recentemente nesta coluna, comentamos o livro A MISSÃO DA IGREJA. Mostrávamos a ignorância dos sabidos sobre a presença dos evangélicos de um a forma geral, e pentecostais, em particular, na América Latina. A MISSÃO EDITORA, de Belo horizonte, acaba de publicar O GRITO DOS POBRES NA CIDADE, do neozelandês Viv Grigg, casado com uma brasileira, Lêda.
O autor é um missionário que tem atuado em favelas de várias partes do mundo: na Ásia, nos Estados Unidos e na América Latina, inclusive no Brasil.
A grande crítica de Viv é contra a prática das igrejas. “Acontece- escreve à pág. 22- que a igreja oferece pão ao pobre e guarda o pão da vida para a classe média”. É uma crítica direta ao assistencialismo de entidades internacionais, originárias dos países mais ricos, cuja utilização real de recursos é muitas vezes criticada à boca-pequena.
Contrariamente à teologia da libertação, que se apoia em pressupostos das ciências sociais, mais especificamente do marxismo, o autor de O GRITO DOS POBRES NA CIDADE, fundamenta suas colocações numa teologia bíblica, baseada nos Evangélicos, nos exemplos de Cristo, dos profetas e dos apóstolos.
Ouçamo-lo.
“Ao mesmo tempo em que afirmo que as abordagens desenvolvimentistas são tentativas sinceras de se refletir os princípios do reino de Deus, sinto-me comprometido com a perspectiva de que o estabelecimento da igreja é objetivo primeiro, na atividade de desenvolvimento dessas comunidades (i.é: as comunidades pobres. PM), à luz das Escrituras. Nessa perspectiva, o desenvolvimento do reino espiritual é o elemento central na transformação da sociedade. Os desenvolvimentos econômicos, social e politico representam um crescimento à margem do espiritual."
São importantes, mas não centrais e nem fundamentais, ainda que, às vezes, assumam uma prioridade temporária”. (op. Cit. Pág. 13).
Livro polêmico. Não dogmático, embora firme. Duradouro. O GRITO DOS POBRES NA CIDADE transcende o meramente religioso.
Desmascara aqueles que pensam que os evangélicos estão alienados da realidade. Será que toda a religião é ópio?
Jornal da Cidade.
30/01/1995