Hotéis de Passo Fundo até a entrada do século XX

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Hotéis de Passo Fundo até a entrada do século XX

Em 07/08/2007, por Ana Paula Wickert e Atílio Tramontini


Ana Paula Wickert

Atílio Tramontini


Até a entrada do século XX, Passo Fundo se assemelhava a uma pequena vila colonial, onde predominava o aspecto rural, com edificações simples, normalmente de um pavimento destinadas à moradia e comércio local. O grande impulso econômico e social aconteceu com a chegada da ferrovia em 1898, permitindo um contato mais expressivo com o centro do Estado e, posteriormente, em 1911, com São Paulo.

A população urbana cresceu consideravelmente em apenas duas décadas e em 1920 a feição da cidade começava a se modificar. Inicialmente, no século XVIII, o núcleo urbano se formava próximo à fonte da mãe preta, em direção ao Boqueirão, e ao lado da igreja Matriz estava localizado um dos primeiros hotéis da cidade, o Hotel Flórida.

O novo meio de transporte modificou a dinâmica da cidade, e o crescimento que acontecia ao longo da Avenida Brasil passou a seguir em direção à gare da estação férrea, ao longo das ruas General Neto e Bento Gonçalves. Nesses eixos que ligavam a antiga Rua do Comércio (atual Av. Brasil) à estação férrea, foram construídos os principais hotéis da primeira metade do século XX.

O Hotel dos Viajantes foi o primeiro a se instalar na Rua General Canabarro, em frente à estação férrea. Inicialmente, era uma construção simples com apenas um pavimento, em poucos anos foi ampliado para um sobrado e passou a ser denominado Hotel Petraco (atual Caixa Econômica Federal). Outro hotel construído logo da chegada da ferrovia foi o Hotel Internacional, na Rua do Comércio ao lado dos trilhos da viação, constituindo inclusive um ponto de parada do trem. Na década de 1920, observou-se a construção de dois hotéis mais imponentes se comparados com o contexto arquitetônico da cidade na época. Os hotéis Avenida e Glória são sobrados imponentes, localizados em esquinas, com decorações ecléticas, simbolizando uma nova fase na cultura da cidade que se modernizava, e ainda hoje são marcos referenciais na paisagem urbana.

Em 1930, o imigrante Alessandro Lago, proprietário de terras próximas à linha férrea, que já havia investido na construção de uma casa comercial em frente ao Hotel Glória, observando o crescimento da procura pelo setor hoteleiro construiu em diagonal ao seu comércio o Hotel Roma, posteriormente denominado Hotel Nacional devido a questões políticas. Além desse, na região ainda havia o Hotel Itália, posteriormente chamado Brasil, atualmente estabelecido como Turis Hotel.

Na década de 1960, o desenvolvimento econômico da cidade reflete-se em uma mudança na tipologia construtiva do centro da cidade, com início do processo de verticalização. Os hotéis seguem o mesmo caminho. O primeiro foi o Turis Hotel, construído em frente à Praça Marechal Floriano, seguindo os ícones da modernidade, especialmente em relação aos brises solares que caracterizam sua fachada. Em seguida, o Rio Hotel, Itatiaia, Serrador e San Silvestre são implantados na área central seguindo a mesma tendência de edifícios em altura.

Atualmente, a tendência da hotelaria em Passo Fundo é atender a um novo mercado, que exige não apenas a hospedagem, mas sim todo um programa de usos complementares como espaço para convenções, eventos, lazer, fitness center, gastronomia regional e internacional, não esquecendo o conforto e qualidade dos serviços. Nesse novo conceito, foram construídos o Maitá Palace Hotel, Hotel Da Vinci e mais recentemente o Hotel Villa Vegueiro, representativo da arquitetura pós-moderna com uso de materiais contemporâneos como vidro e estrutura metálica, respondendo a um amplo programa de necessidades. O setor se mantém como um dos mais expressivos da cidade, sendo que hoje o sindicato da classe hoteleira de Passo Fundo possui vinte hotéis cadastrados, os quais somam 950 unidades habitacionais, totalizando 1.900 leitos disponíveis (S.H.B.R.S. Passo Fundo 2007).