Homenagem a Aventino Alfredo Agostini

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Homenagem a Aventino Alfredo Agostini

Em 18/06/2018, por Mauro Gaglietti


AMA TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO

Prof. Dr. Mauro Gaglietti


DISCURSO[1]

HOMENAGEM A AVENTINO ALFREDO AGOSTINI[2]


Ao término de um período de decadência sobrevive o ponto de mutação. A luz poderosa que fora banida ressurge. Há movimento, mas este não é gerado pela força... O movimento é natural, surge espontaneamente. Por essa razão, a transformação do antigo torna-se fácil. O velho é descartado, e o novo é introduzido. Ambas as medidas se harmonizam com o tempo, não resultando daí, portanto, nenhum dano. I Ching

Prezada Sra. Dilse Corteze, Presidenta da Academia Passo-Fundense de Letras. Prezados colegas acadêmicos, Dr. Aventino Alfredo Agostini, Profa. Dra. Fabiane Verardi Burlamaque e Professor Welci Nascimento, queridos homenageados na noite de hoje e respectivos familiares, amigos e colegas, em especial, Sra. Carmen Maria Tagliari, esposa do homenageado, Dr. Aventino Alfredo Agostini. Aos médicos que contribuíram com a comunidade e que acompanham o trabalho do Dr. Aventino, em especial, Verissimo da Fonseca e seus familiares (in memorian), Osvandré Lech e Carlos Antônio Madalosso (Presidente da Academia Passo-Fundense de Medicina). Aos presentes, o desejo que tenhamos uma boa noite, repleta de boas energias!

Peço licença para destacar, nesse momento, alguns aspectos da vida e da obra de um cientista transdisciplinar e holístico que superou, há muito tempo, o paradigma cartesiano e que reside em nossa cidade desde 1974, sendo o criador, em Brasília (DF), do Instituto de Patologia da UnB, e, em Passo Fundo, do Instituto de Patologia e da Escola de Educação Infantil Saber-Fazer.

Fez residência médica no Serviço de Anatomia Patológica do Professor Manoel Barreto Netto, na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, onde concluiu sua Pós-Graduação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na década de 1960. Médico Especialista em Anatomopatologia e Citopatologia, publicou livros que transitam por diversas áreas do conhecimento humano: A imunologia do comportamento; O cálice de Sophia; Para além dos répteis; A humanidade da natureza humana; O pecado da omissão e direitos da primeira infância; Nobel da convivência;  e, para 2018, o público poderá contar com mais uma obra na qual aborda, entre outros temas, o amor e os fractais.

Enfim, falo de um ser humano ímpar, que há mais de 50 anos vem construindo um novo paradigma voltado a crianças e de como educar na primeira infância.  Preocupado com os seres humanos cujas doenças decorrem – como é o caso da hipertensão arterial, atrofia renal e úlceras de estômago – da forma como as cidades se estruturam para fazer o mercado funcionar.

Parte de sua tese – verdadeiro legado para a humanidade – defende que: 1) a interação bebê/criança e o ambiente (mãe/pai) é o fator mais forte para o desenvolvimento de uma personalidade saudável; 2) na ausência dos pais, as crianças precisam ser cuidadas por profissionais preparados no âmbito da educação infantil, a fim de propiciar o convívio amoroso e o contato com a natureza; 3) interações positivas, carregadas de afeto positivo, facilitarão o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança, e as negativas, terão efeito oposto; 4) Essa interação começa desde o momento da concepção, ou seja, ainda no momento uterino; e, 5) o contato das crianças com os animais, com a terra, com o sol, com ar puro e plantas, é fundamental para o desenvolvimento da humanidade da natureza humana.

Para que a espécie humana sobreviva no Planeta Terra é necessário, segundo o nosso homenageado: 1) lembrar que o ser humano não é de natureza má; 2) alterar os objetivos do exercício do poder e da política; 3) continuar desejando amar até que o amor se estabeleça entre os seres humanos; e, 4) estabelecer e difundir universalmente os Direitos da Primeira Infância.

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Com este espírito, infere-se que prestar homenagem é colocar o coração em estado de estrado pintado com tinta amarela de Van Gogh. Homenagear é temperar a vida da pessoa homenageada e daqueles que a homenageiam. No caso, realça-se, aqui, o que não se consegue ver sem a cooperação do outro. Se todos pudessem ver e reconhecer a singularidade do outro, não seria necessário o ato de homenagear. Sem o auxílio do outro, torna-se inviável prestar homenagem a alguém!

Homenagear é pegar emprestados os olhos do outro e o seu microscópio para visualizarmos o que a nossa cultura impede que enxerguemos na medida em que as palavras podem ser parede ou janelas. Este exercício de respeito à alteridade e de empatia, pode ser concretizado nas evidências expostas nas paredes institucionais que a arte pode transformar em janelas. Homenagear pode ser um gesto de criar janelas por meio das palavras que nos convidam a imaginar saídas, na busca de uma espécie de cura quântica emprestada dos artistas, no uso das “cores de Almodóvar e das cores de Frida Kahlo” no que antes era cinza chapado de cimento e ferro.

Creio que estamos aqui para reconhecer algo digno de registro, de nota, merecedor de atenção e de um olhar sensível que busca agarrar o que importa pelas possibilidades infinitas de uma fresta de vida! No caso, busquei apoio junto ao Sr. Luiz Carlos Dale Nogari dos Santos, grande amigo de nosso homenageado e seu principal interlocutor na América Latina. Referimo-nos, em particular, ao Dr. AVENTINO ALFREDO AGOSTINI, como um cientista erudito, e, ao mesmo tempo, muito acessível, cuja sensibilidade brota à flor da pele, digno da estatura científica e intelectual de um Fritjof CAPRA, Humberto MATURANA, Carl Gustav JUNG, OSHO, Edgar MORIN, Antônio DAMÁSIO, Johann Heinrich PESTALOZZI,  Jean PIAGET, Paulo FREIRE, John BOWLBY e Paul D. MacLEAN.

Dr. AVENTINO ALFREDO AGOSTINI é médico e escritor, que há 43 anos vive em Passo Fundo. Nascido em Nova Bréscia (RS – Brasil), em 02 de agosto de 1937, formado em medicina pela UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), vindo a atuar, posteriormente, como professor nos Cursos de Medicina em diversas instituições, tais como: UFSM (Universidade Federal de Santa Maria); UFF (Universidade Federal Fluminense (Niterói, RJ); UFPI (Universidade Federal do Piauí), e UnB (Universidade de Brasília), onde se destacou pelo seu árduo trabalho na condição de Chefe da Divisão de Patologia, onde fundou, entre 1966 e 1968, do Instituto de Patologia na Universidade de Brasília (UnB), chegando a realizar mais de 1.700 autópsias entre 1966 e 1973.

Salienta-se, ainda, que como se não bastasse à época, trabalhar por oito horas diárias realizando autópsias, ao retornar à sua casa, no horário reservado ao descanso, o Dr. Aventino, ao contrário, continuava estudando para buscar a explicação do funcionamento da vida, e, sobretudo, o que mais o intrigava: o óbito infantil e a necessidade de políticas públicas que pudessem diminuir essas mortes. Pela ingerência do poder político em tempos da Ditadura, recusou-se a assinar a autópsia de uma criança que apareceu morta em uma piscina em Brasília. Em virtude disso, o Distrito Federal ficou para trás, cedendo lugar a Passo Fundo como local para o Dr. Aventino vir a reconstruir sua vida profissional.

Assim, foi criado por ele, em 1975, o Instituto de Patologia de Passo Fundo, para servir aos hospitais e clínicas da cidade e região norte do Rio Grande do Sul, abrangendo mais de um milhão de habitantes. Posteriormente, entre 1981 e 2007, o Dr. Aventino tornou-se Professor titular da disciplina de Patologia da UPF (Universidade de Passo Fundo), nos cursos de Medicina e Enfermagem. Destaca-se, ainda, que suas descobertas científicas foram publicadas em renomados periódicos no Brasil e em outros países, tendo inscrito seu nome em alguns manuais internacionais de Medicina por intermédio da publicação dos trabalhos como, “Dinâmica das doenças infecto contagiosas” e “Método diagnóstico nas doenças infecciosas e parasitárias”.

Nota-se, que a sua fortuna crítica traduz a busca da descrição do entendimento de quem somos, de onde viemos, a aventura de nascer, de renascer e a felicidade de viver. Muito antes do reconhecimento da Etologia (pesquisa acerca do comportamento animal) como ciência em 1973, o Dr. Aventino já admitia, em suas investigações, que desde a primeira infância, a humanidade da Natureza Humana manifesta-se no comportamento deste mesmo ser humano, como nos demais mamíferos, já demonstrando que o MAL não é parte integrante da natureza humana. Se por um lado, os animais conseguiram fazer do MAL da agressão intra espécie um BEM para preservar a espécie, de outro, o ser humano poderia fazer o mesmo se assim o desejasse. Ocorre que nós humanos precisaríamos observar mais os animais e adotar a sua inteligência cósmica para tentarmos viabilizar a continuidade da raça humana na Terra.

Ao mesmo tempo, integra também o legado deste cientista, que já se encontra inscrito nos anais internacionais de medicina, e nos institutos de patologia por ele criados, a Escola de Educação Infantil Saber Fazer (em Passo Fundo no bairro Menino Deus/Santa Marta). Nela, verifica-se a missão viva de facilitar que a humanidade da natureza humana possa se manifestar no comportamento desde a infância. Volta-se, a Escola, para a aquisição de habilidades de convivência com o mundo físico, biológico e social.

Esse empreendimento, no âmbito da educação na primeira infância, tornou-se possível em virtude da efetivação de práticas pedagógicas fundamentadas no método baseado nos princípios da Etologia, da Teoria do Apego de Bowlby e do Cérebro Triuno na formulação de Paul MacLean. Em primeiro lugar, salienta-se que nesta escola os animais, por exemplo, nos ensinam como conviver com o medo, agressão e, inclusive, desenvolver a afeição pelos familiares e semelhantes.

Em segundo lugar, buscando possibilitar às crianças que cresçam com sociabilidade, sem ansiedade e depressão, a Escola Saber Fazer propicia conforto físico, proteção e alimentação adequada, fazendo com que as mesmas se afeiçoem às suas professoras, fundamentando-se no conceito de “Cérebro Triúnico” de MacLean, ao conceber o ser humano como resultado de uma evolução de bilhões de anos, ultrapassando várias fases no seu desenvolvimento que o fizeram uma espécie muito desenvolvida, com pensamento abstrato e racional, consciência, inteligência e cultura.

O Dr. Aventino busca, em Paul MacLean, as três fases dessa evolução concebida no “Cérebro Triúnico”, segundo a qual há três cérebros em um só. A primeira parte é o paleoncéfalo (herança réptil); esta é a menor parte do nosso cérebro, sendo responsável pelas necessidades básicas e essenciais, como por exemplo, a digestão, o sono, a respiração e o batimento cardíaco. Estas ações são de carácter mecânico e instintivo.

A segunda parte do “Cérebro Triúnico” é o mesoencéfalo ou sistema límbico, comum a todos os mamíferos, responsável pela proteção, emoções e sentimentos, capaz de aprender e transformar as emoções em memória. Finalmente, há a formação de um terceiro cérebro, o neocórtex, que é a parte maior e mais evoluída do cérebro, a qual permite uma consciência e um raciocínio lógico ou argumentativo, distinguindo os humanos dos outros animais.  Esta terceira parte do cérebro, permite que os seres humanos sejam socioculturais e tenham um papel interventivo na sociedade e, também, tornando-se produto dessa mesma sociedade e da sua cultura.

O Dr. Aventino acredita, ainda, que é possível termos uma civilização que viva em paz. Para tanto, a cultura da convivência e da cooperação deve se sobrepor à cultura do ganhar/perder. No caso, a convivência e a proteção dos mundos físico e biológico originários, também serão dinâmicas. Ele chama atenção dos políticos profissionais que decidem a vida dos demais seres humanos, ao destacar que o poder está sendo exercido de modo a colocar “o Homo sapiens et sapiens em um corredor, obrigado a andar para frente em direção à beira de um precipício, carregando nas costas, ciência e tecnologia, megalomania e maldição do trabalho, acrescido dos fardos, onde foi feita a confusão entre riqueza e economia. Noutros fardos, carregando também a confusão entre agressão e violência, e em outros, ainda, as ideologias políticas, religiosas, étnicas e a discriminação profissional”.

Com todo esse peso, caminham pela estrada da cultura do ganha/perde, de derrotar o outro, de vencer acima de tudo e, nesse caso, seus fardos poderão explodir, muito antes dos seres humanos perceberem que estão desaparecendo do Planeta enquanto raça, enquanto espécie, conforme pesquisa desenvolvida, há 40 anos, pelo homenageado, as quais demonstram a relação intrínseca entre vida e conhecimento: Viver é conhecer, é relacionar-se, é estabelecer vínculos de cooperação.

Cooperar é muito mais apropriado, em termos da evolução humana, do que competir. Vínculos amorosos! Foi cooperando que a humanidade conseguiu desenvolver o afeto e a linguagem. Na conceituação de Maturana e Varela, biólogos respeitados internacionalmente, o que denominam de ”autopoiese” (a capacidade de participar de sua própria criação), no sentido de que somos todos, da bactéria ao homo sapiens, seres determinados estruturalmente, e somente são plausíveis relações que possibilitem um encaixe, um acoplamento estrutural.

No entanto, esta estrutura não é fixa, estática; o ser vivo se modifica ao longo de sua vida, em consequência das relações repetidas que mantém com outros seres vivos e com o meio ambiente. Reitera-se o que Gregory Bateson já havia dito a respeito das descobertas de Darwin e que, infelizmente, foram tão mal compreendidas: a evolução propicia a sobrevivência do organismo em interação com o meio ambiente.

Não é o mais forte (the strongest) que sobrevive, mas a unidade organismo e meio ambiente mais adaptados, mais encaixados (the fittest). Não há evolução ou sobrevivência de organismos isolados, mas apenas de organismos em relação com o meio e vice-versa. Quando estas características estruturais modificadas permanecem ao longo de gerações de uma linhagem, temos, então, uma herança, um processo histórico. E não são apenas as características genético-cromossômicas que são passadas de geração a geração, mas também as formas de se relacionar.

Assim, da estrutura e organização dos seres vivos, fazem parte não apenas aspectos biológicos, mas também as formas de condutas, aqui entendidas como sendo as "mudanças de postura ou de posição de um ser vivo, que um observador descreve como sendo movimentos ou ações em relação a um ambiente determinado”. Dos acoplamentos estruturais recorrentes entre organismos que têm sistema nervoso, origina-se o processo especial dos fenômenos sociais, entendidos exclusivamente so a ótica das interações que se dão entre seres vivos, especialmente os humanos, aqueles em que se conserva uma emoção básica.

Quer-se destacar, que todas as nossas condutas, mesmo aquelas que chamamos de racionais, dão-se sob o domínio básico de uma emoção, que se pode denominar amor: uma emoção, uma disposição corporal que nos possibilita ou não condutas estruturantes do humano. Percebe-se, nesses termos, que o ser humano surge quando se unem uma série de características estruturais e organizacionais: o convívio em grupo, baseado na ajuda e proteção mútuas, o compartilhamento dos alimentos, o cuidado e proteção dos filhotes, e o prazer sensual e sexual da convivência entre machos e fêmeas, independentemente da reprodução.

Todo este processo dá-se dentro da linguagem, aqui compreendida muito além da expressão verbal: trata-se da “biologia do amar”. O Amor concebido como uma ação, uma atitude na qual o OUTRO É ACEITO COMO LEGÍTIMO OUTRO NA CONVIVÊNCIA. "O amor não é um fenômeno biológico eventual nem especial, é um fenômeno biológico cotidiano. Mais que isto, o amor é um fenômeno biológico tão básico e cotidiano no humano, que frequentemente o negamos culturalmente, criando limites na legitimidade da convivência, em função de outras emoções. (...) A emoção que define o que chamamos de relações sociais é o amor, porque as ações que constituem o que chamamos de social são as de aceitação do outro como legítimo outro na convivência (...). Nem todas as relações humanas são do mesmo tipo."

Relações que não se baseiam na aceitação do outro como legítimo outro, não são relações sociais. A esta altura, as tradicionais divisões e separações entre biológico e cultural, individual e social, emoção e razão, não fazem mais sentido. Somos seres basicamente amorosos, em função de nossa organização e estrutura, mas vivemos em uma cultura patriarcal que nega nossos fundamentos amorosos, matriarcais. Não nascemos capazes de discriminações étnicas (chamadas vulgarmente de raciais), culturais ou de gênero. As crianças naturalmente se aceitam, independentemente da etnia, classe social ou religião.

Toda negação do outro em sua diferença é consequência de um aprendizado cultural e social. Dito isto, concebe-se que esta forma de ver o mundo e os demais seres vivos é aceita ao serem considerados os fundamentos amorosos do humano, fazendo surgir a obrigação de repensar todas as relações entre pessoas, seres vivos e com o meio ambiente. Até mesmo as práticas profissionais precisam ser revistas. Em que emoção se baseiam? Como ficam a educação, as psicologias e as terapias, as relações de trabalho nas empresas, as questões ambientais, as práticas de saúde?

Essas novas possibilidades que cientistas como Varela, Maturana, Capra e o homenageado, Dr. Aventino apresentam há quatro décadas, retomam o ESTRADO referido no início do discurso, quando vê-se nos olhos do querido homenageado, sua família, seus amigos, seus colegas médicos, seus ex-alunos e alunas e as inúmeras famílias que se beneficiaram do seu trabalho à luz do seu microscópio. Vê-se o Instituto de Patologia de Passo Fundo com sua equipe de profissionais, Vê-se, sobretudo, o alcance da Escola Saber Fazer entre professoras, os alunos(as) e as suas famílias.

Sente-se que os olhos de Aventino, enquanto olhos de um cientista, consideram o campo microscópico a tela do comportamento social. Nunca alguém tão grande se fez tão pequeno para tornar grandes os nossos pequenos! Em outros termos, as crianças têm o direito à primeira infância assim como os animais têm direito a serem animais, viverem desse modo, em contato com a natureza. Lembra o Dr. Aventino, que toda privação de liberdade, mesmo que tenha fins educativos, contraria esses direitos dos animais e das crianças.

E, para finalizar, como um novo início, busca-se no poema “ Meu coração é um enorme estrado” de Álvaro de Campos (In “Poemas” – Heterônimo de Fernando Pessoa).

Conclusão a sucata!... Fiz o cálculo,

Saiu-me certo, fui elogiado...

Meu coração é um enorme estrado

Onde se expõe um pequeno animálculo...

A microscópio de desilusões

Findei, prolixo nas minúcias fúteis...

Minhas conclusões práticas, inúteis...

Minhas conclusões teóricas, confusões...

Que teorias há para quem sente

O cérebro quebrar-se, como um dente

Dum pente de mendigo que emigrou ?

Fecho o caderno dos apontamentos

E faço riscos moles e cinzentos

Nas costas do envelope do que sou... .

Referências

  1. Agradecimentos especiais pelas valiosas contribuições à Natália Formagini Gaglietti , Luiz Carlos Dale Nodari dos Santos e Alessandra da Rosa Sikora
  2. Mérito Cultural Francisco Antonino Xavier e Oliveira na cerimônia da Academia Passo-Fundense de Letras. Discurso em homenagem ao Dr. Aventino Alfredo Agostini no dia 14 de Dezembro de 2017, proferido pelo acadêmico Mauro Gaglietti, titular da Cadeira nº 31 da Academia Passo-Fundense de Letras, cujo Patrono é Francisco Antonino Xavier e Oliveira.