Gripe Espanhola em Passo Fundo, 1918

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Gripe Espanhola em Passo Fundo, 1918

Em 2009, por Luciana Aita Ost


Luciana Aita Ost[1]


Não foi somente neste ano de 2009 a primeira vez que a Gripe Suína (H1N1-A) esteve presente em Passo Fundo. Segundo dados levantados nos relatórios da Intendência Municipal, relatados pelo coronel Pedro Lopes de Oliveira em 1920, a Influenza Espanhola ou Gripe Espanhola (H1N1), como era chamada naquela época, provocou um total de 118 óbitos entre 31 de outubro de 1918 até 05 de janeiro de 1919.

A Gripe Espanhola surgiu na Europa em abril de 1918, no final da Primeira Guerra Mundial, devido às precárias condições de saúde pública e saneamento básico deixadas pela destruição causada pela guerra. Os primeiros a serem contaminados, foram os soldados das tropas francesas, britânicas e americanas, estacionadas para embarque nos portos da França. O vírus se disseminou rapidamente pelo mundo, infectando 50% da população européia, num total de 20 milhões de pessoas no mundo, com taxa de letalidade 8%.

A Gripe Espanhola chegou ao Brasil em 20 de setembro de 1918, primeiramente no Recife, depois em Salvador, Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul chega pelo porto de Rio Grande, em outubro do mesmo ano. O vírus alastrou-se rapidamente em todo o país fazendo mais de 300 mil óbitos, veio través da equipe médica que havia sido enviada para a França para atender as vítimas da Guerra, quando voltavam para o Brasil de navio, o Demerara.

Naquele período em que a Influenza Espanhola atingiu Passo Fundo, os riscos e formas de contágio eram os mesmos que os de hoje, inclusive os sintomas: febre alta, dores de cabeça, garganta, musculares e dificuldade para respirar. Como na época não havia tecnologia para exames laboratoriais aqui, e não haviam diagnósticos precisos, os médicos prescreviam a medicação de acordo com os sintomas. Um dos fatores que contribuiu para que a doença se alastrasse rapidamente, foram as precárias condições de higiene, devido à falta de saneamento básico da cidade. Devido a isso, muitas pessoas foram infectadas, principalmente as classes mais pobres, pois tinham o organismo enfraquecido por carência alimentar. Notem que, naquele tempo, nem todas as pessoas tinham acesso à assistência médica, e em muitos casos, a distância dos lugarejos em relação à cidade e a falta de recursos financeiros, contribuíram para o falecimento de algumas pessoas; inclusive, talvez muitos óbitos não tenham chegado a conhecimento da Intendência na época e não foram descritos no relatório de 1920.

Em 1918, havia em Passo Fundo somente o Hospital da Caridade, fundado em 20 de julho de 1914, uma sociedade beneficente, criada por um grupo local de pessoas, para auxiliar no tratamento médico da população local e carente, não tinha recursos suficientes para atender a população nesta época de epidemia. Devido à gravidade da situação, um outro grupo de pessoas, como apoio ao atendimento das pessoas infectadas, montou uma enfermaria em uma casa alugada no centro da cidade, que mais tarde, veio a ser a sede do Hospital São Vicente de Paulo.  Pelos dados levantados em relatórios do HSVP, foram atendidos, naquele local, durante a epidemia, 76 doentes, destes, 15 morreram, sendo 11 adultos e 4 crianças.

Somente em 1931 que não se soube mais de casos da Gripe Espanhola, pois foi neste ano que a vacina conta o vírus H1N1 foi criada; pelo virologista norte-americano Richard E. Shop, isolando o vírus em porcos, para que então pudesse desenvolvê-la. A Gripe Suína de hoje foi a Gripe Espanhola de ontem, ambas são causadas pelo mesmo vírus Influenza H1N1, e será coincidência que atualmente o vírus tenha sido detectado em suínos?

Referências

  1. Acadêmica do Curso de História UPF – IV nível