Fundação do Jornal O Nacional

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Fundação do Jornal O Nacional

Em 07/08/2007, por Pedro Ari Veríssimo da Fonseca


Em 19 de junho de 1925 um grupo de figuras expoentes da política e da sociedade passo-fundense (Americano de Araújo Bastos, Hiran de Araújo Bastos, Teófilo Guimarães, Armando Annes, Herculano Annes) fundou o jornal O Nacional, tendo como seu diretor o advogado Herculano Annes e como objetivo principal, além de informar através da notícia, dar sustentação política ao grupo liderado pela família Annes.

Pouco após a fundação, o menino Múcio de Castro, empregou-se como entregador de jornal para ajudar no sustento da família, uma vez que o pai deste, Leão Nunes de Castro, havia perdido suas patentes de coronel do extinto Corpo Especial da Brigada Militar.

Em pouco tempo, passou a trabalhar na expedição (que fazia a dobra e distribuição do jornal) e logo em seguida foi promovido a chefe do dito setor. Antes mesmo de completar 18 anos foi conduzido para a redação e logo em seguida para a chefia da mesma.

Passou a acumular a gerência comercial e logo após foi nomeado diretor. Nesse ínterim, a família Annes foi perdendo interesse pela dita folha, e em 1940 vendeu o título, móveis utensílios e uma precária gráfica para Múcio de Castro. A partir desse momento, se modifica a história do jornal O Nacional, transformando-se num órgão totalmente independente e baluarte dos interesses da comunidade da então pequena cidade de Passo Fundo, fazendo com que a figura do jornal se confundisse com a de Múcio. A militância política de Múcio de Castro o levou, no ano de 1954, a ser eleito o mais jovem deputado esta dual pela legenda do PTB de Getulio Vargas, como também a exercer uma liderança política, sem nunca sobrepor os seus interesses aos da comunidade passo-fundense, razão esta da lisura da linha editorial de O Nacional.

O jornal se engajou em todas as lutas pelo progresso e solidificação de Passo Fundo como pólo regional, principalmente na criação e fundação da Universidade de Passo Fundo, que teve o início de seus debates em sua redação. Uma de suas principais características na linha editorial sempre foi a luta pelo Estado democrático de direito. Foi um dos órgãos que mais se envolveu nos movimentos para a redemocratização do pais pós-golpe de 64, tendo sido um dos poucos jornais a ter sua edição empastelada em 1965, pelo então comandante do Exército de Passo Fundo, major Grei Belles, que aliás foi nomeado comandante desta região pelo pleito feito pelo diretor Múcio de Castro ao então presidente da República João Goulart, que era seu amigo pessoal. Essa postura ideológica do jornal custou o cerceamento de todos os projetos de expansão de seu parque gráfico, através de importação de equipamento ou de financiamentos através de qualquer banco estatal ou de fomento empresarial, além de dificultar as buscas a canais de rádio e difusão que na época eram na verdade concessões unicamente de caráter político àqueles que eram subservientes ao regime da militar.

O jornal O Nacional, em toda a sua história, sempre foi um órgão que através da sua linha editorial lutou pela solidificação das instituições de Passo Fundo e teve envolvimento direto com os clubes de serviços e entidades filantrópicas (Patronato de Menores, APAE, Comitê de Cidadania Contra a Miséria e a Fome etc.).

Hoje O Nacional é um dos órgãos de comunicação mais respeitados em nível estadual e nacional, com 83 anos de uma história escrita dentro dos critérios de lealdade com a sua comunidade e, principalmente, afinada com os interesses desta. Formatou-se como empresa, tendo cada vez mais investido em tecnologia e profissionais, que não só proporciona ao seu leitor um jornal de qualidade gráfica e editorial, como também lhe possibilita independência financeira para manter o seu direito de opinião sem a subserviência a qualquer segmento, seja ele público ou privado.