Estádio Celso da Cunha Fiori, dados históricos
Estádio Celso da Cunha Fiori, dados históricos
Em 06/12/2010, por Marco Antônio Damian
Estádio Dr. Celso da Cunha Fiori
Marco Antonio Damian
Sigla: Estádio da Baixada
Sem estádio para mandar suas partidas oficiais desde 1946, quando a Prefeitura Municipal desapropriou o antigo campo do 14 de Julho, para a instalação da Cia. Hidráulica, o 14 de Julho, adquiriu do Senhor Ernesto Formigheri, uma área próxima ao Rio Passo Fundo. Iniciou então uma exaustiva campanha para arrecadar recursos para construção do novo estádio. A frente dessa campanha estava o Presidente do clube Dr. Celso da Cunha Fiori. Todos os esforços e recursos financeiros que o clube arrecadava eram direcionados ao novo estádio. O licenciamento do clube junto a FRGF, em 1948, ano em que não disputou nenhuma competição, dava mostras dessa convergência. No mês de novembro de 1949, a direção alvirubra convidou o Sport Club Internacional e sua constelação de craques, para inaugurar, com todas as pompas, o Estádio Dr. Celso da Cunha Fiori. O estádio se localizava, com sua entrada na parte fronteira, a Rua Ângelo Pretto. Era cercado de madeiras, possuía drenagem, túnel de acesso ao campo de jogo, alambrado e um grande pavilhão coberto, em madeiras, tomando toda a extensão lateral do campo. O grande problema era que, para a inauguração, o campo não estava gramado. Era terrão mesmo. Por conta disso alguns jogadores do 14 de Julho, que não concordavam em jogar contra o Internacional, na terra, deixaram o clube. O Internacional era chamado de Rolo Compressor, tal a forma avassaladora com que batia seus adversários. As goleadas eram corriqueiras, mesmo em clássicos grenais. O time vinha se mantendo quase o mesmo desde 1940, portanto já estava ficando envelhecido, mas seus craques jogavam demais. Nena, Ruarinho, Tesourinha, Vilalba, Ghizoni, Adãosinho e Carlitos, eram craques reconhecidos. Tesourinha, Nena e Adãosinho, jogadores de seleção brasileira, numa época em que eram raros os casos de jogadores convocados, que não fossem do eixo Rio/São Paulo. Por outro lado os times de Passo Fundo, por ser final de ano, estavam praticamente desmanchados. E o festival de inauguração previa dois jogos. Um no sábado, inauguração prévia, e outro domingo, inauguração oficial. No sábado jogaram Internacional x Gaúcho. A idéia presume-se, era o Gaúcho dar canseira no Internacional, que no domingo enfrentaria o 14 de Julho. O árbitro convidado para dirigir as duas partidas foi Mister John Ciryl Barrick, um inglês convidado pela CBD, para dar uma maior neutralidade aos jogos de futebol. Os árbitro, então, eram pessoas e desportistas vinculados aos clubes, agindo muitas vezes parcialmente. O jogo marcado para as 15h00min, do dia 19 de novembro, entre Gaúcho x Internacional, teve uma convidada inesperada. Uma chuva torrencial, que começou lá pelas 13h00min. Estádio lotado, não havia a menor possibilidade de transferência. No meio do barro o Internacional passeou e impôs uma goleada de 8 x 2. Embora o primeiro tempo tivesse terminado empatado em 2 x 2. Os artilheiros foram: Herculano (3), Tesourinha (2), Carlitos (2) e Vilalba, para o Internacional. Viana (contra) e Dom Pedrito, marcaram para o Gaúcho. No domingo, 20 de novembro, a chuva foi ainda mais intensa e o lamaçal impraticável para o futebol. Mas o 14 de Julho estava pagando para o Internacional e ele jogou. E como jogou. O primeiro tempo terminou em 4 x 0. Num dos gols Tesourinha driblou cinco adversários, gingou na frente do goleiro Dindo e marcou um golaço. Noutro, o mesmo Tesourinha driblou toda a zaga do 14 de Julho e, na corrida, deixou a bola para Carlitos. Os quatorzeanos não viram a bola parar e seguiram correndo atrás de Tesoura. Carlitos só teve o trabalho de encher o pé para a rede. No final da partida, quando estava 7 x 1 para o Internacional, houve um pênalti em favor dos porto-alegrenses. Carlitos pegou a bola, colocou na marca e falou para Dindo. “Em qual canto tu quer?” Dindo apontou para o canto direito. Carlitos mandou uma bomba, bem ali no canto direito e Dindo quase nem se mexeu. Carlitos então lhe disse: “era li que tu querias, não?” Final de partida e outro massacre. Internacional 8 x 1 14 de Julho. O golquatorzeano foi marcado pelo meia-esquerda Binha. Os dois times jogaram assim: 14 de Julho: Darci Dindo, Pupe e Pilar; Zizinho (Narciso), Dutra e Bicudo (Tau Morbini); Pregentino Parizzi, silveira, Prego, Binha e Paulista. Técnico: Vicente Souza. Internacional: Ivo, Nena e Ilmo; Viana (Lázaro), Ruarinho (Maravilha) e Raul Dias; Tesourinha (Nirinho), Herculano (Guizoni), Adãosinho, Malinho (Vilalba) e Carlitos. Foi uma festa do futebol, em que pese toda a chuvarada. No inicio de 1950, o campo já era gramado, e, em 1952, foi inaugurado um sistema de iluminação. O primeiro estádio na região a possuir iluminação para jogos noturnos. O Estádio Dr. Celso da cunha Fiori, popularmente conhecido como Estádio da Baixada durou exatamente 20 anos. Em 1969, o clube trocou a velha e desgastada Baixada pelo Estádio Vermelhão da Serra.