Entre a Cruz e a Caneta

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Entre a Cruz e a Caneta

Em 31/07/2005, por Urbano José Allgayer


Entre a Cruz e a Caneta [1]


"Ars longa, vita brevis."


Religião e literatura são coisas indissociáveis na vida de Dom Urbano Allgayer. Homem com uma longa folha de serviços prestados à Igreja Católica e às letras pátrias, assina colunas em jornais e revistas e tem diversos livros publicados. O atual Bispo Emérito de Passo Fundo se notabiliza pelo profundo espírito cristão, levando ao extremo o lema Servare Unitatem Spiritus (Guardar a Unidade do Espírito), e pela vasta cultura humanística, que se sobressai nos seus escritos e nas suas conversas.

Este descendente de imigrantes alemães nasceu em 16 de março de 1924, em Santa Clara do Sul (na época pertencente a Lajeado). Depois de passar pelo Seminário Menor de Gravataí, pelo Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, de São Leopoldo, e completar Licenciatura em Filosofia pela Unisinos, ordenou-se sacerdote, em 10 de dezembro de 1950. Ordenado Bispo em 24 de março de 1974, foi Bispo titular de Tununa e auxiliar de Dom Vicente Scherer, Arcebispo de Porto Alegre. Ao ser no¬meado Bispo de Passo Fundo, em 10 de fevereiro de 1982, tomou posse em 04 de abril do mesmo ano. No dia 19 de maio de 1999, passou o pastoreio da Diocese de Passo Fundo para Dom Pedro Ercílio Simon, mas continua residindo e trabalhando na Diocese, como Bispo Emérito, na função de Vigário episcopal para a família e para os religiosos.

Na manhã de sábado, 05 de fevereiro de 2005, Dom Urbano José Allgayer, em visita à sede da Academia Passo-Fundense de Letras, concedeu, aos membros da comissão editorial da revista Água da Fonte, a honra desta entrevista, posteriormente complementada com perguntas e respostas escritas. Não se furtou de falar e opinar sobre temas polêmicos e caros à Igreja Católica, como o celibato, a ordenação de mulheres, o aborto, os métodos contraceptivos, a renúncia papal e, evidentemente, sobre literatura.

APL - Quais foram suas origens e como foi sua formação?

Dom Urbano - Nasci no interior de Lajeado, numa pequena comunidade e num ambiente genuinamente alemão. Um loteador de nome Azambuja dividiu a terra em lotes (as chamadas colônias) vendidos aos agricultores, quase todos de origem alemã. A arquitetura também era tipicamente alemã, com casas construídas de tijolos alternados com caibros de madeira. A primeira dessas moradias foi construída na cidade de São Leopoldo.

A maioria dos colonos de Santa Clara, minha terra natal, provinha das colônias antigas (Novo Hamburgo e São Leopoldo). Não havia escolas públicas. Todas eram mantidas pelas igrejas, e as colônias vendidas para católicos e protestantes. Cada uma dessas comunidades se organizava com sua igreja e seu clube.

Antes da II Guerra Mundial, as aulas eram ministradas no idioma alemão, e compreendiam quatro anos letivos. Os colonos liam muito, pois circulavam muitas publicações na sua língua-pátria.

Depois do afundamento de alguns navios brasileiros (dizem que por submarinos alemães), o Brasil entrou na guerra, em 1942. Houve uma repressão muito grande. Nós achávamos que, se a Alemanha perdesse a guerra, todos nós seríamos expulsos do Brasil. Na casa de meu pai havia um cartaz mandado afixar pela polícia, onde se lia que era proibido falar língua estrangeira.

Entrei para o seminário em São Leopoldo. Lá se estudava um currículo variado, e se aprendia a ler e escrever na língua de origem de nossos pais. Além dela, aprendíamos latim, grego, hebraico e francês.

APL - E o seu trabalho como sacerdote?

Dom Urbano - Ordenei-me em 1950, em Lajeado, e fui trabalhar em Porto Alegre, na Paróquia de São Geraldo, na qual Dom Vicente Scherer tinha sido pároco. Fiquei um ano lá e fui transferido para a capela de Santo Antônio do Pão dos Pobres, onde fiz mais de dois mil casamentos.

Na época, as atividades do padre eram muitas, pois tínhamos de dar aulas de religião e prestar assistência às escolas, inclusive às públicas. O concílio Vaticano II mudou muito a vida da Igreja, abrindo espaço para a participação dos leigos. Até a década de 50, a formação dos clérigos era toda entregue a jesuítas suíços ou alemães, que se revelavam bons professores, principalmente de Filosofia. Mas a formação era estereotipada, pois que ministrada em latim, desde a Europa até a China (época dos manuais da escolástica).

APL - Nas últimas décadas, muito se tem falado sobre o envolvimento da Igreja com a política. Como o senhor vê isso?

Dom Urbano - O clero, no Brasil, sempre se interessou pela política. Durante o I Império, a maioria dos deputados e senadores eram padres e bispos. Aos poucos, a política foi sendo assumida pelos leigos, e é bom que seja assim. Os candidatos clérigos são poucos e não se elegem. Nós mesmos, os padres, não votamos em padres, votamos em leigos. A não ser em casos raros, corno na Itália durante o papado de Pio XII, que solicitou até às carmelitas que fossem votar, ante a ameaça de os comunistas chegarem ao poder.

APL - A Igreja tem-se manifestado contra o divórcio. Há um consenso na sociedade de que há separações necessárias. Como a Igreja não reconhece o divórcio, muitas pessoas vêm se afastando dela. Não seria o caso de rever esta posição?

Dom Urbano - Há uma carta pastoral do Papa, recomendando que as pessoas separadas não se afastem da Igreja, mesmo não recebendo os sacramentos. Muitos casamentos são inválidos desde o começo, pelo desconhecimento de certas circunstâncias. Por exemplo, quando a moça, sem o saber, casa com um homossexual. Ou quando ocorre um casamento apressado, caracterizado por falta de preparo dos noivos. Alguns teólogos defendem a revisão da posição da Igreja a respeito do divórcio. No Tribunal Eclesiástico, entre 80 e 90% dos pedidos de anulação de casamento têm sido aceitos, tomando por base o parecer do pároco. Já no caso do casamento civil, o processo de anulação ou de divórcio é bastante simplificado.

APL-A lgreja é também contra o controle da natalidade e o aborto. Qual a sua opinião?

Dom Urbano - A grande maioria dos casais usam métodos de controle da natalidade, mas não confessa que o faz. Já as pessoas que praticam o aborto se sentem muito oprimidas e procuram, desesperadamente, auxílio espiritual. O sentimento de culpa é muito grande, e há necessidade de consolo. O Papa mesmo diz que é um pecado, mas tem perdão. O aborto é considerado pecado pela Igreja, e como tal, proibido. Nem mesmo nos casos de anencefalia será permitido, pois a Igreja não admite matar inocentes.

APL - E a questão do celibato? Não seria melhor a Igreja admitir padres casados do que ver mulheres movendo, na Justiça, ações de reconhecimento de paternidade contra padres?

Dom Urbano - O celibato tem inspiração em Cristo, mas é uma instituição da Igreja Católica latina, enquanto a Igreja ortodoxa permite o casamento de sacerdotes. É evidente que há casos excepcionais de padres que têm filhos. A questão é aceitar ou não aceitar homens casados exercendo o sacerdócio. Temos que pensar para o futuro, pois vemos escassearem as vocações sacerdotais. Acho que, se fossem ordenados homens casados virtuosos para o sacerdócio, seria muito proveitoso. O que não se cogita, porém, é da consagração de mulheres, pois o Papa acredita que a consagração somente de homens é decisão divina.

APL - O senhor não acha que está acontecendo uma banalização do sexo?

Dom Urbano - Isso é uma realidade dos tempos atuais. Não adianta apenas campanha sobre o uso da camisinha, pois o sexo com camisinha não é totalmente seguro. Há meninas com 12 e 13 anos que estão ficando grávidas, e não têm futuro ou têm futuro incerto. Especialmente nos países mais esclarecidos, são centenas de milhares as jovens que esperam para praticar o sexo depois do casamento.

APL - Parece que as pessoas estão se afastando da Igreja ...

Dom Urbano - Nós mesmos indagamos por que os confessionários estão vazios. O próprio Lutero, quando fundou o Protestantismo, queria que os pastores ouvissem confissões. Mas a prática foi aos poucos sendo abandonada.

APL - Como o senhor vê o crescimento das igrejas evangélicas?

Dom Urbano - Esse crescimento talvez seja mais aparente que real, pois há pessoas que vão às igrejas pentecostais, em busca de valores não só espirituais, mas também e, sobretudo, materiais. O que se vê é que migram menos católicos para as igrejas pentecostais do que de uma pentecostal para outra. Para muita gente, a religião tem sido mais mercadoria do que demonstração de fé ou de religião. Muitas dessas crenças devem ser vistas como filosofia de vida e não como doutrina religiosa. É o caso também da maçonaria e, da mesma forma, do espiritismo e dos rosa-cruzes, que têm até templo. Religião é uma ligação com Cristo, está no interior do homem. E é isso que conta.

APL - E em casos de extrema debilidade física, como aconteceu com o Santo Padre João Paulo II, não seria mais conveniente a Igreja admitir a renúncia papal?

Dom Urbano - Já tivemos casos de papas, como Celestino V, que renunciaram. No meu ponto de vista, os cardeais, quando se reúnem num consistório, deveriam fazer um pacto, estabelecendo que o próximo papa deva definir uma data para a sua renúncia.

APL - O senhor é um escritor de reconhecidos méritos. Quais os autores (do passado e de hoje) que mais admira? E quais entende que maior influência exerceram em sua maneira de escrever?

Dom Urbano - Nos tempos de estudante de 2° grau, de Filosofia (4 anos) e Teologia (4 anos), costumava lerem torno de 40 livros por ano. Tínhamos pouco acesso a jornais, revistas e rádio. A TV ainda não fora difundida antes de 1950, ano em que fui ordenado padre pelo Arcebispo de Porto Alegre, futuro Cardeal Dom Vicente Scherer. Entre meus autores prediletos, citaria: Padre Leonel Franca, Alceu Amoroso Lima, Guimarães Rosa (Grande Sertão: Veredas), Moacir Scliar, Clarice Lispector, Umberto Eco, Giovanni Papini, Joseph Ratzinger, Boaventura Kloppenburg, Gabriel Garcia Marques, Camões (Os Lusíadas), J.W. Goethe (Fausto), um pot-pourri que agora me vem à cabeça. Leio e estudo assiduamente a Bíblia, os escritos dos papas, os documentos da Igreja. Hoje, ou melhor, ultimamente, percorro os jornais diários e inúmeras revistas com que procuro atualizar-me. Leio também revistas mensais dos Conselhos latino-americanos evangélicos, entre elas, Nuevo Siglo e Ultimato.

APL - O senhor escreve semanalmente para os jornais locais (ON e DM). Como é o seu processo de criação? Como escolhe os temas? Quanto tempo dedica a escrever esses textos? A sociedade local (os leitores) dá retorno sobre os seus escritos?

Dom Urbano - Além dos escritos semanais para O Nacional e Diário da Manhã, mantenho, há 10 anos, uma entrevista semanal à Milícia da Imaculada, uma rede de mais de cem emissoras de rádio. Para redigir esses textos, obrigo-me a ler bastante, a fim de buscar inspiração. Pela palavra falada e escrita, procuro sempre transmitir mensagens de humanização e evangelização, em linguagem simples e, dentro das limitações humanas, sem "assassinar" nossa "última flor do Lácio inculta e bela" (Camões), evitando os "pecados" da língua portuguesa. Percebo que a sociedade local dá razoável retorno sobre o que escrevo, embora a leitura não seja o forte do nosso povo.

APL - O senhor lê muito? Que tipo de obra, além dos temas religiosos, faz parte das leituras do seu dia-a-dia?

Dom Urbano - Realmente, a leitura pra mim é o maior prazer e, muitas vezes, o melhor lazer. Procuro aproveitar bem o tempo. E dedico a maior parte dele à leitura de livros, jornais e revistas sobre temas religiosos. Mas leio também jornais locais, como O Nacional, o Diário da Manhã, o Correio do Povo e a Zero Hora, cuidando para não gastar tempo com futilidades. Leio ainda os periódicos semanais "L’Osservatore Romano" e "DER DOM", este da arquidiocese de Paderbom, na Alemanha. Ambos me mantêm informado sobre eventos da Santa Sé em Roma, e das Igrejas Católica e Protestante, na Alemanha e no mundo.

APL - Há algum escritor passo-fundense que lhe tenha chamado a atenção e despertado interesse pelo conteúdo de suas obras? Seria capaz de destacar alguém do passado e dos dias atuais?

Dom Urbano - A produção literária de Passo Fundo é abundante e de boa qualidade. Há bons historiadores que zelam pela conservação e recuperação da memória do nosso passado. Estou no aguardo, para breve, de um novo livro sobre a Missão de Santa Teresa, de Passo Fundo, de autoria do médico Mauro Sparta, que encontrou tempo para pesquisar e projetar luz sobre a antiga missão jesuítica, pioneira entre os indígenas de nossa região. Como membro da hierarquia eclesial, tenho grande estima pelos trabalhos literários e pastorais dos autores: Orfelina Vieira Melo, Agostinho Both e Welci Nascimento. A revista Água da Fonte honra e engrandece a Academia Passo-Fundense de Letras.

APL - A Igreja Católica teve uma importância muito grande na literatura brasileira, a começar pelo Pe. José de Anchieta, durante o período colonial. Como o senhor analisa essa contribuição?

Dom Urbano - O padre jesuíta José de Anchieta, além de santo, era poeta e escritor primoroso. Escreveu um famoso hino a Nossa Senhora, em latim, escrito em primeira mão, como dizem, na areia da praia marítima. Compôs também um catecismo para evangelizar os índios aimorés, e salvou da invasão indígena a cidade do Rio de Janeiro, na conhecida "Confederação dos Tamoios ", O maior clássico da língua portuguesa foi o jesuíta Pe. Antônio Vieira, cuja obra, Sermões, era lida e relida por Rui Barbosa, conforme afirmação do genial jurista. Basta isso como exemplo.

APL - Também no século passado, com Farias Brito e outros pensadores e escritores católicos, a presença da Igreja foi significativa. Hoje, como senhor percebe essa contribuição? Quais os escritores que destacaria e por quê?

Dom Urbano - Raimundo Farias Brito (1862 - 1917) foi sem dúvida nosso mais importante filósofo. Escreveu sobre metafísica, teodicéia, moral e direito, moral e religião. Conhecia a fundo a literatura filosófica moderna. Leonel Franca - S.J. dedica-lhe amplo estudo na sua "História da Filosofia" (p. 313-316). Franca não lhe poupa elogios. Mas, "amicus Plato, magis amica Veritas", Brito caiu também nas sutis armadilhas do panteísmo. Disse com acerto Schopenhauer: "O panteísmo é um ateísmo delicado. A proposição panteísta - Deus e o mundo são uma coisa só - é uma fórmula cortês de desembaraçar-se de Deus" (História da Filosofia, p. 323). Conhecemos alguns bons filósofos em Porto Alegre. Cito Pe. Werner von und zur Merchle, iniciador de importante movimento filosófico em POA; professor Armando Câmara, fundador da Faculdade de Filosofia da UFRGS, a qual teve brilhantes professores, como Ernani Fiori, Carlos Cirne Lima, Urbano Thiessen-S.J., Gerd Bornheim. Entre os atuais pensadores/ escritores, lembraria Urbano Zilles, Ernildo Stein, Carlos Roberto Cirne Lima, Edvino Rabuske (falecido em 2004), Dom Dadeus Grings, Dom Boaventura Kloppenburg, professor Carlos Galves, Lotar Hessel, Celso Pedro Luft.

APL - Por que muita gente não lê mais certos autores profundamente religiosos, como o poeta Augusto Frederico Schmidt e o romancista Gustavo Corção?

Dom Urbano - A literatura está em contínua mutação, evoluindo, às vezes involuindo, com a tendência de permanente atualização. "Sobrevivem" os clássicos, de autoria de eminentes escritores- filósofos, historiadores, romancistas, poetas, etc. Augusto Frederico Schmidt, a partir de 1930, exerceu grande influência sobre a vida nacional, embora atuando modestamente, inclusive rejeitando o título de "príncipe dos poetas brasileiros". Sua vasta obra poética se caracteriza pelo romantismo lírico e nostálgico, imbuído de profundo espírito cristão. Mereceria maior destaque em nossa literatura.

Quanto a Gustavo Corção, distinguiria o júnior do sênior, Li com encantamento o Corção júnior, aberto aos novos tempos, autor de "A descoberta do outro", "Três alqueires e uma vaca". Par¬icipei de uma palestra dele em Porto Alegre, como também de uma de Alceu Amoroso Lima, dois corifeus da intelectualidade católica do Brasil. O Corção sênior deu uma reviravolta para a extrema-direita. Rompeu com Amoroso Lima, ex-amigo seu, e procurava destratá-lo em freqüentes artigos de jornal. Uma visita que Amoroso Lima lhe fez não resultou em reconciliação. Os radicalismos, também os literários, são prejudiciais. É lastimável que haja tanto ciúme e inimizade entre literatos, que poderiam e deveriam unir-se na luta pela paz e a justiça.

APL - Religião e literatura. Até que ponto, esteticamente falando, a religião pode estar presente na obra literária, sem que esta perca o seu caráter eminentemente artístico, pra se transformar em puro e simples discurso de proselitismo religioso?

Dom Urbano - Religião e literatura poderiam e deveriam estar unidas. Demos alguns exemplos: "A Divina Comédia", de Dante; "O Gênio do Cristianismo", de René Chateaubriand; "Utopia", de Tomás More; e a Bíblia, a obra mais difundida no mundo. Autores e escritores medíocres caem facilmente no esquecimento.

APL-AIgreja Católica já exerceu muita influência sobre a literatura, inclusive com a proibição de obras literárias. Ela ainda exerce? E que tipo de influência o senhor acredita que a Igreja deveria exercer sobre a cria¬ção literária?

Dom Urbano - Sim, no passado monges da Igreja Católica, copistas dos clássicos gregos e romanos (latinos), salvaram do olvido e fizeram chegar até nós o riquíssimo patrimônio literário da cultura greco-romana.O "Index librorum prohibitorum" teve sua vigência supressa pelo papa Paulo VI.

APL - O senhor leu "Eurico, o presbítero", de Alexandre Herculano? Qual a importância e a influência deixada por esta obra?

Dom Urbano - Não li por extenso as obras de Alexandre Herculano, como "O monge de Cister" e "Eurico, o presbítero". São citadíssimos pelos gramáticos, como clássicos da língua portuguesa. Observe-se que" Eurico" esvaziou os seminários de Portugal, por suas idéias anticelibatárias. Não tive a oportunidade de ler Herculano. Afinal, como observaram os romanos, "ars longa, vita brevis".

APL - E, quanto ao best-seller do momento, "O Código Da Vinci", de Dan Brown, e os correlatos que vieram na sua trilha de sucesso, qual a sua opinião? O senhor destacaria algum que mereça ser lido?

Dom Urbano - Com relação ao "Código Da Vinci" e correlatos, li as críticas a respeito. As obras não se basearam na Bíblia, mas em evangelhos apócrifos, não reconhecidos pela Igreja cristã. Trata-se de fantasias de mau-gosto, como, por exemplo, o conúbio de Jesus com Maria Madalena, e outras partes picantes, tão ao gosto de muitos leitores de mau-gosto. Não pretendo gastar meu tempo com tal gênero de escritor e de literatura.

Referências

  1. Da revista Água da Fonte nº 3