Eleições Municipais de 1951
Eleições Municipais de 1951
Em 2010, por Marco Antônio Damian
Data da eleição : 01 de novembro de 1951
Legislatura/Mandato : 2ª Legislatura, 31/12/1951 a 31/12/1955
Como na eleição de 1947, PTB e PSD foram os antagonistas principais. Os partidos coadjuvantes mudaram. A UDN, que fizera aliança com o PTB, em 1947, mudara de lado. Ideologicamente estava mais próxima do PSD, a bem da verdade. Agregou o PL, que formara a Coligação Democrática na eleição anterior. Enquanto o PTB construiu aliança com o PRP e com PSP. Mas a rivalidade política partidária e ideológica estava entre o PTB e o PSD, o grande clássico político até a reforma dos partidos ocorrida em 1965.
As duas forças políticas locais tinham um palco para amplificar suas grandes diferenças. Os jornais diários. O Nacional, de propriedade de Múcio de Castro, trabalhista histórico, não deixava sequer que um “a pedido” pago, fosse publicado em suas páginas. O que dirá então, notícias do partido opositor. Ao contrario ocorria no Diário da Manhã, onde Túlio Fontoura, “vergueirista”, dava guarida ao candidato do PSD. Esse era o panorama político da cidade em ano de eleições. Para ter-se uma idéia do quanto eles rivalizavam, o jornal O Nacional omitiu da relação dos candidatos a vereança, o proprietário do Diário da Manhã, jornalista Túlio Fontoura. Sequer mencionou que o adversário político e concorrente era candidato. Jornalisticamente, hoje era algo impensável.
O Nacional publicava um mês antes da eleição a plataforma administrativa do candidato Daniel Dipp e de seu vice Mário Menegaz. Já o Diário da Manhã publicava as diretrizes para os quatro anos de Dionísio Lângaro e Elpidio Fialho, se eleito fossem.
Em plena campanha o PSD começou a conhecer um revés. Existia uma ala dentro do partido, no Rio Grande do Sul, chamada Ala Autonomista. Na nominata para a Câmara de Vereadores, um autonomista, o advogado Mário Daniel Hoppe, que aos plenos pulmões declarou apoio ao candidato Daniel Dipp.
O troco veio em grande estilo. O PSD vibrou como nunca quando o Tribunal Superior Eleitoral firmou jurisprudência e tornou inelegível o candidato Daniel Dipp, pelo fato que ele assumira o cargo de Prefeito, com o afastamento temporário de Armando Araújo Annes. Desta forma, como não havia reeleição, ele não poderia concorrer. Uma verdadeira “bomba” nas hostes trabalhistas. A decisão, embasada pela determinação do Tribunal, foi proferida pelo Juiz Eleitoral de Passo Fundo, Dr. César Dias Filho.
Imediatamente um dos líderes do partido, o Deputado Estadual César Santos, discursou, colocando o seu nome à disposição para substituir Dipp, “embora fosse diminuir seus vencimentos em quase 80%”, conforme noticiou o O Nacional. Entraram em ação os advogados Ney Menna Barreto, Verdi De Cesaro e Carlos Galves. Impetraram recurso ao Tribunal Regional Eleitoral e poucos dias após o recurso foi julgado procedente e virou uma espécie de súmula para outras ações análogas.
A paz voltava a reinar no exército trabalhista.
A cada eleição um figurão do partido vinha a Passo Fundo, reforçar a campanha de seu candidato. Desta feita foi o ex-Governador de São Paulo Adhemar de Barros, presidente do PSP, que fez lotar o altar da pátria, com pelo menos cinco mil pessoas presentes, assegurou o Diário da Manhã.
Nos jornais era um tal de “a pedido” aqui e acolá. Manifestações de ambos os lados falando mal de um e de outro candidato. Calúnias, infâmias, insinuações faziam parte do arsenal de guerra. A Z.Y.F-5 Rádio Passo Fundo, na semana em que antecedia a eleição deu espaço de uma hora em sua programação para cada coligação. Falavam apenas os candidatos à prefeito e vice, pois o vice não era apenas um apêndice do candidato maior, mas recebia votação separadamente. Quando chegou o dia do PTB/PRP/PSP, logo após as transmissões serem abertas, uma pedra de aproximadamente meio quilo, enrolada num fio de cobre foi arremessada contra os cabos de transmissão da rádio, causando um curto circuito e a tirando-a completamente do ar. Evidentemente o vandalismo foi atribuído aos correligionários da oposição, que singelamente negaram qualquer envolvimento no caso.
A contagem dos votos era outra novela. Aproximadamente uma semana de agonia. Parava a cidade. Pessoas se espremiam no recinto do Fórum, onde os escrutinadores suavam a camisa e com velhas máquinas de calcular contavam e recontavam as cédulas. Aliás, as cédulas eram peculiares. Os partidos mandavam imprimi-las e entregavam aos eleitores na rua e nas casas antes do pleito. De posse da cédula com o nome do candidato escolhido o eleitor se dirigia a sua secção de votação e a colocava num envelope devidamente assinado pelos mensários. O envelope com a cédula dentro era depositado na urna.
Daniel Dipp e Mário Menegaz desde a abertura das primeiras urnas tomaram a dianteira. Mesmo quando chegaram as urnas dos distritos, que em tese, eram PSD, não ameaçou a liderança trabalhista. Ao final da contagem Dipp e Menegaz foram efusivamente consagrados vencedores. Dionísio Lângaro, novamente derrotado, agora por uma larga margem de exatamente 1800 votos.
A situação vencia mais uma vez e ao contrário da eleição anterior, fez a maioria dos vereadores. Exatamente oito a sete. Apenas três candidatos à reeleição retornaram ao legislativo. As demais doze cadeiras mudaram de dono. Nomes como do radialista José Lamaison Porto, “o candidato dos motoristas” e Wolmar Antonio Salton, o mais votado na eleição, tornaram-se conhecidos na política local. Outra curiosidade foi o elevado número de vereadores eleitos, oriundos dos distritos. Foram nove eleitos contra seis, residentes na cidade de Passo Fundo. O candidato do PL Ernesto Morsch pediu recontagem de votos e ganhou oito votos numa urna em que tinha dez, mas haviam sido computados apenas dois. Com isto saiu da suplência, colocando nela seu colega de partido Odolir Foresti, de Marau.
As estórias em campanhas eleitorais fazem parte da história das eleições. Consltado a colaborar com a obra, o senhor Anielo DArienzo, a memória viva da história de Passo Fundo, conta uma história inusitada sobre a eleição de 1951. Os candidatos do PL Arthur Kock e Jorge Berthier de Almeida fizeram uma aposta em dinheiro para ver quem fazia o menor número de votos entre si. Assim iniciaram uma anti-campanha. No final o vencedor foi Berthier que obteve quatro votos contra cinco de Kock. Diziam que a diferença de apenas um voto deu-se em razão de Berthier ter votado em Kock.
No dia 31 de dezembro de 1951, Daniel Dipp, Mário Menegaz e os 15 Vereadores tomaram posse solene no prédio do Fórum.
QUADRO DE VOTAÇÃO
ELEIÇÃO PARA PREFEITO
Nº | Número | Nome | Legenda | Votos | % | Situação |
Para Prefeito | ||||||
1 | Daniel Dipp | PTB/PSP/PR | 9.905 | Eleito | ||
2 | Dionísio Lângaro | PSD/PL/UDN | 8.105 | |||
Para Vice-Prefeito | ||||||
3 | Mario Menegaz | PTB/PSP/PR | 9.873 | Eleito | ||
4 | Elpídio Fialho | PSD/PL/UDN | 8.124 | |||
ELEIÇÃO PARA A CÂMARA DE VEREADORES
Nº | Número | Nome | Legenda | Votos | % | Situação |
1 | Wolmar Antonio Salton | PTB | 1.112 | Eleito | ||
2 | Tibério Amantéa | PL | 826 | Eleito | ||
3 | Ney Menna Barreto | PTB | 806 | Eleito | ||
4 | Lauro Ricieri Bortolon | PSD/UDN | 571 | Eleito | ||
5 | João Gasperin | PSD/UDN | 566 | Eleito | ||
6 | Aquilino Luigi Translatti | PTB | 536 | Eleito | ||
7 | Romano Busato | PSD/UDN | 514 | Eleito | ||
8 | Augusto Pigoso Homrich | PTB | 505 | Eleito | ||
9 | José Lamaison Porto | PSP | 481 | Eleito | ||
10 | Avelino Júlio Pimentel | PTB | 480 | Eleito | ||
11 | Theodomiro José Branco | PTB | 467 | Eleito | ||
12 | Arthur Culmann Canfield | PTB | 464 | Eleito | ||
13 | Ernesto Morsch | PL | 424 | Eleito | ||
14 | Odolir Giacomo Foresti | PL | 422 | |||
15 | Pedro Piran | PTB | 417 | |||
16 | Angelino Raphael Jacini | PTB | 416 | |||
17 | Pedro dos Santos Pacheco | PSD/UDN | 409 | Eleito | ||
18 | João Jacques | PSD/UDN | 390 | Eleito | ||
19 | Mário Goelzer | PSD/UDN | 389 | |||
20 | Túlio Fontoura | PSD/UDN | 378 | |||
21 | Anildo Sarturi | PSP | 362 | |||
22 | Honorino Pereira Borges | PSD/UDN | 351 | |||
23 | Mário Daniel Hoppe | PSP | 298 | |||
24 | Odaciano Vieira | PTB | 288 | |||
25 | Ruy Mendes | PTB | 283 | |||
26 | Arlindo Bedin | PTB | 281 | |||
27 | Paulo Fragomeni | PTB | 274 | |||
28 | Maximino Pedrotti | PTB | 271 | |||
29 | Victor Leão Benincá | PSD/UDN | 244 | |||
30 | Ernesto Formigheri | PTB | 224 | |||
31 | Osvaldo Pacheco Geyer | PSD/UDN | 207 | |||
32 | Urbano Ribas | PTB | 199 | |||
33 | Fabrício Oliveira Pillar | PSD/UDN | 194 | |||
34 | Leopoldo Scholze | PRP | 191 | |||
35 | Emilio Linck | PSD/UDN | 180 | |||
36 | Murilo Coutinho Annes | PTB | 179 | |||
37 | Jatir Foresti | PRP | 169 | |||
38 | Maria Rezende de Rezende | PSP | 160 | |||
39 | Deusdedith Paiva Bueno | PTB | 139 | |||
40 | Manoel Gonçalves | PSP | 137 | |||
41 | Cantídio Lamaison | PSD/UDN | 129 | |||
42 | Guilherme Alberto Knaack | PTB | 128 | |||
43 | Emanuel Adolfo Corrêa | PTB | 120 | |||
44 | Felisbino Rocha | PSD/UDN | 113 | |||
45 | José Knoll | PSD/UDN | 96 | |||
46 | João Junqueira Rocha | PSD/UDN | 93 | |||
47 | Aurélio Amaral | PSD/UDN | 93 | |||
48 | Valtur Pereira | PRP | 84 | |||
49 | Israel Vigo da Silveira | PL | 81 | |||
50 | Erwin Crusius | PRP | 79 | |||
51 | Juliano Poletto | PL | 77 | |||
52 | Ernesto Schleder | PL | 73 | |||
53 | Gomercindo dos Reis | PL | 69 | |||
54 | Ramir Cavichiolli | PSP | 64 | |||
55 | Alfredo Almeida | PSD/UDN | 62 | |||
56 | Zelindo Biazus | PSP | 61 | |||
57 | Victor Menna Barreto | PL | 60 | |||
58 | Eduardo Laimer | PRP | 59 | |||
59 | Waldir Cecconi | PSP | 56 | |||
60 | Silverino Taparello | PRP | 55 | |||
61 | Ítalo Benvegnú | PL | 54 | |||
62 | Carlos Moreira | PL | 53 | |||
63 | Élio Costa e Silva | PSD/UDN | 52 | |||
64 | Antonio Zimmermann | PL | 48 | |||
65 | José Reginatto | PRP | 46 | |||
66 | Heitor Lorenzoni | PSP | 46 | |||
67 | Elza Salles | PL | 42 | |||
68 | Balduíno Ghem | PL | 41 | |||
69 | Juvêncio Bortolacci | PSD/UDN | 39 | |||
70 | Tertuliano Klein | PSP | 39 | |||
71 | Tarquínio Cogo | PSP | 36 | |||
72 | Eduardo Martinelli | PRP | 35 | |||
73 | João de Col | PL | 34 | |||
74 | Sófocles Pereira Bueno | PL | 34 | |||
75 | Ruy Gomes de Pinho | PSP | 33 | |||
76 | Elias Rossi | PL | 33 | |||
77 | Mansur Sfair | PRP | 31 | |||
78 | Adelino Gazoni | PRP | 31 | |||
79 | Nascimento Rocha | PRP | 30 | |||
80 | Odilo Longhi | PSP | 30 | |||
81 | Hilário Bonotto | PL | 29 | |||
82 | Henrique Echelmeyer | PRP | 22 | |||
83 | João Vargas Bilhar | PL | 19 | |||
84 | Carino Canalli | PRP | 18 | |||
85 | Oly Pereira Caldas | PSP | 18 | |||
86 | Adolfo Muller | PSP | 17 | |||
87 | Narciso Roder | PRP | 16 | |||
88 | José Fávero | PRP | 13 | |||
89 | Vitório Costela | PRP | 10 | |||
90 | Eugênio Zibetti | PRP | 8 | |||
91 | Adão Leite | PRP | 5 | |||
92 | Arthur Kock | PL | 5 | |||
93 | Carlos Bonatto | PSP | 5 | |||
94 | Jorge Berthier de Almeida | PL | 4 | |||
95 | João Carraro | PSP | 4 |