Echo da Verdade: a imprensa nasce em Passo Fundo

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Echo da Verdade: a imprensa nasce em Passo Fundo

Em 07/08/2007, por Rogério Moraes Sikora


Rogério Moraes Sikora (*)

Compreender o contexto histórico em que veículos de comunicação nascem em momentos específicos da trajetória de uma cidade, estado ou nação é fundamental para se resgatar a memória histórica destas localidades e levantar o papel da mídia na sociedade.

Importantes periódicos surgiram no país em períodos históricos marcantes no decorrer do processo político, econômico, cultural e social do Brasil. O jornal é um documento histórico. Além de contar a história da sociedade em suas páginas, conta sua própria história.

A tentativa de desenhar a trajetória da imprensa em Passo Fundo nos leva a uns dos períodos politicamente mais marcantes da formação do Estado. A segunda metade de século XIX que viu gaúchos levantarem armas contra o Império foi, também, palco para o surgimento do primeiro jornal impresso e redigido na Vila Passo Fundo, o Echo da Verdade, fundado em 1890, por iniciativa de Manoel Francisco de Oliveira. Tratava-se de um órgão do Partido Republicano, consolidando as idéias defendidas pela administração política do município em vigor. Era uma folha semanal, publicada aos domingos. A sede do jornal era na Rua Paissandu, esquina com a XV de Novembro, ala norte. O Echo da Verdade era editado e redigido pelo advogado Gervásio Lucas Annes, sendo Teodolino Vilanova, o caixista e impressor, o qual fundou a primeira tipografia do município; Manoel Francisco de Oliveira, o gerente. Eram colaboradores, também, Antônio José Pereira Bastos, cujo pseudônimo era Avelar Bastos; Gezerino Lucas Annes, Saturnino Victor de Almeida Pilar, Antônio Manoel de Araújo, Cândido Lopes de Oliveira, Gasparino Lucas Annes e Gabriel Bastos.

Na época de sua fundação, as notícias chegavam até aqui com grande atraso, através de jornais da capital ou de Cruz Alta. Contudo, sua circulação durou apenas dois anos, sendo substituído por outro impresso, o 17 de Julho, também republicano, que teve curta vida, sendo paralisado e extinto em 1983, em conseqüência da revolução federalista que seguiu-se.

Em tempos de embates ideológicos fervorosos, o jornal Echo da Verdade nasceu em terras passo-fundenses com uma marca (o que caracterizava todos os órgãos de imprensa da época, que o definiria por inúmeras décadas), de ser considerado doutrinário, despreocupado com imparcialidade, e de ser, eminentemente, a voz impressa dos embates político-partidários.

O jornal Echo da Verdade teve grande importância, porquanto foi o nascedouro do jornalismo passo-fundense. Cabe destacar que, apesar da evolução da imprensa e do jornalismo, certos princípios fundamentais conservam toda a sua importância. Hoje, a imprens e o jornalismo guardam profundo respeito ao direito universal à liberdade de expressão.

Há um apelo da sociedade para que todos reafirmem o seu compromisso em relação ao direito de procurar obter, receber e difundir, sem limitações de fronteiras, informações e idéias através de qualquer meio de expressão, consagrado no artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A liberdade de imprensa é um bem da sociedade, antes mesmo de ser um direito de profissionais e de empresas ligadas a essa atividade e por sua própria natureza, exige mobilização constante, vigilância permanente e firme posicionamento diante de fatos que representam ameaça ou que efetivamente a atinjam.

A defesa da liberdade de imprensa certamente contribui para o fortalecimento das instituições democráticas no país. Esse é um trabalho incessante em favor da sociedade, sobretudo, que por ter direito constitucional à informação deve defender a imprensa livre e combater a impunidade dos crimes praticados contra profissionais e veículos de comunicação no Brasil.