Dom João Cláudio Colling

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Dom João Cláudio Colling

Em 07/08/2007, por Euclésio Eloy De Bortoli


Dom João Cláudio Colling

Euclesio Eloy De Bortoli[1]


O papa Pio XII, pela Bula Papal si qua diocesis de 10-03-1951, criou a Diocese de Passo Fundo, compreendendo a região Norte do Estado, e, em 23-03-1951 nomeou dom João Cláudio Colling como 1º bispo, tendo sido empossado em 22-07-1951. Dom Cláudio, fiel à formação jesuítica, e com sua palavra franca, fluente e invejável memória, com seu carisma e inquebrantável fé, construiu as bases de uma igreja viva, participativa, comunitária, profética, missionária, acolhedora, servidora e orante.

Pela sua visão, buscou alavancar o desenvolvimento religioso, social, cultural e econômico do Planalto Médio do Rio Grande do Sul, tendo se tornado um grande líder, cidadão e pastor. No campo religioso, dedicou-se à formação integral dos sacerdotes, tendo construído os seminários de Tapera, Erechim e Passo Fundo. Fez erguer a Casa de Retiros, acolheu e apoiou os movimentos e associações leigas, fundou a Rádio Planalto AM.

Assessorado pelos sacerdotes, promoveu a criação de novas paróquias, e, em 1976, transferiu ao bispo d. João Hoffmann a nova Diocese de Erechim, desmembrada de Passo Fundo. Nascido em Harmonia (Montenegro) aos 24 de junho de 1913, filho de ferreiro e agricultor, criou-se no amanho da terra e, por isso, se identificou com o colono, com quem gostava de conviver, tendo em sua vida articulado ações em favor dos agricultores e com a Fundação Gaúcha do Trabalho – FETAG – atuava junto aos poderes constituídos.

No meio urbano, diante do clamor da pobreza nas cidades, procurou soluções. Tão logo a Diocese ter recebido a Fundação Lucas Araújo, fez surgir o Lar da Menina, a Creche Menino Deus, os abrigos de idosos (S. José e João XXIII) e a Escola Cristo Redentor.

Destaca-se a criação e funcionamento da Assistência Social Leão XIII, para educar e profissionalizar crianças e jovens, indistintamente, dentre os mais carentes, mantendo nos bairros oito núcleos onde são alimentados nos centros de juventude (3.900 refeições diárias), bem como assistência dentária. Para tanto, d. Cláudio buscou na Alemanha padrinhos para a Leão XIII, apoio que perdura graças à continuidade imprimida pelos bispos sucessores d. Urbano e d. Ercílio. Anualmente, centenas de jovens se profissionalizam graças À Leão XIII.

No campo da educação, tendo em vista a convicção de d. Cláudio que a educação do povo era fundamental, empenhou-se ao lado de lideranças de Passo Fundo e dos sacerdotes na criação do Consórcio Universitário Católico (04-12-1956) e da Universidade de Passo Fundo. O sonho do bispo era uma universidade em Passo Fundo. Começou fundando o consórcio, com todo o apoio da Diocese para formar professores para o ensino médio (filosofia, pedagogia, história, geografia e letras).

A Universidade de Passo Fundo foi criada por ato do então presidente da República Arthur da Costa e Silva, em audiência pública no Palácio Piratini, aos 02-04-1968, estando presentes autoridades educacionais, – d. João Cláudio Colling e os dirigentes da SPU. D. Cláudio tinha especial carinho pelo Hospital São Vicente de Paulo, seus médicos, dirigentes, funcionários e doentes.

Ele fez várias viagens à Alemanha conseguindo de seus amigos e da Igreja vultosos auxílios materiais que modernizaram o HSVP, tornando-o uma notável referência nacional. Passo Fundo viveu cem anos de intranqüilidade em relação à titularidade dos terrenos, os chamados “terrenos foreiros”. Esses pertenciam à Mitra Diocesana ocupados e com construções mediante simples alvará municipal. Dom Cláudio com o prefeito Daniel Dipp, aos 06-12-1954, selou em definitivo um pacto, tendo a Mitra passado todos os terrenos ao município de Passo Fundo, mediante Escritura Pública do 2º Cartório de Notas. Começou aí o crescimento imobiliário da cidade passo-fundense.

Em 04-12-1981 d. Cláudio despede-se de Passo Fundo depois de 30 anos como bispo. Designado pelo papa, tomou posse como arcebispo metropolitano de Porto Alegre aos 06-12-1981 e lá permaneceu até 13-07-1990 quando tornou-se arcebispo emérito da capital gaúcha. Nessa condição, retorna a Passo Fundo, sua amada cidade, hóspede do Hospital São Vicente, ainda com planos de trabalhar na casa. Todavia, ele foi chamado à casa do Pai aos 3-09-1991. Foi homenageado na Catedral de Passo Fundo e sepultado com honras eclesiásticas na cripta da Catedral de Porto Alegre.

Ele deixou um testamento, que está arquivado na Mitra Diocesana de Passo Fundo, do qual extraímos um resumo: “Nascido de família humilde, mas profundamente católica, quero viver e morrer na minha fé. Quero pedir perdão a Deus e aos meus semelhantes pelas falhas e omissões que cometi no exercício de minha vocação. Pobre nasci e pobre quero morrer, pondo em prática o que o velho arcebispo d. João Becker, de Porto Alegre, nos aconselhava:

“Tratai de viver de tal modo que, ao morrer, se possam apresentar a Deus com três sem: sem dinheiro, sem dívidas e sem pecados.” É o que peço a Deus diariamente. Não tenho nenhum imóvel, nem carro e tampouco ações e qualquer organização comercial ou bancária.”

Referências

  1. Membro do Conselho de assuntos Administrativos e Econômicos, da Diocese de Passo Fundo