Concursos Literários da Academia Passo-Fundense de Letras

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Concursos Literários da Academia Passo-Fundense de Letras

Em 31/05/2011, por Dilse Piccin Corteze


Concursos Literários da Academia Passo-Fundense de Letras – 2009

DILSE PICCIN CORTEZE


Durante o ano de 2009, a Academia Passo-Fundense de Letras, seguindo o exemplo do ano anterior, promoveu ura concurso literário. Desta vez sob os títulos: "Poeta Professor Antônio Donin: poesias para alimentar a alma" e "Um século sem Euclides da Cunha". A razão dos dois títulos foi a ampliação do concurso para todos os alunos da cidade de Passo Fundo, desde a quarta série até o ensino médio.

No dia 17 de setembro, com o auditório da APL lotado de autoridades, alunos, professores, pais e convidados em geral, realizou-se a cerimônia solene, para a entrega de prêmios aos primeiros classificados em cada categoria. Na ocasião, a acadêmica Dilse Picciii Corteze, coordenadora do Projeto, emocionada, proferiu um discurso destacando pontos significativos deste evento literário. Destacamos partes do referido discurso:

"Esta é uma noite de festa para a Academia Passo-Fundense de Letras. E nos sentimos muito honrados por estar procedendo à premiação do concurso literário, resultado do Projeto executado neste ano de 2009. Estamos felizes por receber colegas escritores, autoridades, professores, alunos e público em geral, desta cidade, muito bem nomeada como Capital Nacional da Literatura.

Seguindo a tradição desta casa e seus objetivos, que consistem em prestigiaios principais escritores brasileiros, divulgar sua obra e incentivar nos jovens o gosto pela literatura, neste ano não podíamos fugir à regra, e estamos homenageando os escritores imortais: Euclydes da Cunha e o poeta passo-fundense, Antônio Donim.

O projeto literário da Academia Passo-Fundense de Letras - "2009: Um século sem Euclydes da Cunha, e Poeta Professor Antônio Donim: poesias para alimentar a alma", idealizado pela APL, em parceria com a 7ª CRE e a Secretaria Municipal da Educação, teve abrangência a todos os alunos das escolas estaduais, municipais e privadas da Cidade de Passo Fundo.

Falar de Euclides da Cunha e Antônio Donin é algo que muito me agrada. Primeiro por se tratar de grandes personagens: humanos, com atuação pública de destaque, e escritores imortais com obras publicadas, de grande valor literário, poético e histórico.

E em segundo, por ser o ano de comemorações do centenário de morte do imortal Euclides da Cunha, meu patrono na Academia Passo-Fundense de Letras. A homenagem também é dirigida ao passo-fundense Antônio Donin. Também imortal, poeta e "homem de ação", como diz o presidente da APL. Paulo Monteiro.

Por que Euclides da Cunha? Porque neste ano comemoramos o centenário da morte deste grande vulto da literatura pátria.

Ele nasceu em 1866, no município de Cantagalo, estado do Rio de Janeiro. E morreu no bairro da Piedade, aos 42 anos. assassinado pelo jovem Cabo Dilermando Reis, amante de sua mulher. Ana Maria Cunha, filha do Coronel Sólon Ribeiro, importante personalidade da República.

A vida de Euclides foi marcada pela tragédia. Órfão de mãe aos 3 anos de idade, foi entregue aos cuidados de vários parentes. Sua vida era feita de diferentes casas, bairros e afetos entrecortados: sua mente, uma sucessão de múltiplas paisagens. Composições que só ajudariam o geógrafo, o sociólogo e o antropólogo surpreendente que ele se revelaria anos mais tarde.

Com uma inteligência privilegiada, personalidade obsessiva e passional, levou uma vida errante e aventureira. Jornalista, engenheiro, militar viajou por todo o país. Escreveu dois livros de ensaios: Contrates e Confrontos, em 1907: e A Margem da História, em 1909. E o relatório técnico: Peru versus Bolívia, de 1907.

Mas sua grandeza como escritor deve-se â obra Os Senões, escrito durante a Campanha de Canudos. Euclides da Cunha foi um defensor incondicional da República recém-proclamada. Sua história se confunde, em muitos momentos, com a própria história da República.

Euclides da Cunha foi cobrir o evento de Canudos, como enviado de guerra. O livro Os Senões nasceu de reportagens sobre a Guerra de Canudos, para o jornal O Estado de São Paulo.

Toda a obra é marcada por suas viagens. Ele foi o primeiro escritor brasileiro a diagnosticar o subdesenvolvimento do Brasil, referindo-se à existência de dois países contraditórios: o do litoral e o do sertão. Canudos resultou do confronto entre esses dois Brasis, distintos entre si no espaço e no tempo, pelo atraso de séculos em que vivia mergulhada a sociedade rural. Euclides da Cunha morreu em 15 de agosto de 1909.

E Antônio Donin? Pode-se afirmar que Donin foi uma das figuras mais importantes da história passo-fimdense, na segunda metade do século XX. Poeta, jornalista, professor, advogado e político. Um dos idealizadores da Universidade de Passo Fundo, tudo fez para que a UPF se tomasse realidade. Vivia entre a fantasia de suas poesias e a realidade, trabalhando por uma sociedade melhor.

Nasceu em Vila Maria, em 1911 e morreu em 198"7. Foi Padre, mas abandonou o sacerdócio para se casar com a professora Vanda Xavier Donin. Deste casamento nasceram duas filhas.

Foi membro amante do Grêmio Passo-Fundense de Letras, criado em 1938 e reorganizado em 1939. transformando-se em Academia Passo-Fundense de Letras. Professor em várias escolas da cidade, exerceu o jornalismo e desempenhou intensa militância política. Trabalhou exaustivamente em prol da criação do primeiro CTG de Passo Fundo, o Lalau Miranda. Na gestão do prefeito Mário Menegaz, chefiou a Secretaria Municipal de Educação (1964-1968). Foi neste período que venceu o concurso para escolha da letra do Hino do município e idealizou a bandeira de Passo Fundo.

Sua vida literária foi muito intensa. Seu primeiro trabalho, o poema épico "O Brasil em Marcha", foi publicado em 1941. Antônio Donin foi premiado nacionalmente em diversos concursos de poemas e trovas. Além de vasta obra publicada em jornais e livros, como o trabalho intitulado "Heroínas", foi ainda pioneiro dos cursos de oratória, em Passo Fundo e região. Dotado de vasta cultura e amante da boa leitura. Antônio Donin amava sua terra adotiva. Passo Fundo, expressando seu sentimento no estrebilho do hino do município:

Tu surgiste indomável e grande,

Ô torrão de progresso e de luz!

Teu fulgor pela Pátria se expande.

Porque a glória te inflama e conduz.

Durante todo o ano do concurso (2009), notamos a dedicação dos professores e alunos envolvidos neste grandioso projeto. A comissão organizadora recebeu belos trabalhos, alguns trazidos até a sede da APL pelos próprios alunos, outros por professores, todos demonstrando muito entusiasmo e ansiedade pelo resultado da classificação final.

A comissão julgadora foi composta por pessoas altamente qualificadas: representantes da SME, 7ª CRE, imprensa e membros da APL. A classificação dos vencedores foi tarefa difícil, diante do alto valor literário de todos os trabalhos.

Eis uma pequena amostra da produção de alguns alunos.

O aluno Vinicius Pasqual Montoya, de 12 anos, em uma estrofe de seu poema descreve a amizade, dizendo:

Amizade é algo que não se troca.

Amizade é bem assim:

Amizade é um gesto de carinho.

Amizade é algo que não tem fim.

Rafael Luiz Maraschim. 12 anos, salienta:

A gente cone do tempo

Que teima em nos alcançar.

Em meio ã chuva jogamos

Os deveres para o ar.

No poema de Jéssica Maciel da Silva, chamou-me a atenção a seguinte estrofe:

Imaginei uma criança

Com olhos de esperança.

Essa criança, nas ruas da cidade.

Eu estava vivendo uma realidade.

Estes textos obtiveram respectivamente o 1°, 2° e 3° lugares, na categoria. "Ensino Fundamental".

Por outro lado, Ayheza Fontana de Baldo e Carneiro, de 16 anos. Lucas Souza Lopes de Chaves, de 17 anos, e Vilson José Petry Júnior, além de outros alunos, todos cursando o Ensino Médio, escreveram belos textos, falando da vida e obra de Euclides da Cunha, nosso escritor homenageado.

No ano passado, como primeiro prêmio, oferecemos uma viagem ao Rio de Janeiro, para a aluna premiada em primeiro lugar e sua professora. Na ocasião visitamos a Academia Brasileira de Letras e vários pontos turísticos da Cidade Maravilhosa e de Petrópolis.

Neste ano, também estávamos com uma viagem programada para oferecer como primeiro prêmio, mas de última hora desistimos deste intuito, frente à real ameaça da gripe suína que rondava nosso país. Com certeza, no próximo concurso, estaremos longe deste vírus maldito e poderemos retomar a referida premiação."

Desta maneira, finalizamos o ano acadêmico coroado de êxito, e vimos mais uma vez. o objetivo de fomentar a literatura plenamente alcançado na comunidade passo-fundense.