Combate do Mato Português
Combate do Mato Português
Em 18/09/2007, por Jabs Paim Bandeira
Combate do Mato Português
Palestra Município de Caseiros[1]
A Revolução Federalista de 1893 a 1895 foi a mais sangrenta de todas as revoluções brasileira, onde morreram mais de 10 mil pessoas e mais de mil degolas sumária.
A este respeito escreveu Dante de Morais:
“...o que mais fere a nossa visão histórica é a atitude dos elementos dirigentes. Ao invés de subjugar os impulsos anárquicos de frear a rebelião dos instintos... eles se acumpliciavam com os mesmos tolerando-os indiferentes, quando não utilizavam ou estimulam abertamente. À sombra ou nos resguardo dessa cumplicidade tácita ou deliberada, é quê Noventa e Três se torna a foz, o imensurável estuário do libido homicida, dos apetites de sangue, da violação e do massacre, de tudo que destrói a pessoa humana e o seu prolongamento. ”
(In Juca Tigre, O Caudilho Maragato, Elio Chaves Flores, p. 35)
A 1ª vez que o Gal. Gomercindo Saraiva veio com suas tropas para a nossa região foi em 13 de outubro de 1893, quando entrou em Passo Fundo.
O Capitão Chachá Pereira, era responsável pela segurança de P.Fundo- recebera ordem do próprio Júlio de Castilhos para entrincheira-se em MATO CASTELHANO E IMPEDIR A PASSAGEM DOS MARAGATOS (seguida pela divisão do Norte, Pica-Paus).
Combate do Mato Português
DATA - dia 16 de outubro de 1893
DURAÇÃO - 1 hora
“JUCA TIGRE, na vanguarda, brigava com Chachá Pereira. Uma hora depois recebeu-se (Gomercindo) ...” comunicação de Juca Tigre, avisando que o inimigo tinha sido batido tendo abandonado tudo: carretas, munições, objetos de uso da família, jóias, e que seguia a perseguição. ”
(Juca Tigre, pág. 47)
De longe os pica-paus que estavam bem armados, perto de 300 homens avistaram uma enorme coluna Maragata que se aproximava pela velha estrada das tropas, no Campo do Meio (Ametista).
Piquetes de potreadores se aproximavam pelos lados, percorriam campo arrebanhando gado, para servir de suprimento de suas tropas e cortar o abastecimento da divisão do Norte.
Afirma que quando a vanguarda de Juca Tigre se apercebeu estava a frente dos comandados por Chachá Pereira, bem entrincheirados, era quase meio dia. Lançaram carga de cavalaria, mas foram repelidas pelos Castilhistas, tentaram se aproximar rastejando não conseguiram.
O combate continuou no outro dia, quando os comandados por Juca Tigre, abriram picadas no mato e atacaram os pica-paus, pela. Retaguarda.
As primeiras horas da manhã os pica-paus foram postos entre dois fogos.
No local do combate protegido por um mato, existe um cemitério com corpos dos maragatos e pica-paus, que ali ficaram unidos pela morte. Foram sepultados pelos moradores de Campo do Meio e Ametista.
(Paulo Monteiro, Revolução Federalista em Passo Fundo, fls. 105, descreve como Batalha do Campo do Meio)
A FUGA
Chachá Pereira decidiu abandonar tudo e fugir para as bandas da Colônia Militar de Caseros. Perseguidos, os pica-paus conseguiram chegar a Lagoa Vermelha e, depois de lá recuaram para Barracão, enquanto as lideranças Castilhistas de Lagoa Vermelha seguiram para Alfredo Chaves (Veranópolis).
Depois desse combate a retaguarda Maragata, comandada por Aparício Saraiva, enfrentou a divisão do Norte, em Lagoa Vermelha.
Observação: As forças do combate de Mato Castelhano ou Português eram comandadas pelo Tenente Coronel Chachá Pereira e pelo Capitão Eleutério José Gonçalves.
Segundo Luiz de Senna Guasina, Diário da Revolução Federalista, pág. 17-
O Combate se deu na picada do Mato Português.
Em 18 de outubro de 1893- Na tarde desse dia as forças do Gal. Lima e as forças de Pinheiro Machado, alcançaram a picada do Mato Português e atacaram a retaguarda do exército de Gomercindo Saraiva. O inimigo foi derrotado neste combate, tendo muitos mortos, enquanto os maragatos tiveram 6.
Combate Mato Português
Ângelo Dourado – Voluntários do Martírio, pags 59 a 61.
Por ordem de Julio de Castilhos, o capitão Chachá Pereira foi intrincheirar-se no Mato Português a fim de atacar o exército de Gomercindo pela retaguarda, pois as forças do general Lima os seguiam de perto. Gomercindo é avisado por Salgado que o inimigo lá se encontrava. Segundo Dourado:
“... Quando cheguei ao acampamento do General Salgado este já estava em marcha; Juca Tigre, na vanguarda, brigava com Chachá Pereira. Uma hora depois recebeu-se comunicação de Juca Tigre, avisando que o inimigo tinha sido batido tendo abandonado tudo: carretas, munições, objetos de uso de família, jóias, etc., etc., e que seguia em perseguição.
Fomos acampar junto á boca da picada do Mato Português e no outro dia à tarde chegamos á Lagoa Vermelha.
...
Na tarde do segundo dia da nossa estada na Lagoa Vermelha, ouvimos descargas no Mato Português. O general Salgado seguio para lá com alguns ajudantes, ficando a coluna em prontidão. Voltou á noite. Era o exército do general Lima que brigava com o de Gomercindo.
A coluna do general Salgado marchou cedo e Gomercindo que chegara á Lagoa Vermelha, pedira-me que ficasse ali para ver os feridos. Ao meio dia chegou a coluna, trazendo grande numero de feridos que só pude ver no acampamento á tarde.
Gomercindo estava contrariado pela demora da coluna e por ter ela brigado sem necessidade. Essa contrariedade porém desapareceu quando soube das proezas que haviam praticado. O combate tinha sido renhido. O major Antonio Nunes Garcia, com seus valentes infantes fazia frente ao inimigo que corria sobre ele em massas compactas para voltarem dispersas. Uma força inimiga veio por dentro do mato para tomar-lhe a retaguarda, encontrando ali desapercebida a nossa força que estava de proteção, fez-lhe fogo e a dispersou...
A força que debandara os nossos, entretinha-se no saque das nossas bagagens, então Aparício mandou tocar carga, e ele só com o clarim os pôs em fuga, matando alguns e salvando não só a bagagem, como os nossos cavalos.
A coluna do general Salgado tomou o caminho da Vacaria, deixando para a direita a de Gomercindo, caminho horrível pelos desfiladeiros e rios de passagem difícil. Gomercindo mandara lhe pedir para logo que eu encontrasse campo apropriado, o esperasse para darem batalha ao general Lima...
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Segundo Wenceslau Escobar
A força legal, na versão de Chachá Pereira, perdeu de 5 a 6 homens mortos e outros tatos feridos, confessando a perda de carroças, cavalos e munições, inclusive bagagens do comandante. O próprio Chachá admite a derrota dizendo que: “cedeu com repugnância o terreno e que o inimigo não usou persegui-lo, apezar de montados em ágeis corcéis, depois de quatro léguas. (Apontamentos da História da Revolução de 1893, pág. 259.)
Hospitalidade do gaúcho - Testemunhado e escrito por Garibaldi:
“ A população é de uma hospitalidade homérica. Ali não carece o viajante de dizer ou pedir nada. Entra em casa, vai direito ao quarto dos hospedes; aparecem os criados sem ser preciso chamá-los, descalçam-no, lavam-lhe os pés . Demora o tempo que quer, sai quando lhe parece , não se despede, agradece quando quer, e tudo isto não impede que os viajantes que vêm depois tenham igual recepçcão”.
(In Maragatos e Pica-paus, Milton Vernalha, pág 211.)
Referências
- ↑ Palestra que realizei em Caseiros dia 17/09/2007