As homenagens ao Pai da História
As homenagens ao Pai da História
Em 31/10/2019, por Eduardo Roberto Jordão Knack
AS HOMENAGENS AO “PAI DA HISTÓRIA”: Francisco Antonino Xavier e Oliveira e o Centenário de Passo Fundo
Eduardo Roberto Jordão Knack [1]
Resumo: O presente trabalho objetiva esclarecer como foi construída a homenagem ao “pai da história” de Passo Fundo, Francisco Antonino Xavier e Oliveira, durante as comemorações do centenário do município em 1957. Com esse objetivo, no transcorrer do texto são desenvolvidas algumas reflexões sobre o sentido das comemorações, suas relações com a memória e com a história. Dentre as fontes utilizadas estão Atas do Centro de Estudos Pró-Centenário (grupo que dá origem ao Instituto Histórico de Passo Fundo), a imprensa local, com textos dos jornais O Nacional e Diário da Manhã, bem como obras comemorativas publicadas no centenário.
Palavras-chave: Antonino Xavier. Centenário. Imprensa Local.
Introdução
O verbo de raiz latina “commemorare” significa tanto “relembrar à memória” quanto “lembrar alguém sobre alguma coisa” (Ankersmit, 2002). Em ambos os casos é o ato da lembrança que está em jogo e não o objeto, a imagem da lembrança. Essa consideração é importante, pois indica que para estudar uma comemoração é fundamental tentar entender o trabalho da memória ou como as lembranças são evocadas nesses momentos, como invadem o espaço público a fim de advertir e/ou orientar os grupos sociais sobre o que se deve lembrar. “Commemorare” estaria entre a memória, seu objeto/conteúdo/imagem por um lado, e a lembrança, o trabalho de rememoração, a anamnese por outro (Ricoeur, 2007). Para mais, sabe-se que a comemoração remete ao passado e assume a pretensão de estabelecer um tipo de comunhão com ele, sugerindo uma aproximação que está ausente nas percepções e interações cotidianas com o tempo.
Autores como Catroga (1998; 2005) e Ankersmit (2002) observam que o repertório de elementos incluídos nas comemorações, como cerimônias, rituais, sacralização das origens, construção/legitimação de um panteão de heróis, revelam um caráter cívico religioso nessas manifestações. Nora (1993) também reconhece uma espécie de dimensão religiosa presente nas comemorações, entendidas por ele como a sacralização de um momento de passagem (especialmente os ciclos de cinquenta, cem, duzentos anos) em uma sociedade que se dessacralizou. Existe um “background cristão” na civilização ocidental que não apenas contribuiu para uma era de comemoracionismos, como também conferiu as bases de sua dimensão religiosa.
Destaca-se que diversas atividades orbitaram as comemorações do centenário passo-fundense: bailes, comícios, cultos, concursos, festividades e desfiles mobilizaram os munícipes em 1957. Logo, essas atividades contribuem para a construção de uma atmosfera (Maffesoli, 2001), um imaginário (Baczko, 1991) comemorativo que possui a sociedade durante as celebrações. As ritualizações e liturgias cívicas da história (Catroga, 1991) não são necessariamente formais, ou seja, compostas apenas por autoridades. Portanto, atividades que são organizadas em função de alguma comemoração, que evocam o conjunto de noções e lembranças que se quer sacralizar na sociedade estão embebidas nesse espírito cívico. Obviamente, para evocar esse espírito com sucesso é necessário que os sujeitos estejam autorizados pelo poder instituído ou pelos grupos que se outorgam essa autoridade.
Cada uma das diversas atividades que orbitam o universo comemorativo instituído podem ser entendidas como um “sociotransmissor” (Candau, 2005; 2012). Essas atividades compartilham representações metamemoriais entre os diferentes sujeitos e grupos que são afetados pelas comemorações. Assim sendo, “a metamemória é por um lado a representação que cada indivíduo cria da sua própria memória, o conhecimento que ele tem dela, e por outro lado, o que ele diz dela. Ela é uma memória reivindicada, ostensiva” (Candau, 2005, p. 99). As diversas atividades comemorativas contribuem para que reivindicações memoriais de determinados grupos ocupem os espaços públicos a partir de “retóricas holistas” (Candau, 2012), discursos que reivindicam a “memória da cidade”, por exemplo. Ostensivamente, essas atividades estendem determinada seleção do passado, como a memória e a história de determinados indivíduos e/ou grupos, para toda uma comunidade.
Uma das atividades que envolveu grande parte da sociedade passo-fundense no centenário foi a escolha da Rainha do Centenário. Cada uma das candidatas representava um clube social de Passo Fundo ou algum tipo de associação. Assim, elas participaram de bailes, desfiles, proferiram discursos na imprensa e em eventos, também foram entrevistadas e avaliadas por uma comissão que envolvia vários tipos de profissionais, como jornalistas, políticos, professores (muitos dos quais participavam de alguma forma da organização das atividades do centenário). Contudo, salienta-se que não foram só as candidatas que discursaram e participaram de atividades públicas, dado que lideranças políticas locais e regionais também ocuparam o espaço público em jantares, bailes em clubes e associações da sociedade civil. Ressalta-se que a ocupação dos espaços por autoridades tem um propósito pedagógico e cívico explícito, tanto quanto a decoração, ornamentação e ordenação de desfiles e aparições públicas em atividades festivas (Catroga, 2005, p. 126).
Um dos destaques no centenário foi a realização da Exposição Agro-Industrial e VII Festa Nacional do Trigo; sublinha-se que o trigo era a principal aposta para o desenvolvimento econômico regional. Portanto, para a organização da festa e das exposições foram construídos pavilhões (indústria, agricultura, cultura) para os expositores industriais, comércio e mostras da cultura local. Essa era uma oportunidade em que a cidade deveria mostrar seu potencial progressista, pois entre os visitantes estavam figuras como o então vice-presidente João Goulart e o governador do estado na época, Mario Menegetthi, além de deputados estaduais e nacionais, jornalistas e agricultores. Consequentemente, “o ponto maior das festividades do centenário foi inegavelmente a 7ª edição da Festa Nacional do Trigo” (Damian, 2007, p. 281). Ademais, a elaboração de um Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, um ponto debatido desde 1953, foi entendida como crucial para apresentar um projeto de cidade apto a receber investimentos. Assim, a definição desse plano, discutido durante quatro anos, ocorreu em função das proximidades do ano do centenário.
Além dessa série de atividades, as publicações comemorativas adquirem espaço central, bem como a eleição e homenagem aos personagens ilustres da sociedade. Salienta-se que as comemorações permitem suprimir distâncias entre o passado, visto que os acontecimentos mais remotos, rememorados em narrativas que adentram o espaço público, aproximam os contemporâneos ao que se busca lembrar e sacralizar como a história e a memória da sociedade. Todavia, não é só o passado que se manifesta no presente com intensidade. O futuro também parece estar ao alcance das mãos. As comemorações que encerram ciclos – cinquenta, cem anos – marcam momentos em que planejamentos e projetos que definem as diretrizes de uma cidade ou de um país são repensados, avaliados e revistos. Dessa forma, as homenagens rendidas nesses momentos com frequência são laudatórias, servindo para justificar e legitimar projetos políticos e econômicos. No caso de Passo Fundo, a expressão capital do planalto, carregada por um espírito progressista, apareceu com força durante a década de 1950 e representava um futuro de progresso que já havia sido alcançado – ou estava muito próximo a isso.
Ozouf (1995) reconhece a dupla abertura que uma comemoração apresenta, abrindo portas tanto para a dimensão do ontem quanto para o reino do amanhã. Só se comemora aquilo que os contemporâneos entendem como importante para o presente, isto é, algo que tenha, de alguma forma, deixado marcas e/ou rastros de experiências que indicam a existência de um passado comum. Sem os rastros do passado (Ricoeur, 2007), não existe o que comemorar. No entanto, como indica Ozouf (1995, p. 217), “prenúncio do futuro, a festa fornece, por outro lado, como que uma aproximação deste”, ou seja, a festa também traz em seu bojo relances do futuro, daquilo que se projeta como ideal para sociedade (de acordo com a visão do grupo que ocupa o poder necessário para projetar e organizar uma comemoração), ou então se espera a reprodução das glórias de um passado que já aconteceu. Assim, o sentido atribuído ao passado, presente e futuro varia de acordo com a percepção que uma comunidade tem sobre sua experiência temporal, ou, tal como Hartog (2003; 2013) define, de acordo com o regime de historicidade que pauta a interpretação das categorias temporais.
O regime de historicidade pode ser entendido como “uma formulação erudita da experiência do tempo que, em troca, modela nossa forma de dizer e viver nosso próprio tempo” (Hartog, 1996, p. 129). O olhar para o passado pode ser carregado de nostalgia, de saudades de um tempo perdido, ou então pode ser vislumbrado como superado, atrasado. Por sua vez, o futuro também pode carregar diferentes significados, visto que pode carregar a esperança de dias melhores, de uma sociedade utópica, ou amedrontar aqueles que o imaginam. Já o presente também muda de acordo com a experiência temporal de uma sociedade, pode ser completamente obliterado pelo passado ou pelo futuro, ou pode ofuscar completamente qualquer outra perspectiva nostálgica ou futurista. Portanto, regimes de historicidade influenciam a percepção dos sujeitos sobre o tempo, orientando o encadeamento das categorias temporais, é um instrumento que permite desnaturalizar os sentidos atribuídos ao tempo, bem como suas materializações, tal como o anseio em comemorar ciclos de cinquenta ou cem anos.
Leduc (1991) demonstra que a consolidação de comemorações que encerram um período de cem anos data da época de Napoleão na França, ou seja, essa forma de comemorar tem sua própria historicidade. É nesse contexto que “século” passa a configurar um conjunto de acontecimentos vitais para um país ou mesmo o período de vida de um personagem histórico. As celebrações de centenários adquirem essa característica de redução de distâncias temporais também na França, com as comemorações republicanas dos cem anos do aniversário de Voltaire e Rousseau, em 1878, e se solidifica com a comemoração do centenário da Revolução Francesa, em 1889. Já em 1900, a passagem de um século ao outro passa a envolver, de forma mais clara, as noções de “retrospectiva” e “prospectiva” no ambiente do “fin de siècle” (Leduc, 1991).
Catroga (2005, p. 108) indica que foram os positivistas republicanos franceses que “melhor definiram o significado social de uma festa que era, em última análise, um culto cívico dos mortos”. As comemorações cívicas eram entendidas como manifestações que asseguravam a continuidade histórica da sociedade, estabelecendo uma ponte entre passado, presente e futuro. Ademais, as festividades adentram o âmbito de uma religiosidade civil, “cuja função é de produzir consensos, integrando ou incluindo indivíduos (ou as comunidades) no todo nacional” (Catroga, 2005, p. 112).
Consequentemente, a exaltação do local pode ser entendida como uma tentativa de inclusão de uma cidade/localidade no todo nacional. O local, no caso a cidade, se transforma no altar onde a pátria se manifesta, o que implica a necessidade de rituais cívicos e a eleição de sujeitos que conferem corpo ao passado, que exemplificam aquilo que se está celebrando, corporificando os ideais nacionais. Em Passo Fundo, foram selecionados alguns personagens que passaram a ilustrar o sentimento de pertencimento que dá corpo ao patriotismo. No presente trabalho, é observado especificamente a eleição do “pai da história” passo-fundense, que adentrou o panteão dos homenageados nas comemorações do centenário ainda em vida.
Francisco Antonino Xavier e Oliveira, historiador passo-fundense homenageado no centenário da cidade, nasceu em 1876, em Passo Fundo, trabalhou no comércio e exerceu diversas atividades na vida política local, como escrevente do Conselho Municipal em 1896, promotor interino da Comarca em 1899, escrivão do recenseamento federal em 1900, secretário municipal em 1901, juiz distrital em 1909 e vice-intendente municipal, entre 1911-1912, na gestão de Gervasio Lucas Annes (liderança do PRR na cidade). Além disso, em 1923 fundou o Hospital da Caridade e em 1924 foi secretário da intendência novamente na gestão de Nicolau Araújo Vergueiro, em 1925 retorna ao cargo de juiz municipal, já em 1945 foi nomeado prefeito pelo governador do estado, permanecendo no cargo até 1946, também realizou atividades como advogado até 1950, quando se aposentou. Sua atuação se estendeu a outros municípios, visto que foi membro de uma sindicância no município de Cruzeiro e participou da organização da contabilidade do município de Chapecó em 1932. Dentre as atividades culturais, elaborou o primeiro mapa geográfico do município, foi professor municipal, redator e colaborador de diversos jornais, como O Gaúcho, A Voz da Serra, O Nacional e O Exelcior, ainda foi diretor do primeiro órgão espírita de Passo Fundo, fundado em 1948. Para mais, foi membro do Clube Político Pinheiro Machado (de orientação republicana), do Grêmio de Letras e presidente de honra do Instituto Histórico de Passo Fundo. Se dedicou à pesquisa e escrita da história municipal, publicando várias obras ao longo dos anos, seu primeiro livro é de 1908 e intitula-se Annaes do Município de Passo Fundo. Antonino faleceu em 1959 com 83 anos de idade (Nascimento; Dal Paz, 1995).
O “pai da história”
Uma das publicações comemorativas do centenário de Passo Fundo, o Passo Fundo Centenário, Guia Turístico, Literário e Comercial, organizado por Pery de Oliveira, mas com participação de jornalistas locais, como Wilson Garay, apresenta louvados elogios ao “pai da história” passo-fundense, Francisco Antonino Xavier e Oliveira. Essa homenagem rendida ao historiador revela diferentes significados sobre a atuação e trajetória desse personagem que marca a historiografia local e a vida política da cidade. Na segunda página do capítulo que abre essa publicação, intitulada Sôbre a História Municipal, a homenagem é tecida:
Estamos certos de não cometer despautério ao laboráramos o seguinte silogismo: Heródoto está para a História Antiga assim como Francisca Antonino Xavier e Oliveira está para a História Passo-fundense. O trabalho dêsse homem ilustre e sua dedicação a esse mister são admiráveis. Em seus livros, fomos encontrar subsídios para a compilação desta apagada resenha de nossos fatos. Este notável escritor é passo-fundense de gema, contando hoje 81 anos bem vividos, todos passados no sadio cumprimento do dever, nos diversos misteres que exerceu, desde professor, juiz até prefeito local. Acime de tudo, dedicou sua vida a Passo Fundo e à sua história, sendo vasta a sua obra literária, da qual citamos os seguintes livros: Anaís do Município de Passo Fundo, Por uma Grande Obra, Pelo Passado, Terra dos Pinheirais, Cartas Gaúchas, Poemetos, Seara Velha, Apostilhas Geográficas, Oração ao Mate, Rememorações do Nosso Passado, O Elemento Estrangeiro no Povoamento de Passo Fundo, O Município de Passo Fundo Através do Tempo, Passo Fundo na Viação Nacional, etc. (os 4 últimos ainda existentes nas livrarias). F.A.X. e Oliveira nasceu na Fazenda dos Três Capões, no primeiro distrito deste Município e sempre residiu nesta cidade (Xavier e Oliveira, 1957, p. 11).
A localização desse trecho dentro da publicação é tão importante quanto o texto laudatório ao personagem. Xavier e Oliveira é colocado ao lado de nomes que integram o panteão de homens ilustres da história municipal, como o Cabo Manoel José das Neves, responsável pela fundação do povoado em 1827, e Joaquim Fagundes dos Reis, o “patriarca de Passo Fundo”, responsável pela emancipação política da cidade (de acordo com as indicações do próprio guia). As comemorações podem ser entendidas como ritualizações da história (Kraay, 2007; Catroga, 1998; 2001; 2009), momentos em que determinados sujeitos selecionam acontecimentos, lugares e personagens para corporificar a história de uma sociedade. A seleção de personagens, de “heróis” (e “vilões”) da história, se não é construída nesses momentos, acaba sacralizada, legitimada publicamente. De acordo com Monteiro (2006, p. 28):
A memória articula-se através de espaços e tempos privilegiados, sobre os quais a “luz” incide com maior intensidade sobre certos sujeitos (nomes), tempos (datas) e lugares (espaços), enquanto outros permanecem na penumbra, numa gaveta mantida cuidadosamente fechada para que de lá não aflorem contradições, incertezas e instabilidade (Monteiro, 2006, p. 28).
Assim, no centenário de Passo Fundo emerge a figura do fundador, do patriarca e do “Heródoto” – o pai da história. No entanto, essa homenagem não foi fruto da ocasião ou do momento, tampouco apareceu apenas pela inspiração do autor, o título de “pai da história” foi maturado por uma instituição que nasceu para colaborar e auxiliar na organização das festividades do centenário: o Centro de Estudos Pró-centenário de Passo Fundo, que viria a se tornar o Instituto Histórico de Passo Fundo. Comemorações cívicas exaltam uma memória nos cenários públicos, estimulam sentimentos de pertencimento, que podem ser definidos como “sentimentos quentes” (Catroga, 2007) quando associados a uma dimensão paternal sobre o passado. Paternalismo presente tanto nas homenagens aos homens ilustres (patriarca, pai) quanto nas próprias obras publicadas por Xavier e Oliveira, que são construídas por uma narrativa mergulhada em um saudosismo, uma nostalgia pelo passado passo-fundense e exaltação ao município, percebido como um “altar da pátria”. É “a partir da idéia e do sentimento de pátria que comunidades e grupos narram a história que os identifica (e os constrói) como famílias alargadas e como comunidades étnicos culturais”, narrativas que são tecidas com uma “linguagem mais lírica, afetiva e interpeladora que a exprime e metaforiza-a como um corpo moral, mítico e místico” (Catroga, 2007, p. 13-14). É como se cada indivíduo que recebeu o legado do passado estivesse ligado a um projeto comum que o carregou até aquele momento e que deve perdurar para as gerações futuras, “o diálogo entre presente e o passado quase anula o distanciamento entre o sujeito e o objecto” (Catroga, 2009, p. 22). Assim, tem-se como o sujeito os contemporâneos, tanto os organizadores (o Centro de Estudos Pró-centenário, por exemplo) quanto os autores e os leitores das obras comemorativas; e como o objeto aparecem os homens ilustres, os pais, os patriarcas, os fundadores, em suma, todos aqueles que adentram o panteão comemorativo. Portanto,
nesta dimensão, a memória só pode ser narrada na linguagem pública e instituinte do rito, pois comemorar, na acepção que melhor cumpre o acto vivificante do recordar, é sair da autarcia do sujeito (manifestação potencialmente patológica) e integrar o eu na linguagem comum das práticas simbólicas e comunicativas (Catroga, 2009, p. 22).
A construção/legitimação de uma memória (ou metamemória, como sugere Candau) que almejou o status de coletiva, foi promovida pelo Centro de Estudos Pró-centenário. De acordo com o Livro de Atas do Centro de Estudos Pró-centenário de Passo Fundo, a primeira reunião desse centro ocorreu em abril de 1954. Participavam desse grupo intelectuais como Jorge Cafruni, membro do Grêmio de Letras e jornalista vinculado ao jornal O Nacional; Gomercindo dos Reis, advogado e político passo-fundense, também membro do Grêmio de Letras, que além de participar da organização dos festejos publica algumas obras em homenagem à cidade [3], entre outros integrantes [4]. Mas foi Cafruni juntamente com um parceiro no empreendimento das atividades culturais na cidade na década de 1950, Emilio da Silva Quadros, que organizaram esse centro de estudos. Também participavam integrantes do poder público, como Daniel Dipp, prefeito pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) naquela ocasião, e Wolmar Salton, que viria a ser o prefeito no momento das comemorações em 1957, também pelo PTB. Outro nome que aparece com frequência em diferentes publicações é o de Arthur Süssembach, colunista de O Nacional e autor do Hino do Centenário de Passo Fundo. O centro recebeu apoio de várias outras personalidades com peso político e econômico na cidade e região, como Nicolau de Araújo Vergueiro, Mucio de Castro, Ney Menna Barreto, Deoclides Czamanski, fotógrafo local, Reissoly Santos, entre outros. A primeira ata do Centro de Estudos Pró-centenário, intitulada Preliminares, inicia com uma justificativa sobre a necessidade de se estabelecer o centro em virtude da proximidade das comemorações. Isto é, com o centenário se aproximando, emergia a necessidade de se dedicar aos estudos históricos da cidade:
Passo Fundo, no limiar de seu primeiro centenário, não possue ainda um centro de estudos históricos, com a finalidade de coligir, metodizar, publicar ou arquivar os documentos concernentes ao seu passado, que tanto proveito traria ao conhecimento das nossas coisas, para utilização não apenas dos contemporâneos, como igualmente das gerações futuras (Livro de Atas, Ata nº 1, 1954, p. 1).
A ata indica que o trabalho de coletar informações, classificar e “dissecar” os dados do passado, “[...] esse trabalho árduo de pesquisas, anos após anos; esse trabalho de ordenação, selecção e laboração e divulgação esteve, até aqui, a cargo de um único homem” (Livro de Atas, Ata nº 1, 1954, p. 2), ou seja, de Francisco Antonino Xavier e Oliveira. Esse “venerado” cidadão, de acordo com o Livro de Atas, se encarregou sozinho da pesquisa sobre o passado e de publicações de obras de história sobre o município entendidas como basilares por reunirem abundantes informações sobre a região, desde o início da ocupação do território até aquele momento. Essa seria a razão “pela qual podemos, com justiça, considerá-lo Pai da História Passo-fundense” (Livro de Atas, Ata, nº 1, 1954, p.1). O jornal O Nacional, que tinha Cafruni como editor – intelectual que transitava, portanto, entre o centro de estudos e a imprensa –, reforçava o elogio ao historiador:
A todos, apresenta como exemplo a figura venerada do grande passo-fundense sr. Francisco Antonino Xavier e Oliveira, pelos seus trabalhos exaustivos e dignificantes, voltados para a sua terra natal, cujo passado traçou em obras imortais que constituirão a base e fundamento dos demais trabalhos que serão levados a efeito. Na verdade, ninguém pode esquivar-se ao dever de prestar sua colaboração e seus préstimos, quando se procurar esclarecer o nosso glorioso passado, enriquecendo sobremaneira a história do Rio Grande do Sul [5].
A trajetória de Xavier e Oliveira era mesclada com o próprio passado ao qual ele se dedicava a estudar; sua doação para a história era sua doação para o município. Sublinha-se que as comemorações de um centenário implicavam a eleição de seu panteão de homens ilustres e de seus feitos. Nesse sentido, Xavier e Oliveira foi uma dupla referência. Posto que suas obras serviram de base para os membros do Centro, e sua vida constituiu exemplo de entrega e de civismo, servindo para a divulgação das comemorações e apelo à entrega de outros cidadãos e dos poderes públicos na organização dos festejos. Seu nome, sua obra e seu exemplo deveriam configurar um legado para as gerações futuras. Afinal, “na obra do ‘grande homem’, é a história que se revela, pelo que a aferição da sua magnitude pertencerá à posteridade, quer dizer, ao momento do futuro de que ele mesmo terá sido o primeiro dos precursores” (Catroga, 1998, p. 221). Portanto, o historiador passa a constituir, ainda em vida, um dos personagens selecionados para compor a memória local.
Gomercindo dos Reis continua com as homenagens ao patrono da história passo-fundense. Em sua obra Nuvens e Rosas, em diferentes momentos, elogios e versos são dedicados ao historiador. Além das homenagens prestadas ao “pai da história”, Reis também o tem como uma referência para suas considerações históricas sobre o município. Em vários dos versos sobre a antiga cidade, temas abordados por Xavier e Oliveira são retomados em suas páginas, como nas descrições sobre o bairro Boqueirão e a localização da primeira capela. Reis (1957a, p. 9) indica a todos que “leiam as valiosas obras do ilustre historiador passo-fundense, sr. Francisco Antonino Xavier e Oliveira” para conhecer a história de Passo Fundo, pois ele é considerado “um dos seus filhos mais ilustres.” A recomendação da leitura das obras do “pai da história” não ocorre apenas em função de seu valor histórico, mas também por ser ele um exemplo de munícipe.
Em trecho completo, Reis diz:
Para que os meus contemporâneos e as futuras gerações saibam como foi feita a emancipação política, social e econômica do município de Passo Fundo; para que todos tenham um necessário e perfeito conhecimento da sua evolução, do seu progresso, das maravilhas e dos encantos desta terra, eu sugiro a todos – homens e mulheres, velhos e jovens – que leiam as valiosas obras do ilustre historiador passo-fundense, sr. Francisco Antonino Xavier e Oliveira. A todo o professorado, de todos os estabelecimentos de ensino, tanto do curso primário como do secundário, eu faço apêlo para que leiam essas obras e as transmitam aos seus alunos a fim de que conheçam a história de Passo Fundo. Ela foi escrita, com amor e carinho, por um dos seus mais ilustres filhos (Reis, 1957a, p. 9-10).
A obra e o homem se confundem. Os livros do historiador homenageado devem, de acordo com Reis, servir como um guia para o conhecimento da história do município e, para além, o elogio ressalta que foi escrito por um de “seus mais ilustres filhos” [7]. As homenagens não se restringem aos livros e sua indicação para a leitura de professores e alunos da cidade. O poema Passo Fundo de Outrora é dedicado a Xavier e Oliveira: “Ao meu prezado amigo e ilustre historiador conterrâneo Francisco Antonino Xavier e Oliveira, esta minha modesta e sincera homenagem” (Reis, 1957a, p. 45). Segue o poema:
Quanta beleza que havia
Naquele romper da aurora,
Cheio de encanto e poesia
Da Passo Fundo de outrora!
Quando me vinha um bafejoDa primavera ou verão,
Sempre se ouvia um realejo
No meu velho Boqueirão...
Na Passo Fundo adorada,De uma esperança infinita,
Minha sorte era tirada
No bico da caturrita...
Com minh’alma sonhava,Pelas estradas sem fim,
Quando a guitarra tocava
Nos ranchinhos de capim!
No alegre florir dos anosDa Passo Fundo de outrora,
Não havia os desenganos,
Nem as tristezas de agora.
Tinha minh’alma enlevadaNo violão de algum cantor,
Quando ouvia uma alvorada,
Belas cantigas de amor...
Naquela vila poética,Das florestas e dos campos,
Não havia luz elétrica:
Tinha a luz dos pirilampos.
Quanta beleza que haviaNaquele romper da aurora,
Cheio de encanto e poesia,
Da Passo Fundo de outrora!
(REIS, 1957a, p. 45-46).
A linguagem lírica, como explica Catroga (2007), faz parte dessa forma de ritualização da história. A poesia pretende exaltar o sentimento de amor pela cidade que comemora seus cem anos. Exaltação que, embora direcionada ao local, afirma uma devoção à nação, atesta ao espírito cívico e, Xavier e Oliveira, eleito um dos moradores ilustres, é o mediador dessa operação. Exaltar o pai da história não significa exaltar apenas o homem, representa a exaltação da própria pátria que o herói eleito encarna. O poema Minha Terra também exemplifica a exaltação da terra por intermédio do herói, no caso, a exaltação de Passo Fundo por intermédio de Xavier e Oliveira:
Esta terra da minh’alma
Não precisa ter roseira:
Há uma rosa em cada face
Das mocinhas feiticeiras
Esta terra da minh’almaTem por arma o guamirim;
Tem cavalo, espada e lança,
Tem heróis, na luta, enfim.
Esta terra da minh’almaFoi sitiada em “Vinte e Três”.
Cuidado que os maragatos
Querem cerca-la outra vez!
Esta terra da minh’almaJá cumpriu o seu mister,
Tendo Prestes Guimarães,
Tendo Antonino Xavier.
(Reis, 1957b, p.105).
A repetição de algumas imagens literárias, como alma e terra, relacionadas ao personagem da homenagem, exemplificam a exaltação da cidade por intermédio do herói. Mais que isso, ocorre uma fusão entre o herói e a terra, vinculando a alma ao lugar. O primeiro poema, Passo Fundo de Outrora, exalta a terra, a natureza, o clima, a beleza da paisagem, da “vila poética” que foi Passo Fundo, cidade que em 1957 já assumia o título de “capital do planalto”, um futuro que se fazia presente. Assim, Xavier e Oliveira, no primeiro poema, é associado aos aspectos poéticos que configuram a paisagem natural de sua terra, bem como ao passado do qual faz parte, um tempo de simplicidade, mas de belezas e encantos. Já o poema Minha Terra, embora não seja dedicado ao pai da história, finaliza elencando Xavier e Oliveira como um herói de uma terra que enfrentou revoluções, conflitos e lutas que fizeram emergir heróis que devem ser homenageados.
Considerações finais
As homenagens tecidas ao pai da história passo-fundense foram construídas por um grupo (o Centro de Estudos Pró-Centenário – Instituto Histórico) que congregava, naquele momento, lideranças políticas da região e uma elite letrada da cidade. Homenagear Xavier e Oliveira em vida ia ao encontro das diferentes visões de mundo presentes no grupo. Aos homens da política, homenagear um personagem que teve uma atuação política destacada, ocupando vários cargos e posições no município e região, reforçava a ideia de entrega e de sacrifício pela vida pública. O reconhecimento dessa entrega de Xavier e Oliveira revela tanto da história de sua vida como também ilumina os presentes que se reúnem durante as comemorações. Já a elite letrada conseguia consagrar um professor, historiador e autodidata em várias áreas como patrono da história e de seu grupo (o Instituto Histórico). Portanto, cabe reconhecer que a eleição de Xavier e Oliveira como “pai da história” não se deve apenas ao seu pioneirismo em desbravar o passado, mas também se atribui a sua trajetória política.
Para mais, é necessário observar que sua escolha como um dos patronos do centenário, ao lado de figuras como o Cabo Neves e Joaquim Fagundes dos Reis, é uma decisão de grupos urbanos que reproduzem uma visão de mundo, uma apologia da ação colonizadora do passado (Bosi, 1992) empreendida por europeus, luso-brasileiros particularmente, que se faz presente nas obras de Xavier e Oliveira. Em contrapartida, nativos que resistiram ao processo de colonização, escravos rebeldes e caboclos não são mencionados nas comemorações e nem nas obras do historiador (aparecem como sujeitos passivos e/ou entraves para a “civilização”) que servem como lastro para a pesquisa histórica dos contemporâneos do centenário, como Gomercindo dos Reis indica.
Em suma, a construção da memória em uma comemoração busca sempre o consenso – e procura estabelecê-lo entre os diferentes grupos inseridos na comunidade, funcionando como uma espécie de cimento social. Portanto, a busca por um entendimento tende a ignorar problemas que possam ressaltar tensões, conflitos e atritos sociais, contudo, isso não significa que se tenha sucesso nessa tarefa. Como reconheceu Pollak (1989), em muitos casos os silêncios contribuem para direcionar lembranças suprimidas aos subterrâneos da memória. Afinal, a memória dos nativos, caboclos e descendentes de escravos não foi soterrada; obliterada por essa visão de mundo colonizadora, ela sobreviveu. Cabe ressaltar que essa visão não era uma particularidade de Xavier e Oliveira, era uma atmosfera que pairava sobre a historiografia da primeira metade do século XX e que promoveu verdadeiro genocídio historiográfico no Rio Grande do Sul (Golin, 2007).
Também é possível observar que o título “pai da história” corresponde a uma faceta de uma “retórica holista”, uma “metamemória” (Candau, 2012), ou seja, um discurso memorial reivindicador, ostensivo, que afirma memórias dos sujeitos que estão envolvidos na consagração do panteão de personagens ilustres da cidade. As homenagens figuram como instrumento na construção dessas memórias que almejam ganhar espaço no cenário público, por isso são ostensivas, reivindicam um espaço no meio de outras possibilidades que foram ignoradas pelas seleções operadas pelos responsáveis pelas comemorações.
No caso em questão, a memória de Xavier e Oliveira adentra o espaço público por duas vias – a da homenagem prestada, que o consagra no panteão dos patriarcas locais, e pela publicação de suas obras, que são recomendadas pelos seus contemporâneos para leitura nas escolas da cidade. A publicação Passo Fundo Centenário, Guia Turístico, Literário e Comercial é um exemplo dessas duas vias de ocupação do espaço público. A homenagem prestada ao “Heródoto” passo-fundense é acompanhada pelo reconhecimento de que suas obras constituíram o subsídio para os textos e comentários sobre a história do município na publicação.
Referência
- ↑ Graduado e Mestre em História pela Universidade de Passo Fundo. Doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Pós-Doutorado em Memória Social e Patrimônio cultural pela Universidade Federal de Pelotas. Professor Adjunto do Curso de História da Universidade Federal de Campina Grande. Temas de interesse: memória, patrimônio, comemorações e cidades.
- ↑ Graduado e Mestre em História pela Universidade de Passo Fundo. Doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Pós-Doutorado em Memória Social e Patrimônio cultural pela Universidade Federal de Pelotas. Professor Adjunto do Curso de História da Universidade Federal de Campina Grande. Temas de interesse: memória, patrimônio, comemorações e cidades.
- ↑ Obras como Nuvens e Rosas (Reis, 1957a) e Jardins de Urtigas (Reis, 1957b).
- ↑ De acordo com os Documentos do Instituto Histórico de Passo Fundo, estes eram seus sócios fundadores: Jorge Edethe Cafruni (jornalista); Pedro Silveira Avancini (advogado); Romulo Cardoso Teixeira (advogado); Pedro Pacheco (advogado); Aquelino Translatti (advogado); Gomercindo dos Reis (corretor); Deoclides Czamanski (fotógrafo); Raul Lima Langaro (comerciante); Reissoly José dos Santos (juiz de direito); Cesar Santos (médico); Daniel Dipp (advogado); Oswaldo Optiz (juiz de direito); João Bigois (juiz municipal); Ney Menna Barreto (advogado); Verdi de Cesaro (advogado); Celso da Cunha Fiori (advogado); Wolmar Salton (industrialista); Sady Machado da Silva (pastor metodista); Sabino Santos (professor); José Gomes (vigário); Jacob Stein (vigário-coadjutor); Pindaro Annes (proprietário); João Cony (ruralista); Aurelio Amaral (professor); Nilo Porto Silveira (comerciante); Italo Goron (promotor público); Ney Vaz da Silva (industrialista); Mauro Machado (advogado); Mucio de Castro (jornalista); Derly Lopes (radialista); Emilio da Silva Quadros (jornalista) (Documentos do Instituto Histórico, 1954). É importante reparar na formação profissional dos sócios, a maioria são advogados, contendo também médicos, jornalistas, professores, comerciantes, etc. Salienta-se que todas são profissões eminentemente urbanas. Ademais, de uma forma geral, os participantes ou eram profissionais liberais, autônomos, ou proprietários de seus próprios negócios. Alguns ocupavam cargos públicos, como juízes e o promotor, outros ocupavam cargos políticos importantes, como vereadores e prefeito. Enfim, configuram um grupo urbano que constituía uma elite intelectual e política com influência nos rumos do planejamento econômico municipal.
- ↑ O NACIONAL, 14 abr. 1954, p. 1.
- ↑ Graduado e Mestre em História pela Universidade de Passo Fundo. Doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Pós-Doutorado em Memória Social e Patrimônio cultural pela Universidade Federal de Pelotas. Professor Adjunto do Curso de História da Universidade Federal de Campina Grande. Temas de interesse: memória, patrimônio, comemorações e cidades.
- ↑ Os livros publicados por Xavier e Oliveira em 1957 eram um conjunto de trabalhos que reuniam artigos e textos que ele escreveu ao longo da primeira metade do século XX. Não eram originais, mas foram publicados com apoio e estímulo do Centro de Estudos Pró-centenário (o Instituto Histórico de Passo Fundo) e pela Prefeitura Municipal. As obras foram amplamente divulgadas na imprensa, nos dois periódicos locais (O Nacional e o Diário da Manhã), conforme exemplifica esse anúncio: “LIVROS SOBRE A HISTÓRIA DE PASSO FUNDO de autoria de Francisco Antonino Xavier e Oliveira: O MUNICÍPIO DE PASSO FUNDO ATRAVÉS DO TEMPO, estudando o território, a população e a organização política da terra passofundense. Cr$ 15,00 o volume. O ELEMENTO ESTRANGEIRO NO POVOAMENTO DE PASSO FUNDO, apontando e descrevendo, um a um, os estrangeiros que, até a chegada da Estrada de Ferro, vieram trazer o seu concurso à edificação do progresso do Município. Cr$ 15,00 o volume. PASSO FUNDO NA VIAÇÃO NACIONAL, em que é descrito o desdobramento das vias de comunicação do Município, encarado nos seguintes capítulos: Estradas Históricas uma velha aspiração de Passo Fundo, Ainda a Estrada de Porto Alegre, A exploração do Sertão do Uruguai, Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, Passo Fundo no Plano rodoviário do Estado, Do Goioen, Aviação, correio, Telefone e A Carreta. Cr$ 30,00 o volume. REMEMORAÇÕES DO NOSSO PASSADO, em que aparecem o papel de Passo Fundo e se descreve a campanha abolicionista, o desdobramento da política republicana, o estado em que se achava Passo Fundo em 1888, o serviço judiciário, a colonização do Município e finalmente a história do trigo em Passo Fundo. Cr$ 20,00 o volume.” (DIÁRIO DA MANHÃ, 19 maio 1957, p. 2).