Arte pela arte
Arte pela arte
Em 08/08/2018, por Tânia Du Bois
Fazer parte do mundo das artes é descobrir luzes e sombras, que jogadas sobre a tela expressam, revelam ou escondem a alma do artista. O passado e o presente se misturam no cotidiano acelerando os sentidos na valorização da significação imagética como bem cultural. Nas palavras de Antonio Cicero, “... Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la / por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado”.
A arte pela arte é o grande momento, está ali descolada, endereçada pelo tempo na criação e na consideração por repor a identidade do artista plástico, no caso, Maria Lucina Busato Bueno, cuja obra é marcante no manter as cores e traços, ao desdobrar claridades ao distribuir traços que nos levam à liberdade; evidencia variáveis que adicionamos ao intelecto e mobilizamos na imaginação, fatores que ela optou por ensinar e pintar.
Maria Lucina busca revelar as semelhanças nas diferenças, através de tintas naturais que, na sua apreciação, “Por tintas naturais estende-se tintas obtidas da natureza, que, como as demais, são compostas por pigmentos e aglutinantes, possuindo característica de opacidade ou transparência”.
Artisticamente, espalha conhecimento de “pintura e confecção” através de suas obras técnico-literárias: Pintura Artística e Vivências do Fazer Pictórico com Tintas Naturais, onde também se preocupa com as ilustrações para maior compreensão do leitor, como processo de experimentação e diálogo.
Nas obras encontramos a resignificação do seu trabalho que, no conjunto de trabalho, potencializa a sua “poesia visual”, pois, transpira um processo de envolvimento emocional e interpretação, estimulado pela reflexão como referência dos critérios utilizados em suas obras; também, oferece ao leitor e espectador múltiplas possibilidades de leitura.
Dentro de seu contexto, constrói através das experiências, ao mesmo tempo em que aborda objetivos estáticos no captar o cotidiano como forma de ativar o significado da arte. Nas suas palavras, ”As manifestações no processo artístico acontecem quando os materiais são conhecidos e ordenados conforme a sensibilidade, as emoções e as vivências do ser...”.
Maria Lucina traz a transformação através das tintas naturais; explora imagens de novos mundos, propostos em obras de diferentes gêneros, potencializando referenciar sua capacidade artística com as diversas técnicas empregadas. Expande o alcance de suas experiências transformadoras através de projetos realizados com matérias primas de origem vegetal e animal.
Está integrada, pela sensibilidade, com os meios para a realização de trabalho original, de rara e positiva expressão plástica, no processo do linguajar artístico com conceitos culturais, em que expressa “o fato de poder criar beleza com elementos extraídos da natureza que nos rodeia, representa a realização de potencialidades espirituais do ser humano, porque é através da arte que nossa humanidade atinge o que há de mais profundo em nossa sensibilidade”.
Maria Lucina Busato Bueno, com olhar privilegiado e técnica inconteste, vive a arte pela arte, sem abstrair de sua obra a visão humana e realista do mundo que a cerca. Repira emoção e conhecimento. Surpreende com técnicas inovadoras que semeiam o percurso original na expressão artística, entre a produção e a imaginação. Compartilha dados de múltiplas etapas no domínio das linguagens plásticas. Indiscutivelmente, equilibra conhecimento e cotidiano, de maneira convidativa e acessível com o objetivo de nos envolver diante do novo. Para o crítico Jacob Klintowitz, “O essencial para a arte é a própria arte”.